Uma tempestade. Ela teve sonhos terríveis.
- Eu queria apenas saber o que existiu antes do Ano Zero. Por que "Silêncio é Progresso"?
O namorado havia feito um sinal de silêncio.
Ela trabalhava agora no Departamento de Libertação de países não alinhados.
- Eu estou com medo. Eu sonhei que fui julgada por realizar meu trabalho comum.
- Eu acho que você está tendo alucinações - disse o namorado.
A imagem de uma tábua na qual riscos pareciam alguma forma de comunicação não lhe saía da cabeça. Decidiu partir pela floresta com alguma comida na mochila. Quando criança, ouvira a lenda de um velho sábio, mas que se alimentava de crianças.
Uma torre, fugiu de cães furiosos.
Ele usava uma barba comprida e vestia um manto de fibra vegetal. Tinha uma pedra de âmbar no pescoço.
- Se a tempestade lhe poupou... Eu sou o deus de todas as histórias, eu posso lhe contar o que li em um manuscrito do historiador do ano 900 que conta sobre um rei do ano 700 que matou seu escriba mais importante. Nunca conseguiram comigo. A memória.
Ela sabia que seus antepassados haviam escolhido a proteção do Império contra o terrorismo.
O fogo, uma bebida quente, o bolo negro. O velho tocou um instrumento de cordas.
Ela chorou pela primeira vez.
- Eu era prefeito da cidade. Muitos refugiados vieram por que a água destruiu suas casas. Os fanáticos começaram a falar em extermínio, me espancaram e fizeram-me andar nu pela rua. Mas eu sobrevivi. Eles foram julgados por realizar seu trabalho comum num mundo invertido.
Ela disse:
- Nunca houve o tal plebiscito pelo silêncio.
- Eles queriam eliminar a historia da mente coletiva. Ano Zero.
O homem lhe mostrou uma porta. Uma luz parecia sair através dela.
Quando retornou, ela escreveu.
Afonso Jr. Lima
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