As pessoas da aldeia o avisaram: quando se entra no outro mundo o tempo é diferente. Fazer o quê? Janockyl tinha 16 anos e tinha de subir a montanha, desafiar um perigo, trazer algum tesouro pra seu povo e virar um herói. Ele entrou no lago e quando saiu, percebeu que era tudo outra coisa.
Mas agora vinha o dragão falando em direitos dos seres monstruosos.
- Essa coisa de ficar pendurando cabeças na parede demonstra apenas ignorância.
Ele se sentia desmotivado. Um coro de pássaros de penas de fogo reforçavam a opinião e as cobras douradas intervinham com exemplos ancestrais.
- Os modernos falam muito de Hércules, que arrasta os monstros do inferno - disse a cobra de asas - mas os antigos gostavam mais de Ganimedes que, dançando nos montes com seus amigos, foi levado por Zeus para o Olimpo.
- Eu não posso chegar em casa sem nada. Vão dizer que sou uma criança e rir de mim - disse Janockyl.
O dragão lhe deu um de seus chifres.
Quando voltou, as pessoas pareciam diferentes. O tempo havia passado para elas.
- Não se pensa mais nessas coisas, disse a irmã, já uma moça. Agora estamos pensando em como salvar os animais que não têm mais onde morar porque cortaram as árvores.
Janockyl decidiu sair pelo mundo e, na lua cheia, seguiu para o Norte.
Afonso Lima
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