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terça-feira, outubro 23, 2018

A ideia de democracia

Quando Aristóteles escreveu sua Política, usou expressões como "excelência", "justo" e "boa vida".

Ele valorizou o conjunto e achava que os homens eram melhores coletivamente.

O Estado devia promover a vida completa, auto-suficiente, a liberdade. Por isso, o atributo maior era a razão, espaço de diálogo e de contenção da força e do corporativismo.

A sociedade da guerra é apenas o poder do mais forte. Todo movimento social de uma sociedade desigual será "terrorismo". Afeito pós-11-set.

A esquerda progressista demorou a perceber que o jogo democrático tinha sido abandonado pelo puro marketing do ódio.

Um amigo foi agredido ao tentar entregar um panfleto. 

O marketing foi responsável por liberar os preconceitos de sua contenção social, na medida em que recebia-se material reforçando preconceitos: efeito manada.

Ódio da classe média que ignora o social - acostumada a privilégios coloniais, como definir o discurso pela educação para "eleitos".

O ódio do pobre que luta por sua própria extinção. Se o "corrupto" apanhar, a massa se alegra com a limpeza.

A democracia une o voto e a razão.

A fragilidade das instituições é chocante: a Justiça e polícia militar parecem poderes sem nenhuma relação com os eleitores.

Lembremos algumas manchetes recentes:

- Cunha recebeu R$ 1 mi para 'comprar' votos do impeachment

- Grupo Globo atinge 100 milhões de pessoas por dia

- Não se tem respeito por instituições, diz Marco Aurélio de vídeo contra Supremo

- Ministério Público - Depois de terem virado heróis nacionais por força de midiática atuação à margem da Constituição e das leis processuais, querem se assenhorar do Estado como um todo, avalizando, ou não, quem se candidate a cargo eletivo. (Eugênio Aragão)

- Responsável por investigar crimes cometidos por policiais militares, o coronel que comanda a Corregedoria da Polícia Militar do Estado de São Paulo faz postagem de vídeo em apoio a Bolsonaro

- Empresas compram pacotes ilegais de envio de mensagens contra o PT no WhatsApp, diz jornal -

De acordo com a apuração do jornal, os contratos chegam a 12 milhões de reais e, entre os compradores, está Luciano Hang, dono da Havan.

- Wall Street Journal pergunta a Rosa Weber: uma acusação como essa [sobre uso ilegal do WhatsApp] pode levar ao cancelamento da eleição e à deposição do presidente eleito? O resultado do primeiro turno teria sido diferente se as redes não tivessem disparado rumores falsos?
 
As classes privilegiadas não buscam acordo. Querem dominar e moldar sem diálogo, o autoritarismo latente é engolido pelo autoritarismo exteriorizado da infiltração militar.

Antes, era a luta contra o fim das escolas e da saúde. Agora, contra a guerra às drogas e aos ativistas. 

Recebi um "meme" de calúnia de mulher que foi torturada na ditadura. Porque ela falou de sua experiência na campanha do outro partido. 

A fome de abrir espaço para a direita prendendo candidatos de cunho popular não levou em conta o fator internet, que derramou a corrupção de direita pelos celulares.

Agora se fala abertamente em fechar o Supremo e acabar com o MST. A classe oligárquica pode achar ótimo. Até perceber que vive no Talibã - e no Talibã não tem lei.

São muitas as pessoas incapazes de mudar. 

Jovens de origem pobre que não têm consciência dos próprios interesses. A dominação total mental não é democracia.

Eu quero perguntar:
"Colômbia, o Brasil do futuro? Você quer viver numa cidade militarizada?"

Patrocinadas por forças econômicas que mandam no país há 60 anos, paramilitares de extrema direita expulsam pessoas, separam famílias, eliminam ativistas sociais, arrasam a democracia e os direitos humanos (Rede Brasil Atual)

Há uma fala agressiva de pessoas muito boas, pessoas querem ditadura porque não conhecem a História e são incapazes de pensar por que democracia é melhor. "Agora toda a violência é culpa do Bolsonaro" diz uma aposentada.

O anti-inteletualismo criou a onda de que artistas, professores, ativistas são "esquerdopatas". Se pensa que a realidade é simples... não se precisa de argumentos.

Alguns acharam que iam lucrar com o novo regime autoritário: seria bom para o mercado menos interferência popular no Congresso ou um pulso firme em reprimir manifestações. Mas o monstro pode engolir até a mídia.

"O judiciário influenciou esta eleição especialmente na reta final. Tudo isso seria tratado como escândalo em qualquer democracia séria, mas nós já estamos acostumados com esse faroeste tropica".

https://theintercept.com/2018/10/07/judiciario-fake-news-bolsonaro-eleicao/


Processo contaminado. Se não se denunciar internacionalmente agora, vamos amargar a fake-eleição de um fantoche que vai recolocar o Brasil numa Guerra Fria, calando o povo.

No fundo, não é uma eleição. Porque democracia é quando as ideias circulam e são comparadas, e os rumos são decididos com base na melhor opção. Aqui, parece apenas justificação de uma tomada do governo do poder econômico com ajuda dos militares.

A técnica fascista de calar o outro. O mundo estaria dividido entre China (o mal) e Estados Unidos (o bem). Não adiantaria mais defender nossas riquezas. Altera-se a regra para que a campanha seja curta. Cria-se o culpado de tudo e o inimigo interno pela mídia de voz única (na espera de uma direita que transforme o Estado em apenas polícia).

O "antipetismo" cria o "robô anticorrupção". Surge um líder militar fundamentalista "carismático" que representa a mudança (conservadora) e, um projeto de estado para os bancos (num golpe mais à extrema-direita).

Quem quer ampliar a democracia, críticos, são calados. Nesse pesadelo colonial, a supremacia branca extermina os não-brancos para ter colônias e lucrar economicamente. A polícia diz que a suástica é um símbolo budista e o altos cargos da Polícia dizem que nunca houve tortura. Não são regras democráticas. Hora de campanhas internacionais.

Afonso Lima

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