"Forget about the bad times, oh, yeah".
Tem sido uma jornada angustiante ver todo o caos que a ambição disseminou - quanta gente aguardando resgate, quanta gente precisando de colchão, os desaparecidos.
No meio disso veio a Madonna.
Os anos 1990 foram anos de famílias sofrendo pela austeridade de governos neoliberais. Universidade, só pagando, tudo era gasto pro FMI. Pouco restava aos adolescentes além dos seus The Immaculate Collection e Legião. O show foi cheio de energia. Não é caridade, a Madonna bebendo cerveja é algo que eu podia ter vivido sem. Mas é entretenimento de alta qualidade - muito ensaio, produção cuidadosa; que outro show você viu desde 2000 que sabe tornar um palco numa festa melhor que esse? Estamos falando de uma artista com 65 anos, num calor infernal.
Em um momento tocante, ela anuncia que vamos viajar por sua vida. A primeira parte é seus sucessos iniciais, tom punk pop, são músicas que não são as que me empolgam, mas que são clássicos. Couro e roupas coloridas, brechó. Imaginando o calor nesse Rio de 27 graus.
O show decolou. Surge uma coreografia vermelha, parece grupo Corpo. Artes plásticas. Pausa para descanso. Lembro que ela esteve na UTI - cantou I Will Survive logo depois.
A parte realmente morna é o lance todo dos anos 1990, com a música que ninguém canta em casa, "ponha suas mãos por todo meu corpo". Legal, só. Não sou capaz de entender a maioria das coisas a seguir, acho que é ignorância. Um apocalipse com homens do exército, quero pensar que Madonna é uma mulher árabe falando contra a guerra. Bonito.
(continua...)
https://jornalggn.com.br/cultura/madonna-duas-horas-de-historia-bem-contada-por-afonso-lima/
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