cinza sem nevoeiro
artista carniceiro
agitar o coração
pós-concretista
pelas árvores desarvoradas
herança do mal
catedral de ossos
palmeiras explodidas
não não é verão
cinza como um dia
rei devorador
tupi sem alaúde
devido ao sucesso
conspiração rearmada
belle époque 300 chineses
em quartos sujos
grita - foi morto?
trabalhador? pai de família?
vagabundo um a menos - a moça bonita
morador de rua assiste lanche
na calçada
o progresso devora
a avó pé no chão na caliça
lê pouco a empregada
cidade sitiada
a filha sem professor
sem rima possível
escola ruína
bala perdida?
era uma vez é ainda
é a noite que nos iguala
à beira do abismo
tocam por nós os sinos
os que se foram
caminham pelo mundo
o retorno - o nome,
o crime, o sonho
o mesmo
ódio guardado
como nossos pais
tem muito medo
em pedaços
velho rico
novo rico
medo do sem livro
demolição inacabada
cada novo olhar
possa recriar
folhas verdes
nação
Afonso Lima
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