Páginas

Ajude a manter esse blog

quarta-feira, agosto 28, 2019

O danúbio ao pôr do sol

A luz nas árvores, pelo verde sentam os amantes, as casas antigas coloridas e a arte nas barracas. Dois jovens no verão outonal.
Estamos caindo em um abismo, quero entender sua mente. Estou perdendo algo, um sonho de felicidade, um amanhã perfeito.
Nosso cair me remete ao presidente, no tempo dos jardins e dos instrumentos de correção.

Ele não pode viver consigo mesmo. O lobo branco o encara, trovão gélido, o pai total.
O céu azul que se transforma. Raio, intensamente não.
A água que nunca para, as fantasias de prazer mutantes.
Ele sente seu corpo se transformar, o anormal. Interrompe o sonho, vigia, os prazeres do dever.
A realidade irreal do crepúsculo, caminha no mundo cenário, as pessoas falsas, as sombras se movem como seres.
Peguei o caminho da criança inquietante, perdi você. Quero unir os opostos. Libertar-se do furacão de demandas, jornada em busca do todo-um criativo.
Escondido. O oculto da vida, concha em crescimento, vento da interação, luar espontâneo. Não são tão opostos o burguês do simbólico e o romântico platônico. Consigo rir no meu barril do medo do absoluto, o lugar fixo metafísico, a aparência. As palavras também passam.

Se, penso, a realidade da vida for a percepção, como adaptar-se ao estado inanimado, como lutar pela  demolição da transmissão hereditária do simples, como as partículas fragmentadas da vida dormirão no isolamento?
O presidente observa a cidade mediterrânea que tem um mar congelado.
Eu vejo no escuro o soldado romano levado à julgamento, seu apetite não o tornaria pai.
Quero estudar o crânio em sua névoa germinativa, que forças o coagiram, a Até que anula o crime.
Vejo você bem e penso: é preciso defender a sociedade. Dois cavaleiros apontam pistolas na várzea do danúbio ao pôr do sol.

Sistema de controle esquizofrenia no declínio da democracia de exclusão.
Aurora da tirania é o sistema de controle do não-ser.
O parque. Uma bandeira suja de neve. A madeira apodrecida no Palácio da República cheia de estátuas incompreensíveis.
A melancolia. Eu saberia lidar com o fracasso, mas - e com o sucesso? Você sorri no retrato: respeitado, inteligente, um nome no livro dos dias, o meu eu não vivido.
Lhe escreveria: "Com batalhas, chorei, fui ferido, descobri muito, conheci o mundo, venci, seguimos." Eu sou o monstro incorrigível, alimento os órfãos sujos.
Não tenho nada, e é estranho que queiram receber.
O que mais?

Afonso Jr. Lima

Nenhum comentário: