O homem levanta a mão branca. As paredes têm um papel de parede desmaiado. As cadeiras resistem em carvalho centenário.
- Há trinta anos vocês eram jovens soldados. Jovens soldados em chamas e eu os acolhia atrás desse balcão.
Alguém pede amendoim.
- Quem diria? Quem diria?
Eles começam a cantar um hino. Um velho corretor de seguros, desmemoriado, pede um brinde para ela.
- Eu sinto pena de vocês. Cabelos brilhantes. Relógios de prata. Até botas envernizadas com cuidado. Que cruel. Tudo coberto dessa poeira cinzenta. Veja, as árvores ficam brancas e depois ficam vermelhas. Mas vocês. Não pensem que me esqueço. Não pensem que deixarei vocês na mão. Olhem. A lua está chegando. Ele virá. Vamos dançar. Vamos dançar e aguardar.
Afonso Lima
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