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sábado, outubro 12, 2019

Cabeça de dragão

Seriam a fusão de vários cantos, relatos ou manuscritos?
Provavelmente o estudioso jamais saberá.
Agradecemos aos cronistas que amalgamaram esses textos.

*

"Somos um povo sagrado, eles são impuros e dignos de morrer." 

Começamos a luta contra o monoteísmo judeo-cristo-islâmico (a sua vanguarda feudal) quando as milícias religiosas promoveram o massacre das sacerdotisas na montanha. 

Havíamos aguentado demasiado. A expulsão dos nativos para as florestas altas com a desculpa de "um país sem povo para um povo sem país", a destruição das árvores para extração de minérios em busca de um novo planeta, a exportação como meta enquanto milhões morriam de fome. 

E, depois, vieram os terroristas monoteístas incentivados por sacerdotes fanáticos: na falta de algo melhor para fazer com as riquezas acumuladas na exploração, criaram a sagrada família. 

As mulheres não monoteístas foram punidas com "perda de pontos". Uma mulher sem filhos passou a ter dificuldade em chegar à faculdade, sem casamento até os vinte anos ficava cada dia mais difícil conseguir uma passagem de avião ou mesmo um cabeleireiro à preço justo. 

Assim, as massas de filhos tinham que colonizar também as terras altas, onde estão as fontes sagradas. 

"Eles são impuros", disse o grande juiz ao condenar por espionagem um grande general acusado injustamente. Assim, se criou uma nova fronteira. Algo parecido disse, 100 anos depois, o sacerdote que pregou que não se alugasse apartamentos para "pagãos". Deus havia prometido domínio de territórios e riqueza, e para isso era preciso um planejamento detalhado, calculando artes, comunicação, economia, ciência, cargos políticos. 

Basicamente somos mulheres que colocam a cabeça do dragão nos pés dos soldados rendidos.
As mulheres fanáticas foram presas, incendiamos o templo de ouro, vamos libertar as crianças de seu silêncio.

Depois de enforcados os incendiadores de multidões, vamos prosperar com as diferenças. É claro que o Império está sorrindo, mas somos guerreiras decididas, somos muitas (o monoteísmo é pequeno), e vamos vencer.

Nosso pensar muda sempre, nosso amor está até com as mulheres e homens monoteístas pela paz, porque seu deus não significa "um manda, e outro obedece".

Protegemos nossos filhos e filhas - os antigos, as árvores, a terra, as crianças. 
A luta significa sobrevivência.

Afonso Junior Ferreira de Lima
 

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