As mulheres saíram às ruas para
protestar contra a falta de pão. Os homens as seguiram no fim da tarde para
derrubar o czar. Os cavalos avançaram sobre a multidão, muitos foram feridos e
presos. A massa não desistia. O poeta tentava ordenar isso tudo em protesto contra
a prisão e o desaparecimento dos principais líderes de 1917. “Ao seu redor, um
bando de burocratas submissos”. Faixas. “Liberdade ou morte”. Mortos, e a
rebelião continuava. Motim dos soldados. O poema lido nos bares fez com que a
polícia o buscasse na casa de repouso onde se tratava de uma crise nervosa.
Escreve um bilhete à mulher pedindo roupas quentes, que nunca recebeu. Seus
amigos tentavam intervir. Milhares de “terroristas” estavam sendo fuzilados. “Uma
montanha de cachorros mortos” – disse o ditador. Um escritor, que passou mais
de dez anos preso num arquipélago, descreve sua morte de fome e de frio.
Afonso Lima
Afonso Lima
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