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domingo, setembro 20, 2020

O despertar

O quarto meu. A casa com a qual viajo pelo universo. 

Ninguém sabia que - quando o Senhor falou as palavras que despertaram o pobre Lázaro - João as havia anotado. 

E João as escondeu da melhor forma possível, dentro de um pergaminho. 

E eu descobri a verdade. Eu criei meu grupo de Amazonas. 

E, agora que meu quarto está em chamas, eu consegui usar o que sei. 

Elas recitam os versos sagrados. 

As ruínas dos templos queimam ao lado dos ossos dos animais. 

As covas se movem, tantos buracos com cruzes agora vivos. 

E eles saíram na noite maldita para visitar seus queridos. Eles entraram nas casas e comeram o que havia na geladeia.

Eles comeram os gatos e os cachorros. 

Eles seguiram até encontrar os pastores com as Bíblias abertas, os vereadores nos prostíbulos. 

Eles acenderam o fogo com os corações ainda frescos. 

Quero um futuro para minha casa. O próprio inferno abriu sua boca, porque os demônios gostam da luta, e não do silêncio. 

Eu despertei 140 mil que dormiam, eles ouviram os gritos das Amazonas que voavam sobre a fumaça. 

Agora, elas avançam para o Palácio com as vísceras na ponta das lanças. 

*

Afonso Lima


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