O quarto meu. A casa com a qual viajo pelo universo.
Ninguém sabia que - quando o Senhor falou as palavras que despertaram o pobre Lázaro - João as havia anotado.
E João as escondeu da melhor forma possível, dentro de um pergaminho.
E eu descobri a verdade. Eu criei meu grupo de Amazonas.
E, agora que meu quarto está em chamas, eu consegui usar o que sei.
Elas recitam os versos sagrados.
As ruínas dos templos queimam ao lado dos ossos dos animais.
As covas se movem, tantos buracos com cruzes agora vivos.
E eles saíram na noite maldita para visitar seus queridos. Eles entraram nas casas e comeram o que havia na geladeia.
Eles comeram os gatos e os cachorros.
Eles seguiram até encontrar os pastores com as Bíblias abertas, os vereadores nos prostíbulos.
Eles acenderam o fogo com os corações ainda frescos.
Quero um futuro para minha casa. O próprio inferno abriu sua boca, porque os demônios gostam da luta, e não do silêncio.
Eu despertei 140 mil que dormiam, eles ouviram os gritos das Amazonas que voavam sobre a fumaça.
Agora, elas avançam para o Palácio com as vísceras na ponta das lanças.
*
Afonso Lima
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