Se, no início do século XXI, alguém dissesse que o fim do mundo estaria relacionado com o fim dos insetos, as pessoas provavelmente dariam risada. E, no, entanto, nós o assistimos daqui de cima.
Quando os bárbaros fanáticos foram eleitos nas principais capitais do mundo, pelo medo instalado devido ao policiamento frágil e à miséria, e estabelecem a lei de "um imperio e uma religiao", proibindo as demais religioes e ateísmo, os cristãos passaram a viver em fortalezas tecnológicas e deixaram os bairros abandonados aos demais povos - semi-escravizados. A ciência foi duramente atingida.
Logo, decidiram que nenhuma lei que causasse limitação ao comércio poderia prevalecer, e nisso se incluiu a disseminação de venenos nos campos. Rapidamente, os subversivos e criminosos comuns foram condenados a um extermínio lento pelo trabalho. Um militar se rebelou para defender os direitos dos presos, foi enforcado e criou-se ressentimento.
Pragas surgem por falta de insetos. As frutas começam a desaparecer. A água e o solo estavam diferentes depois da extinção das joaninhas. Algumas aves eram cada vez mais raras. As primeiras notícias de colheitas insuficientes aparecem e geram maifestações violentas.
Biólogos tentaram preservar insetos em laboratórios secretos, também em ilhas independentes. O reino subversivo foi atacado, mas o Império perdeu-se nas ilhas enlameadas. Os cientistas conseguem inserir em mariposas um vírus capaz de eliminar as lideranças bárbaras. O caos que se seguiu praticamente só preservou nossas estações autômatas geridas com luz solar ao redor do planeta.
Ao mesmo tempo, as plantas começaram a morrer e o terror se esparramou com a falta de sementes. Nos navios chegam os ratos que trazem a peste fatal; houve uma perigosa guerra civil. Um castigo, para redimir as almas, se disse. Mas o tratamento médico e o urbanismo foram criminalizados por tentarem fazer, nas palavras do cardeal, da arte "um espelho da natureza", quando "a salvação está no abandono da carne".
Só podemos registrar uma explosão que se esparramou pelas torres digitais, atingindo os casebres miseráveis ao redor. Nossos instrumentos deixaram de registrar vida humana em 2074. Os insetos se multiplicam.
Afonso Junior Ferreira de Lima
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