Sobre a cidade-fortaleza, uma tristeza pairava como névoa.
Nós vivíamos isolados da cidade, todos que trabalhavam conosco eram da República, éramos apenas uma base militar.
Naquele dia meu colega Bieloskov estava quieto. Estava devendo para Kan Mei, que havia lhe conseguido fumo.
- Eu tive um pesadelo. Uma casa em chamas e tínhamos de sair muito rápido de lá.
O alarme tocou. Uma moça que trabalhava na cozinha havia saído e os nativos a raptaram.
- Vamos jogar químicos na floresta - avisou o capitão.
Isso significava usar roupas especiais, deixar as árvores desfolhadas como pedras.
- Nós fazemos de tudo para não chegar perto deles, e olha o que eles fazem - dizia o capitão.
Os nativos se desesperaram quando viram a floresta desaparecer.
Pássaros confusos tentavam cantar sobre galhos mortos.
Nós também ficamos melancólicos.
- Eu nem sei quem ou o que nos mandou pra cá - disse Bieloskov.
Ele ficou fumando seu cigarro enquanto nós fazíamos uma fila com os prisioneiras na praça central da cidade-fortaleza.
De repente, um deles pegou uma pedra e acertou Bieloskov.
Ele caiu, uma fratura na cabeça, sangrando muito.
- Tenho dinheiro na minha mochila, ele me disse com dificuldade, pague minha dívida.
E gritava muito enquanto os médicos o levaram.
A noite caiu. Executamos o nativo.
Uma tristeza pairava como névoa.
Bieloskov foi enterrado logo que o sol nasceu.
Afonso Lima
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