- Quando nos encontramos, seu pai tinha falido construindo um navio de 150 pés. Ele foi o mais digno rival de Demóstenes, mas teve de me entregar a filha virgem em troca de dinheiro.
- O negócio é o seguinte: você está querendo que eu faça por você o mesmo que fui obrigada a fazer com você mil anos atrás. O que eu ganho com isso?
- Você queria que aquele escritor de histórias de aventura terminasse seu livro, que ele fosse publicado e que - quem sabe, virasse um filme. Eu quero que a Comissão nunca crie mais regulações.
- Eu pensei que jamais tinha lido o manuscrito que lhe dei. Eu amei demais aquela vampira.
- Eu preciso de alguém capaz de fazer lobby sem assustar demais o senador. Meus outros aliados preferem manchar as cortinas de sangue.
Assim, Ártemis foi visitar o assessor do senador.
- Trata-se de fraude, Lilian (era assim que os mortais a chamavam), e a lei, as agências, são patinhos nadando no lago para esse tipo de assassino. Ou algo parecido.
Ela observava a espada árabe sobre a lareira. Como ele achara essa relíquia do ataque de 1098 aos bizantinos? Ela não estava lá, mas, mais grega que uma ilha, não aprendera apenas filosofia com os árabes.
- Meu caro, blogueiros anarquistas não vão mudar o sistema. Ninguém pode. São mais de 3 mil lobistas. Nem entrou na pauta em seis meses. Os jornais falando dia e noite nisso. Aceite meu dinheiro e compre uma casa na praia. Em mais uma praia.
- Eu sei quem vocês são. As pessoas desistiram do poder por causa de vocês. São pessoas que nada produzem. Investem em papéis. Não há governo global, ninguém segura esse monstro.
- Aceite as coisas como são. Desmembrar os bancos que consomem a riqueza seria mudar preconceitos que nem Einstein imaginou. São predadores. Eles são imortais.
Seu amigo olhou para os prédios - cada andar levemente diverso do outro - e suspirou.
- Eu quero escrever um livro sobre isso.- Eu posso publicar.
Ela apagou as luzes.
Afonso Junior Ferreira de Lima
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