Veloz andar sobre as ondas qual fera
Noite de Luar!
Fora da caverna onde esperas
Onde, o dia longo e só vês passar
Tecendo sonhos de alegria ameaçada
Que te fazem terrível e amada
Rápido, teu voar!
Em capa cinzenta sua forma escondida
De estrelas enfeitada
Com seus cabelos cega os olhos do dia
Coberta de beijos, não quer mais nada
Vaga sobre o mar, terra, cidade
O ópio da tua magia por toda parte
Venha, tão desejada!
Quando acordei e acordou a manhã
Suspirei por ti
E cai a tarde sobre verde e flor
E volta exausto o dia ao seu descanço
Um convidado que demora sem amor
Suspirei por ti.
Tua irmã Morte veio em prantos
Você me queria?
Teu filho, o Sono, olhos-santos
Murmurou como um inseto do dia
Pouso em teu colo? E respondi
Não penso em ti
Não te esperaria!
A Morte virá quando tua arte morrer
Tão, tão depressa!
O Sono, quando ela se perder
De nenhum deles bênção eu peça
A ti eu peço, Noite, vem abençoar
Suave seja o teu voar!
Vem depressa, depressa!
tradução: Afonso Lima
quarta-feira, outubro 28, 2015
aniversário
era para eu ser elite burra
você teve a terra dura
era para eu acreditar na notícia
você, foto na polícia
era para eu saber com ganância
você teve a arrogância
eu não sou o que devia
você é o que podia
não aceitar o fatal não são essas coisas mas as outras não é o mesmo mas o incerto para o poeta o ouro e o besouro são oradores do sem nome
Afonso Lima
não aceitar o fatal não são essas coisas mas as outras não é o mesmo mas o incerto para o poeta o ouro e o besouro são oradores do sem nome
Afonso Lima
sexta-feira, outubro 16, 2015
o personagem
Era um menino de três anos.
"Era um menino com três anos."
Tinha as bochechas rosadas, sorria tão alegre.
"A mulher ficava ao chão, insone, gemia, queria comer terra."
Quase três anos e o escritor o punha sentado em sua cadeira e lhe fazia cócegas.
"O marido dera para beber, ela andava em desalinho, abandonou o lar pelos mosteiros".
No seu pequeno túmulo o escritor se desesperou, ele também deixou a mulher muita noite para jogar e beber.
"Ela chega a um mosteiro, onde há um santo. Senta-se numa pedra."
Por certo era alegre e lhe fizeram o retrato. Por certo tinha um cavalinho de madeira.
"Por certo tinha uma camisa azul e botas novas."
Eu imagino o escritor que não pode esquecer, seu olhar perdido, que olha a cadeira vazia.
Afonso Lima
"Era um menino com três anos."
Tinha as bochechas rosadas, sorria tão alegre.
"A mulher ficava ao chão, insone, gemia, queria comer terra."
Quase três anos e o escritor o punha sentado em sua cadeira e lhe fazia cócegas.
"O marido dera para beber, ela andava em desalinho, abandonou o lar pelos mosteiros".
No seu pequeno túmulo o escritor se desesperou, ele também deixou a mulher muita noite para jogar e beber.
"Ela chega a um mosteiro, onde há um santo. Senta-se numa pedra."
Por certo era alegre e lhe fizeram o retrato. Por certo tinha um cavalinho de madeira.
"Por certo tinha uma camisa azul e botas novas."
Eu imagino o escritor que não pode esquecer, seu olhar perdido, que olha a cadeira vazia.
