Ela observava sua foto na hora da morte. As pessoas haviam começado isso há décadas, lembranças.
Mas ninguém parece ter pensado no que ela pensou.
Elas assinavam sem ler.
Nunca gostou de conviver com gente que, na prática, já cumprira seu tempo.
Ninguém compreendeu quando o dono da maior corporação do mundo desapareceu.
Imaginava que nem sempre fora assim. Desde que as pessoas passaram a ser ressuscitadas, com certeza, devia ter-se começado a administrar as vidas de forma mais coordenada.
Almoços de genos do mês podiam reunir bisavós, avós, pais eternos. Assim como era possível cruzar, num dia de folga, com as professoras da pré-escola falecidas, as professoras das mães, o médico que dera vida à sua avó.
As três grandes corporações que elegiam o conselho do Governo Mundial deram, em dado momento, a cada pessoa uma capsula de sono, uma mesa de trabalho, um coletor de resíduos sólidos e uma mesa de nutrição; planejaram que as pessoas, em sua maioria, acordassem com o nascer do sol, comessem em 20 minutos, digestão de 15 minutos, tempo de sol, trabalho nas mesas até 11h, pausa para nutrição, trabalho até 13h, exercícios programados, pausa para comida, etc. Os remédios desfaziam os sintomas irracionais.
Ela os estava caçando um a um.
Ela usara seus conhecimentos como programadora. O homem vivia cercado de detectores de metal e câmeras de segurança, mas ninguém podia prever um inseto robótico que inseria um programa no seu cérebro auxiliar o conduzia para onde ela mandava.
Queria poder prender os outros dois em cápsulas eternas, repletas de gel ionizado.
Um dia eles a descobririam. Mas agora, o segundo homem mais importante do mundo ordenara que seus seguranças o deixassem numa praia deserta.
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