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sábado, abril 29, 2023

A Corte de Lúcifer

R.C. conta essa história numa carta enviada a sua sobrinha.

Seu pai era advogado, e o enviou a Paris para estudar artes. Ele está interessado em novelas históricas, percorre os sebos e se informa com intelectuais locais sobre novidades como Huysmans. Encontra um homem que lhe conta buscar um livro que leu há muitos anos, e nunca mais voltou a encontrar, "A Corte de Lúcifer", onde se fala de uma guerra promovida por um culto maldito que realiza uma expedição em busca do Graal no sul da França. No final, o historiador que inspirara a busca, perseguido pelos aliados, tenta fugir. "O pesquisador é encontrado morto, congelado, olhando para as montanhas".

Depois de um sonho, escreve um rascunho sobre um talismã de onix, um livro infernal e um culto maldito. Faz uma nota sobre uma máscara que, ao ser colocada, força o portador a contar as verdades escondidas no mais escuro cômodo e sobre um espelho com o qual se vê o passado. Publicou um conto curto no jornal da moda entre os estudantes, que não teve repercussão. 

R.C. voltou a Nova York. Trabalha com publicidade. Escreve livros que vendem muito. Em 1933, passa um verão na Alemanha e tenta retomar seu antigo manuscrito.

Em uma tarde de sol, sentando em um café, lê a seguinte notícia no jornal:

"O famoso pesquisador, oficial O.T. foi encontrado congelado, deitado de bruços nas montanhas. Sua fama se deve a uma série de livros nos quais analisa como os cátaros, que guardavam o Santo Graal em seu castelo em Montsegur, tinham ligação com os druidas convertidos ao maniqueísmo".

R.C. retornou à casa, escreveu seu livro mais famoso e morreu dois meses depois. 

Afonso Jr. Lima

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