Afonso Lima
romantic rock
When is gray my heart
the rain and night sounds so loud
I can't say why and what
I jump to the big moon
The golden cloud over the world
In my old ship with horses of fire
There is a magic tree with singing apples
Another language in my art
And sea is just like a rainbow
A kingdom I can go higher
And becoming blue come to home soon
Afonso Lima
the rain and night sounds so loud
I can't say why and what
I jump to the big moon
The golden cloud over the world
In my old ship with horses of fire
There is a magic tree with singing apples
Another language in my art
And sea is just like a rainbow
A kingdom I can go higher
And becoming blue come to home soon
Afonso Lima
quinta-feira, outubro 15, 2015
o rito
porque afinal os moinhos não eram de vento
eram de pão e do lado do que é terra é que está o poeta
destruição em massa de tudo que se fixa se autoriza se enobrece
e se a própria destruição se envaidece
a arquitetura fria da cruel metáfora a devora
nada é tão frágil como o objeto - sob vigilância
torturado por murmúrios de eras
a brutalidade verdadeira a ignorância assustadora
se o moinho não moer não há aventura
abismo, jardim de violências, ossos a palavra elétrica
luta sangue pobre voz fantasma de coisa com átomos e luz
não sabemos o que é, cada pedra lisa e folha escura
olho nos olhos cinzentos do meu tempo
páginas que caem, ensaio de sons desarticulados, caindo aos pedaços
Deus lia um livro quando teve ideia de criação só no livro se ouve o coração
o meu sertão é um vento sem rosa
lembrança de loucura vento adiante
como tanta coisa a poesia é inventada
para nos salvar dos leões pensamentos sensatos
Afonso Lima
eram de pão e do lado do que é terra é que está o poeta
destruição em massa de tudo que se fixa se autoriza se enobrece
e se a própria destruição se envaidece
a arquitetura fria da cruel metáfora a devora
nada é tão frágil como o objeto - sob vigilância
torturado por murmúrios de eras
a brutalidade verdadeira a ignorância assustadora
se o moinho não moer não há aventura
abismo, jardim de violências, ossos a palavra elétrica
luta sangue pobre voz fantasma de coisa com átomos e luz
não sabemos o que é, cada pedra lisa e folha escura
olho nos olhos cinzentos do meu tempo
páginas que caem, ensaio de sons desarticulados, caindo aos pedaços
Deus lia um livro quando teve ideia de criação só no livro se ouve o coração
o meu sertão é um vento sem rosa
lembrança de loucura vento adiante
como tanta coisa a poesia é inventada
para nos salvar dos leões pensamentos sensatos
Afonso Lima
sossego
mas que coisa enfim é o desassossego
semelhante ao mau tempo - imagino
e que rima com desgosto
nada menos poético que nascer na capital
fingir-se de cientista das coisas esquecidas
nem tudo pesa nem tudo regra como no ido tempo
a dor, a mesma fúria de silêncio morno medo talvez
a nossa lua é um farol dói de absoluto
as flores no portão não nem uma itabira
de violão perdido ou relógio vago
desassossego eu faço no bico do
meu aço de tudo e
das palavras pouco entendo
Afonso Lima
semelhante ao mau tempo - imagino
e que rima com desgosto
nada menos poético que nascer na capital
fingir-se de cientista das coisas esquecidas
nem tudo pesa nem tudo regra como no ido tempo
a dor, a mesma fúria de silêncio morno medo talvez
a nossa lua é um farol dói de absoluto
as flores no portão não nem uma itabira
de violão perdido ou relógio vago
desassossego eu faço no bico do
meu aço de tudo e
das palavras pouco entendo
Afonso Lima
Sobre o poema
os deuses secretos do poema
são os leves ligeiros pássaros
de cabeça vermelha
que cantam o sentir alheio
na alvorada
(mesmo que imaginada a paz é querida)
quando no branco busco aventura
me entrego e abro a porteira
minhalma salta que não sabe nada
a corredeira da vida e possíveis reis
e um dia a rima do verso talvez
atrás da página escondida
os sentimentos perdidos (que os achados já cansei)
e a noite que o mundo procura
Afonso Lima
são os leves ligeiros pássaros
de cabeça vermelha
que cantam o sentir alheio
na alvorada
