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domingo, dezembro 06, 2020

A peste e as lentes

As setas de Apolo. Agora na mão do Pai de Cristo.

As pessoas abandonadas nas ruas.

Os religiosos no exército de vanguarda. As pulgas que habitam as ruas.

Eles estão na torre de sua casa.

O monge cientista e o médico. 

Famílias inteiras desaparecem nas cidades. 

O rei já solicitou aos professores da universidade uma explicação.

São os astros influindo na atmosfera, nada se pode fazer.

As lentes mostram que há germes. 

O monge cientista promete defender o amigo.

Um monge está inflamando a cidade com sermões sobre a penitência, sobre lembrar-se da morte e fugir do pecado.

A feira de domingo no cemitério traz os palhaços vestidos de Morte, bispos e reis com máscaras de caveira. 

- Compre tabaco! Uma boa nuvem ao seu redor pode afastar a praga!

O médico tenta convencer a multidão de que a doença veio em navios, de que é preciso fugir da gente, de que Galeno sabia menos que os modernos.

- Os astros que se cruzaram em 1345 não são a causa da pestilência no ar. Nem Deus quer nos punir.

As autoridades o levam até uma cela.

Ele desaparece sem deixar vestígios. 

O monge é punido com a transferência para as montanhas do Norte. 

Leva as lentes do amigo. 

Os aristocratas começam a culpar os judeus por envenenar a água.


Afonso Jr. Lima

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