terça-feira, maio 22, 2018
Três cenas paulistanas
Em um só dia, três cenas marcantes:
a) Descubro que minha dissertação de mestrado é citada em um manual Conselho Federal de Psicologia.
b) Segurança do metrô bate na cabeça do homem.
c) O dono de jornal recebe selinho da grande atriz.
Meus amigos me convidam para ir a uma exposição com eles, depois ao teatro.
Logo de manhã recebo uma mensagem. Aquele trabalho de tanto tempo atrás, que não alterou em nada minha vida material, agora está entre os poucos livros de referência em um manual nacional.
Lembro na hora de um grande cientista comentando sobre a autodestruição promovida no Brasil com sua ciência. É uma luta contra a inteligência. Preterido injustamente. Lembro também de James Baldwin.
O homem com roupas humildes é perseguido na saída do metrô. O segurança negro batia nele como se fosse um animal. Dois contra um. Estávamos assustados, ninguém interferiu. Eu recuo com a violência. Uma moça negra começa a gritar com ele, desce com o segurança até o posto dizendo que ele não pode fazer aquilo. Ele diz que ela devia lavar uma roupa, devia fazer uma comida. ela manda ele lavar suas cuecas. Eu digo baixo: que machismo, mas minha voz quase não sai. Eu também não sei até onde ele vai, mesmo dentro do metrô, em nome da instituição.
O texto é bom, a grande atriz está divina. A pequena plateia vibra e aplaude de pé. O autor/jornalista é um homem de cabelos quase brancos, cercado de admiradores.
Esse é o mesmo homem que, ao ser criticado pela parcialidade de seu jornal em Londres, despreza a jornalista que fez a crítica chamando-a de militante política?
Lembro de um encontro sobre crítica de cinema. O filme que retrata o golpe de 2016 recebe uma estrela no guia de uma revista conservadora. Um rapaz da platéia questiona.
- Foi uma crítica formal, não política acho que ela não apresentou os dois lados.
Mas era política: nas entrevistas a diretora esclarece que a direita não aceitou ser gravada.
Deve haver uma conexão entre essas cenas e tento entender qual seria.
Afonso Jr. Lima
quarta-feira, maio 16, 2018
O Experimento
Ficaram escondidos na casa de campo. Acenderam o fogo. Ele serviu dois copos.
- Você acha que vão nos descobrir? - ela perguntou.
- Os espiões estão por todos os lados. Mas... A opinião pública anda desconfiada.
Por que eles decidiram colocar fogo nas fábricas?
Os robôs foram derretendo um a um.
Estavam tentando dar um alerta ao governo de que percebiam que, enquanto as pessoas viviam cada dia com menos dinheiro, os estoques cresciam - acabar com a superprodução.
- Como as pessoas não percebem? Que já estamos numa ditadura? Que isso é um experimento?
- Parece estranho isso, vindo de um membro de uma organização clandestina - ela disse.
- Você sabe, meu irmão é um desaparecido. Faz vinte anos que esperamos um teste de DNA para descobrir se ele é um dos descobertos no cemitério. Não existiu processo contra os torturadores.
O campo parecia vivo com o vento e o clima úmido. Ali perto, o bosque guardava ruínas de um mosteiro que havia sido incendiado por soldados inimigos. Fileira de cabeças cortadas. A lenda dizia que os monges cantavam lamentos quando a tempestade se formava.
Tudo havia sido muito rápido. Um dia, as estruturas pareciam firmes e as instituições fortes. No outro, um grupo de bárbaros tomara legalmente o poder e a oligarquia bancária aliara-se a um tirano.
Ela disse:
- Eles colonizam as colinas, atiradores treinados, a polícia não é confiável, a lei parece depender de cada juiz. Todo mundo vota como se nada estivesse acontecendo. Às vezes eu penso se esse mundo que eu vejo também não é uma construção ficcional.
- Acredite, a realidade está bem diante dos olhos. Cada dia penso mais nos filósofos que falavam de uma "consciência modificada" para interpretar a "falsa opinião".
- O caos é uma arma política - ela disse, e o beijou.
Afonso Jr Lima
- Você acha que vão nos descobrir? - ela perguntou.
- Os espiões estão por todos os lados. Mas... A opinião pública anda desconfiada.
Por que eles decidiram colocar fogo nas fábricas?
Os robôs foram derretendo um a um.
Estavam tentando dar um alerta ao governo de que percebiam que, enquanto as pessoas viviam cada dia com menos dinheiro, os estoques cresciam - acabar com a superprodução.
- Como as pessoas não percebem? Que já estamos numa ditadura? Que isso é um experimento?
- Parece estranho isso, vindo de um membro de uma organização clandestina - ela disse.
- Você sabe, meu irmão é um desaparecido. Faz vinte anos que esperamos um teste de DNA para descobrir se ele é um dos descobertos no cemitério. Não existiu processo contra os torturadores.
O campo parecia vivo com o vento e o clima úmido. Ali perto, o bosque guardava ruínas de um mosteiro que havia sido incendiado por soldados inimigos. Fileira de cabeças cortadas. A lenda dizia que os monges cantavam lamentos quando a tempestade se formava.
Tudo havia sido muito rápido. Um dia, as estruturas pareciam firmes e as instituições fortes. No outro, um grupo de bárbaros tomara legalmente o poder e a oligarquia bancária aliara-se a um tirano.
Ela disse:
- Eles colonizam as colinas, atiradores treinados, a polícia não é confiável, a lei parece depender de cada juiz. Todo mundo vota como se nada estivesse acontecendo. Às vezes eu penso se esse mundo que eu vejo também não é uma construção ficcional.
- Acredite, a realidade está bem diante dos olhos. Cada dia penso mais nos filósofos que falavam de uma "consciência modificada" para interpretar a "falsa opinião".
- O caos é uma arma política - ela disse, e o beijou.
Afonso Jr Lima
In the camp (English version)
(This is a rush translation. Version may not be in its final form.)
"That the Human Being should Work and suffer and learn and forget and return / To the dark valley from which he came to begin his work again."
I remembered this verse from Blake.
A woman screaming on the sidewalk, throws things in a building, people start walking down the street.
Two strong men, then one more, age old, well dressed, shout at her:
"It's public property, you're going to be arrested, you walk."
I walk one more block, two boys lying in the door of the super-market.
A smell of burning. Instinctively, I look around, a burning dump?
The church seems very normal, a group of people observes something.
A dark mountain of iron, gray clouds.
I continue my journey, I finally decide to arrive in the square. Bang. Fallen rubble in a truck making noise. The whole block sealed off by the police.
Lots of people lying on the floor, lots of things spread out on the floor, tent, mattress, church Our Lady of the Rosary of the Black Men, clutter, the house on the street.
A red-haired man says he knew one of the victims. But it is against Bolsa Familia. He worked and won.
"She wanted to make hair the color of my own." She worked. Too bad the two twins.
One girl says that "these people earn a thousand and our judges earn 45 grand."
- There are people who are registered in housing programs for more than 10 years, man says.
Apparently people were abandoned, they are unprotected. And so many empty real estate.
I think the image is related to a refugee camp. They are the forgotten ones of the earth, they are the people who can no longer be citizens, who flee from the war against drugs or the fire that someone created.
Afonso Jr. Lima
"That the Human Being should Work and suffer and learn and forget and return / To the dark valley from which he came to begin his work again."
I remembered this verse from Blake.
A woman screaming on the sidewalk, throws things in a building, people start walking down the street.
Two strong men, then one more, age old, well dressed, shout at her:
"It's public property, you're going to be arrested, you walk."
I walk one more block, two boys lying in the door of the super-market.
A smell of burning. Instinctively, I look around, a burning dump?
The church seems very normal, a group of people observes something.
A dark mountain of iron, gray clouds.