(mesmo que imaginada a paz é querida)
quando no branco busco aventura
me entrego e abro a porteira
minhalma salta que não sabe nada
a corredeira da vida e possíveis reis
e um dia a rima do verso talvez
atrás da página escondida
os sentimentos perdidos (que os achados já cansei)
e a noite que o mundo procura
Afonso Lima
meditation
come Nature teach me the way to myself
looking inside, analysing my own movements, learning what I am, what the silent says
roughly living, toxic city, just more for more
the right of not understanding, the right of reorganize the world
the new word, not finding oneself, the new way into the forest
animal no exigencies
working in immobility prophecies and wisdom
learning from the changeable fire wind
sea voice that utters
forgiving myself, discovering I´m not what they want
what shines, what past bring me
come Nature teach me this freedom not I
before all the concepts before I and them
And let me give always more than receive
come Nature and I will learn with mountain and sky
come Nature into your vase
for peace and joy and a new day
Afonso Lima
looking inside, analysing my own movements, learning what I am, what the silent says
roughly living, toxic city, just more for more
the right of not understanding, the right of reorganize the world
the new word, not finding oneself, the new way into the forest
animal no exigencies
working in immobility prophecies and wisdom
learning from the changeable fire wind
sea voice that utters
forgiving myself, discovering I´m not what they want
what shines, what past bring me
come Nature teach me this freedom not I
before all the concepts before I and them
And let me give always more than receive
come Nature and I will learn with mountain and sky
come Nature into your vase
for peace and joy and a new day
Afonso Lima
quarta-feira, outubro 14, 2015
poesia calculada
Acordem as estrelas, acordem
Que os homens têm muito chão, tudo cão
É preciso ingenuidade calculada, olhar de fora
No país que falta poesia a poeira cobre o direito
de existir de cada coisa
Ajustar o orçamento para o invisível, sufoca o coração de
fazer dinheiro, ganhar a vida, e marketing e indústria cultural
Que a imaginação cria e nada está concluído
Acordem as zombarias, os cantos, as inutilidades
Acordem as cores do divino e os sonhos dos mares
Tudo que amplia que estremece que desmente o já dito
O que parece é apenas pensar acostumado, ao sol bocejando
Que seja a tristeza, que seja a injustiça, que seja o melancólico amor
Acordem as estrelas, acordem sim as almas dos objetos tão concretos
Que a cidade não duvida a cidade vive longe longe tão longe de si mesma
Afonso Lima
Que os homens têm muito chão, tudo cão
É preciso ingenuidade calculada, olhar de fora
No país que falta poesia a poeira cobre o direito
de existir de cada coisa
Ajustar o orçamento para o invisível, sufoca o coração de
fazer dinheiro, ganhar a vida, e marketing e indústria cultural
Que a imaginação cria e nada está concluído
Acordem as zombarias, os cantos, as inutilidades
Acordem as cores do divino e os sonhos dos mares
Tudo que amplia que estremece que desmente o já dito
O que parece é apenas pensar acostumado, ao sol bocejando
Que seja a tristeza, que seja a injustiça, que seja o melancólico amor
Acordem as estrelas, acordem sim as almas dos objetos tão concretos
Que a cidade não duvida a cidade vive longe longe tão longe de si mesma
Afonso Lima
Casa em ruínas
Que encanto farei para te refigurar?
Para que encarnes um corpo, para terdes de novo lugar?
Que canto cantarei, se não sei de rocha e deserto
e só quero um modo de fluir de um humor sagrado tudo é mais de perto
nem uma montanha nevada, nem uma viagem sobre os tetos, um homem
pede comida a língua universal e o nó da garganta fala mais que mil versos das ruínas
na sujeira boca sem dentes em pleno domingo comendo na calçada do palácio
somente o grito que sabe o ferro e a noite o tempo que dança a guerra e por isso persiste
Afonso Lima
Para que encarnes um corpo, para terdes de novo lugar?
