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domingo, março 03, 2019

Império

Cantava o hino enquanto via pela janela a aproximação do planeta. Desceram em forma, a bandeira tremulando à frente.
Tinha orgulho.
Sabia que o trabalho era sangrento. Havia muito perigo quando se falava em populações selvagens. Estava feliz por poder salvar seu povo, derrotar um ditador, levar ajuda.
Dentro dele, sua mente artificial dava ordens.
As aldeias ardiam. As colônias voltariam a um estado de paz.
Em meio às chamas, uma criança de rosto sujo pela fumaça chorava. Sua mente artificial ordenou matá-la.
Ele resistiu. Um companheiro arrastou a criança pelo braço e a jogou aos cães.
Aquela noite passou na prisão.
Já não se sentia o mesmo.
E se as colônias apenas lutassem pela sua liberdade?
A mente artificial lhe exigia obediência.
Pediu licença e retornou à Terra.

Afonso Lima

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