I continue my journey, I finally decide to arrive in the square. Bang. Fallen rubble in a truck making noise. The whole block sealed off by the police.
Lots of people lying on the floor, lots of things spread out on the floor, tent, mattress, church Our Lady of the Rosary of the Black Men, clutter, the house on the street.
A red-haired man says he knew one of the victims. But it is against Bolsa Familia. He worked and won.
"She wanted to make hair the color of my own." She worked. Too bad the two twins.
One girl says that "these people earn a thousand and our judges earn 45 grand."
- There are people who are registered in housing programs for more than 10 years, man says.
Apparently people were abandoned, they are unprotected. And so many empty real estate.
I think the image is related to a refugee camp. They are the forgotten ones of the earth, they are the people who can no longer be citizens, who flee from the war against drugs or the fire that someone created.
Afonso Jr. Lima
terça-feira, maio 15, 2018
segunda-feira, maio 14, 2018
sexta-feira, maio 11, 2018
The efficient sun (English version)
(This is a rush translation. Version may not be in its final form.)
The sun grew larger, then red. The boy dreamed that from the pile of rubble and smoke came a frightening form. It was a being full of scales, it flew through the smoke, returned and collected in the mouth a piece that he found among the ruins. A priest sang with a choir of angels nearby. The boy counted ten bone fragments.
The monster came up with a femur. Everything had been gathered on top of a building. An old woman carried a line of children with her flute-a cave beneath the church.
"My puppies, believe what I say, now and forever."
The journalists lent their cars to the torturers.
Student movement screams slogans, gas pumps thrown from windows. Seeds rot under the fire of the eye. Smoke, flames. Bars with bodies, food, cardboard, urine, fabric colors on the doors. How many people were there, people who did not have a home?
The priest said: "You see the ostrich there? How does he hide his head?"
A ram was sacrificed at the top of the building. Lightning struck the remains of people. Moist monster flaps its wings, the rebuilt rises. The boy runs to get to his house.
Afonso Jr Lima
The sun grew larger, then red. The boy dreamed that from the pile of rubble and smoke came a frightening form. It was a being full of scales, it flew through the smoke, returned and collected in the mouth a piece that he found among the ruins. A priest sang with a choir of angels nearby. The boy counted ten bone fragments.
The monster came up with a femur. Everything had been gathered on top of a building. An old woman carried a line of children with her flute-a cave beneath the church.
"My puppies, believe what I say, now and forever."
The journalists lent their cars to the torturers.
Student movement screams slogans, gas pumps thrown from windows. Seeds rot under the fire of the eye. Smoke, flames. Bars with bodies, food, cardboard, urine, fabric colors on the doors. How many people were there, people who did not have a home?
The priest said: "You see the ostrich there? How does he hide his head?"
A ram was sacrificed at the top of the building. Lightning struck the remains of people. Moist monster flaps its wings, the rebuilt rises. The boy runs to get to his house.
Afonso Jr Lima
O sol eficiente
O sol ficou maior, depois vermelho.
O menino sonhou que do monte de escombros e fumaça saía uma forma assustadora.
Era um ser cheio de escamas, ele voou através da fumaça, voltou e recolheu na boca um pedaço que achou entre as ruínas.
Um padre cantava com um coro de anjos ali perto.
O menino contou dez fragmentos ósseos.
O monstro subiu com um fêmur.
Tudo havia sido reunido no alto de um prédio.
Uma mulher velha trazia com sua flauta uma fila de crianças - entrando embaixo da igreja, uma caverna.
- Meus cachorrinhos, acreditem no que eu digo, agora e para sempre.
Os jornalistas entregavam seus carros aos torturadores. Movimento estudantil grita palavras de ordem, bombas de gás jogadas das janelas. Sementes apodrecem sob o fogo do olho.
Fumaça, chamas. Bares com corpos, comida, papelão, urina, cores de tecidos nas portas.
Quantas pessoas estavam ali, pessoas que não tinham uma casa?
O padre disse:
- Você está vendo o avestruz ali? Como ele esconde sua cabeça?