Que canto cantarei, se não sei de rocha e deserto
e só quero um modo de fluir de um humor sagrado tudo é mais de perto
nem uma montanha nevada, nem uma viagem sobre os tetos, um homem
pede comida a língua universal e o nó da garganta fala mais que mil versos das ruínas
na sujeira boca sem dentes em pleno domingo comendo na calçada do palácio
somente o grito que sabe o ferro e a noite o tempo que dança a guerra e por isso persiste
Afonso Lima
terça-feira, outubro 13, 2015
dança de domingo
cada vez menos folhas e o rio
a terra negra, quase lembrança
(tem dono, tem medo, a terra-preço)
quando eu nasci os anjos já haviam morrido
nem soube dizer nascido isso sou eu quem não gostar azar o seu
sem montanha de olhar míngua a espinha de ferro
quero ver tua matemática se nela cabe o incidente
é a rua que respira uma flor rosada uma grama imprópria a horta que fertiliza a letra
e no samba do amor do olhar pelo swing (amor de eterno por joão)
nasce a palavra imprecisa, à margem,
palavra aberta à coisa toda
nunca vista
(observo o relevo verde do fruto que engordou e chão)
Afonso Lima
a terra negra, quase lembrança
(tem dono, tem medo, a terra-preço)
quando eu nasci os anjos já haviam morrido
nem soube dizer nascido isso sou eu quem não gostar azar o seu
sem montanha de olhar míngua a espinha de ferro
quero ver tua matemática se nela cabe o incidente
é a rua que respira uma flor rosada uma grama imprópria a horta que fertiliza a letra
e no samba do amor do olhar pelo swing (amor de eterno por joão)
nasce a palavra imprecisa, à margem,
palavra aberta à coisa toda
nunca vista
(observo o relevo verde do fruto que engordou e chão)
Afonso Lima
Sobre Daniel
Meu jovem, você que me faz essa pergunta pelo twitter, é preciso estudar a teologia, não adianta apenas estudar a Palavra, porque o mundo é cheio de cultos dos demônios, de livros idólatras, de imagens idólatras, o culto dos demônios nas lojas e nas universidades. Na minha dissertação de mestrado eu analiso o Livro de 1925, "A Palavra". Ali o missionário afirma que 2.300 tardes e manhãs, como você pergunta, se referem à 2.300 anos até a volta do Senhor. Refere-se por isso ao Gênese. Mas quando se interpreta 2.300 anos como 1.500 dias e portanto 1.500 anos aí se erra, pois essa é a interpretação exegética que não é do nosso missionário. No capítulo 9, percebemos que só se pode ficar na profecia se 2.300 forem anos. Eu sugiro que leia os nossos livros: "A profecia de Daniel no século XXI" e "Daniel venceu - o Segredo Profético". Vejo que você tem lido muitas coisas em fontes erradas. Recorra às fontes primárias, ao que Deus escreveu e nosso missionário. Para saber se algo é verdadeiro leia o livro do missionário e compare com a Bíblia. Não deixe que coisas dos demônios entrem no seu Santuário. Obrigado e continue conosco.
Afonso Lima
letras miúdas
o exercício da paz nas
coisas desse mundo
miúdas, prontas, no espaço
a paz na praia e no relógio do aço
paz de bicho cascudo, na rua e na palavra
viva
paz do fôlego, do íntimo sufoco,
da solidão
paz do irrealizado
da avenida lotada
do silêncio
paz do fogo, pequeno céu cheio
de menores belezas
constelação da fases da lua, poema do acaso
o amor das coisas desencontradas
paz para um mundo novo
que a realidade é uma
descoberta
Afonso Lima
coisas desse mundo
miúdas, prontas, no espaço
a paz na praia e no relógio do aço
paz de bicho cascudo, na rua e na palavra
viva
paz do fôlego, do íntimo sufoco,
da solidão
paz do irrealizado
da avenida lotada
do silêncio
paz do fogo, pequeno céu cheio
de menores belezas
constelação da fases da lua, poema do acaso
o amor das coisas desencontradas
paz para um mundo novo
que a realidade é uma
descoberta
Afonso Lima
segunda-feira, outubro 12, 2015
Azul
(para J.F.)