Um carneiro foi sacrificado no alto do prédio. Um raio caiu sobre os restos de gente.
Monstro úmido bate suas asas, o reconstruído levanta.
O menino corre para chegar até sua casa.
Afonso Jr Lima
O menino sonhou que do monte de escombros e fumaça saía uma forma assustadora.
Era um ser cheio de escamas, ele voou através da fumaça, voltou e recolheu na boca um pedaço que achou entre as ruínas.
Um padre cantava com um coro de anjos ali perto.
O menino contou dez fragmentos ósseos.
O monstro subiu com um fêmur.
Tudo havia sido reunido no alto de um prédio.
Uma mulher velha trazia com sua flauta uma fila de crianças - entrando embaixo da igreja, uma caverna.
- Meus cachorrinhos, acreditem no que eu digo, agora e para sempre.
Os jornalistas entregavam seus carros aos torturadores. Movimento estudantil grita palavras de ordem, bombas de gás jogadas das janelas. Sementes apodrecem sob o fogo do olho.
Fumaça, chamas. Bares com corpos, comida, papelão, urina, cores de tecidos nas portas.
Quantas pessoas estavam ali, pessoas que não tinham uma casa?
O padre disse:
- Você está vendo o avestruz ali? Como ele esconde sua cabeça?
Um carneiro foi sacrificado no alto do prédio. Um raio caiu sobre os restos de gente.
Monstro úmido bate suas asas, o reconstruído levanta.
O menino corre para chegar até sua casa.
Afonso Jr Lima
waiting
bad smell, young guy
in the entrancy of metro
no hair in your head
the bells of the church
the helicopters above you
your skin so red
of abandon
if you are dusky
nobody can see
your clothes are rags
waiting for nobody
waiting to die
Afonso Jr Lima
in the entrancy of metro
no hair in your head
the bells of the church
the helicopters above you
your skin so red
of abandon
if you are dusky
nobody can see
your clothes are rags
waiting for nobody
waiting to die
Afonso Jr Lima
segunda-feira, maio 07, 2018
sobre uma notícia
A falsa impressão de mundo
O foco que altera tudo
Crer que existe apenas isso
A ilusão do eu o comum engano
Invasão de medo e fúria
O todo muda e alimenta
Afonso Jr. Lima
O foco que altera tudo
Crer que existe apenas isso
A ilusão do eu o comum engano
Invasão de medo e fúria
O todo muda e alimenta
Afonso Jr. Lima
sexta-feira, maio 04, 2018
No campo
"Que o Ser Humano deve Trabalhar e sofrer e aprender e esquecer e voltar/ Ao vale escuro do qual ele veio para começar seus trabalhos de novo".
Lembrei desse verso de Blake.
Uma mulher gritando na calçada, atira coisas num prédio, as pessoas começam a andar pelo meio da rua.
Dois homens fortes, depois mais um, demeia idade, bem vestidos, gritam com ela:
- É patrimônio público, você será presa, vai andando.
Ando mais uma quadra, dois rapazes deitados na porta do super-mercado.
Um cheiro de queimado. Instintivamente, olho ao redor, uma lixeira queimando?
A igreja parece muito normal, um grupo de pessoas observa alguma coisa.
Uma montanha escura de ferro, nuvens cinzentas.
Continuo meu trajeto, acabo decidindo chegar na praça. Estrondo. Caem escombros num caminhão fazendo barulho. A quadra toda isolada pela polícia.
Muita gente jogada no chão, muita coisa espalhada no chão, barraca, colchão, igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, desordem, a casa na rua.
Um homem de cabelo vermelho fala que conhecia uma das vítimas. Mas é contra Bolsa Família. Ele trabalhou e conquistou.
- Ela queria fazer o cabelo da cor do meu. Ela trabalhava. Uma pena os dois gêmeos.
Uma moça fala que "esse pessoal ganha mil e nossos juízes ganham 45 mil".
- Têm pessoas que estão cadastradas em programas habitacionais para mais de 10 anos, o homem diz.
Lembrei desse verso de Blake.
Uma mulher gritando na calçada, atira coisas num prédio, as pessoas começam a andar pelo meio da rua.
Dois homens fortes, depois mais um, demeia idade, bem vestidos, gritam com ela:
- É patrimônio público, você será presa, vai andando.
Ando mais uma quadra, dois rapazes deitados na porta do super-mercado.
Um cheiro de queimado. Instintivamente, olho ao redor, uma lixeira queimando?
A igreja parece muito normal, um grupo de pessoas observa alguma coisa.
Uma montanha escura de ferro, nuvens cinzentas.
Continuo meu trajeto, acabo decidindo chegar na praça. Estrondo. Caem escombros num caminhão fazendo barulho. A quadra toda isolada pela polícia.
Muita gente jogada no chão, muita coisa espalhada no chão, barraca, colchão, igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, desordem, a casa na rua.
Um homem de cabelo vermelho fala que conhecia uma das vítimas. Mas é contra Bolsa Família. Ele trabalhou e conquistou.
- Ela queria fazer o cabelo da cor do meu. Ela trabalhava. Uma pena os dois gêmeos.
Uma moça fala que "esse pessoal ganha mil e nossos juízes ganham 45 mil".
- Têm pessoas que estão cadastradas em programas habitacionais para mais de 10 anos, o homem diz.
Pelo que parece, as pessoas estavam abandonadas, sem proteção. E tantos imóveis vazios.
Penso que a imagem remete a um campo de refugiados. São os esquecidos da terra, são as pessoas que não podem mais ser cidadãos, que fogem da guerra contra as drogas ou do fogo que alguém criou.
Afonso Jr. Lima
Afonso Jr. Lima
quinta-feira, maio 03, 2018
Minhas namoradinhas - 1871 - versão do poema de Arthur Rimbaud
Um destilado lacrimal lava
os céus verde-oliva
sob a árvore em broto que baba
vosso látex
Branco de luas particulares
de rótulas redondas
nas almofadas em que me ajoelho
minha feia
Nós nos amávamos naquela época
feia azul
comíamos os ovos quentes
na casca
Um dia, me sagraste poeta
loura feia
desce aqui, tenho chicotes
deita no meu colo
Desarrumei tua cabeleira
negra feia
você quebrou meu bandolim
com tua testa
Ah! minhas salivas secas
ruiva feia
infectam as trincheiras
do teu seio
Ó pequenas amantes
eu vos odeio!
algemas dolorosas
mamilos feios
Roubar minhas vasilha antigas
de sentimento;
- pule assim! ser bailarinas
por um momento!
Arthur Rimbaud
- versão Afonso Jr. Lima
Mes petites amoureuses
Un hydrolat lacrymal lave
Les cieux vert-chou
Sous l'arbre tendronnier qui bave,
Vos caoutchoucs
Blancs de lunes particulières
Aux pialats ronds,
Entrechoquez vos genouillères,
Mes laiderons !
Nous nous aimions à cette époque,
Bleu laideron !
On mangeait des oeufs à la coque
Et du mouron !
Un soir, tu me sacras poète,
Blond laideron :
Descends ici, que je te fouette
En mon giron ;
J'ai dégueulé ta bandoline,
Noir laideron ;
Tu couperais ma mandoline
Au fil du front.
Pouah ! mes salives desséchées,
Roux laideron,
Infectent encor les tranchées
De ton sein rond !
Ô mes petites amoureuses,
Que je vous hais !
Plaquez de fouffes douloureuses
Vos tétons laids !
os céus verde-oliva
sob a árvore em broto que baba
vosso látex
Branco de luas particulares
de rótulas redondas
nas almofadas em que me ajoelho
minha feia
Nós nos amávamos naquela época
feia azul
comíamos os ovos quentes
na casca
Um dia, me sagraste poeta
loura feia
desce aqui, tenho chicotes
deita no meu colo
Desarrumei tua cabeleira
negra feia
você quebrou meu bandolim
com tua testa
Ah! minhas salivas secas
ruiva feia
infectam as trincheiras
do teu seio
Ó pequenas amantes
eu vos odeio!
algemas dolorosas
mamilos feios
Roubar minhas vasilha antigas
de sentimento;
- pule assim! ser bailarinas
por um momento!