Vênus e o azul no horizonte
Abolido o tempo, luz e luar
Dia que se esconde tão lento
Os bichos renovados e o cheiro do mar
(um só momento de nulo discurso também é aventura)
O sonho do azul que tudo modifica
A amizade, o brilho reinventam o ar
Areia, estrela - é o que significa
Os sinos começam a cantar
(são as duras criaturas sem armas deitadas no crepúsculo de noite pura)
Afonso Lima
Vênus e o azul no horizonte
Abolido o tempo, luz e luar
Dia que se esconde tão lento
Os bichos renovados e o cheiro do mar
(um só momento de nulo discurso também é aventura)
O sonho do azul que tudo modifica
A amizade, o brilho reinventam o ar
Areia, estrela - é o que significa
Os sinos começam a cantar
(são as duras criaturas sem armas deitadas no crepúsculo de noite pura)
Afonso Lima
Talvez a Sérvia
Totalmente incerto sobre o seu futuro. O pouco o que expressar. Que tipo de estranho ser é esse, aparece, desaparece. Esse estranho mundo, que sonha com sonhos. "O tempo dos Habsburgos sonhava com a harmonia de uma totalidade, unindo artificialmente um mundo em pedaços", alguém diz. A beleza das coisas que ainda não nasceram completamente. Sob o olho-lua da mente, um homem e a neve no seu pescoço. Começar.
-
Ele partiu para Praga em 1939 para estudar Direito. Mas as universidades foram fechadas naquele ano. Depois, veio a outra ditadura. Seus livros só foram publicados décadas depois, ganhando o mundo. Esses manuscritos são da época em que trabalhava como guarda de armazém, caixeiro-viajante e metalúrgico.
- Apontamentos - "Mas ser mandado embora? O que será que eu fiz?" - diz o autor na sua biografia. Um jovem é colocado para fora de sua casa como castigo. A mesma cena de Kafka. O peso de uma lei arbitrária. (Ou um amor que ensina a adaptação, ainda não existe o coração livre). Por acaso, ela se duplicava num Império decadente e autoritário. A modernidade foi o poder absoluto. Talvez um deus que afoga e pragueja.
"Como um tolo, simplesmente não tenho talento para a quantidade de humilhações e silêncios que um homem pobre deve suportar em sua estrada pela ascensão" - escreveu X em uma carta.
Um estranho, um excêntrico numa época na qual não há clareza. Talvez ele venha da Sérvia. "Por que eu, leitor, devo perder tempo com esse herói?" - diz o russo."Como um tolo, simplesmente não tenho talento para a quantidade de humilhações e silêncios que um homem pobre deve suportar em sua estrada pela ascensão" - escreveu X em uma carta.
Acordo às 2h e 33 min para escrever: O que Freud aprendeu com Dostoiévski foi a repressão (a lei? supereu?). Sua alma rebelde foi terrivelmente barrada com o medo da morte. Teve de sublimar seus sentimentos num aparato católico. Teria enlouquecido se não pudesse falar com máscaras. É por isso que seus personagens radicais têm tamanha força, são seu eu reprimido. Talvez esse herói seja uma mulher.
Ou um jovem de 13 anos. Pálida, controlada, incapaz de ler em uma biblioteca por recato. Ela leva seus livros para um lugar afastado? Um cemitério? No fundo, cheia de paixão. "Ela usa uma capa de reserva para esconder sentimentos violentos", me disse minha mãe sobre uma moça.
Uma ideia. Por viver num mundo seu, fantástico, gênio-ingênuo, "ignorando as regras", "contra o falso gosto". (Schiller) Uma máquina-espelhar. Hamlet é uma espécie de máquina que faz aparecer o que as pessoas esconderam, o que a razão tornou normal. Ele enfia uma foto do marido (rei) morto na cara da mãe, que ainda se deixa ser uma mulher medieval. Não foi o incesto que Freud viu nessa cena. Da mesma forma a peça que representa coloca Cláudio dentro de um insight sobre si mesmo. - Entra no estúdio do pai e "rouba" autores. Ou ignora pretendentes.
A imagem de uma mulher pálida, ruiva, caminhando resoluta com sua capa me aparece. Talvez seja ela que conversa no túmulo da falecida mãe, que publicara um livro aclamado, que morreu ao lhe dar a luz. Ela, criticada pela madrasta por ler demais e dar pouco valor ao trabalho da cozinha. "Um herói modesto e indefinido". Não mais por hora.
-
Em 1963 seu primeiro livro foi lançado, com sucesso. Em 1968, dois livros foram proibidos. Em 1976 seus livros são liberados. Todo um sistema de livros clandestinos, entretanto, funcionava. Em 1981, um filme inspirado em seus escritos ganhou o Oscar.
Afonso Lima
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