Arthur Rimbaud
- versão Afonso Jr. Lima
Mes petites amoureuses
Un hydrolat lacrymal lave
Les cieux vert-chou
Sous l'arbre tendronnier qui bave,
Vos caoutchoucs
Blancs de lunes particulières
Aux pialats ronds,
Entrechoquez vos genouillères,
Mes laiderons !
Nous nous aimions à cette époque,
Bleu laideron !
On mangeait des oeufs à la coque
Et du mouron !
Un soir, tu me sacras poète,
Blond laideron :
Descends ici, que je te fouette
En mon giron ;
J'ai dégueulé ta bandoline,
Noir laideron ;
Tu couperais ma mandoline
Au fil du front.
Pouah ! mes salives desséchées,
Roux laideron,
Infectent encor les tranchées
De ton sein rond !
Ô mes petites amoureuses,
Que je vous hais !
Plaquez de fouffes douloureuses
Vos tétons laids !
quarta-feira, maio 02, 2018
Dance (English version)
(This is a rush translation. Version may not be in its final form.)
She came to visit her father's franchise.
She had been invited.
Her mother becomes mad when she heard about it:
- Marta's 13-year-old daughter is pregnant.
At the fair, the father was encouraged, he allowed everything, it seems that he made 80 thousand a day, there were a lot of people, a 15-year-old boy who used to suffer at home, promoter, judge, living it.
"Peace came from our struggle," said his father.
The tents were selling bricks and the police watched in the distance.
They did not want to help the red mayor.
"I told you I do not want you to come here." Today we have judgment.
She knew that the father would take the guys inside the hotels, then the carmen would disappear with the pieces through the city.
He had to leave without saying what he wanted. It was a party. Everyone needs to get away from time to time.
Afonso Jr. Ferreira de Lima
She came to visit her father's franchise.
She had been invited.
Her mother becomes mad when she heard about it:
- Marta's 13-year-old daughter is pregnant.
At the fair, the father was encouraged, he allowed everything, it seems that he made 80 thousand a day, there were a lot of people, a 15-year-old boy who used to suffer at home, promoter, judge, living it.
"Peace came from our struggle," said his father.
The tents were selling bricks and the police watched in the distance.
They did not want to help the red mayor.
"I told you I do not want you to come here." Today we have judgment.
She knew that the father would take the guys inside the hotels, then the carmen would disappear with the pieces through the city.
He had to leave without saying what he wanted. It was a party. Everyone needs to get away from time to time.
Afonso Jr. Ferreira de Lima
terça-feira, maio 01, 2018
A Paz
com nossas asas manchadas
carregamos os valores da vida
em meio à névoa, cansados e persistentes
carregamos o sopro da vida
com nossas ilusões, com nossa força desconhecida
movemos o mundo para frente
carregamos a luz e a paz
cada criança e cada mulher
cada homem e toda a natureza
a paz feita de pão e teto, a paz da justiça
mesmo que não vençamos agora
carregamos a solidariedade
em meio à escuridão e ao fogo
com nossas asas manchadas
Afonso Jr. Ferreira de Lima
carregamos os valores da vida
em meio à névoa, cansados e persistentes
carregamos o sopro da vida
com nossas ilusões, com nossa força desconhecida
movemos o mundo para frente
carregamos a luz e a paz
cada criança e cada mulher
cada homem e toda a natureza
a paz feita de pão e teto, a paz da justiça
mesmo que não vençamos agora
carregamos a solidariedade
em meio à escuridão e ao fogo
com nossas asas manchadas
Afonso Jr. Ferreira de Lima
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