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terça-feira, janeiro 14, 2020

Após a explosão

Vladimir M., o "cavaleiro vermelho", responsável pela Stasi Internacional, uma nomeação que representou uma vitória da elite progressista da União Soviética, era responsável pela investigação dos "inimigos da revolução". Criuleni - investigadora independente - aguardava seu amigo no aeroporto do Cairo. A máscara de Criuleni, capaz de se mesclar ao rosto, lhe propiciava a mudança de feições que quisesse.

Na Indonésia, há um ano, sua mediação havia evitado a execução de 3 mil pessoas "diagnosticadas" como tendo "a doença da orientação sexual pervertida". 

A grande cidade parava no dia da homenagem às vítimas da bomba de urânio e da rendição incondicional.

John Penny, líder do Corpo de Guardiões da Liberdade, foi o primeiro a discursar:

"Nossos agentes descobriram a maior base terrorista da história no Norte da Africa. enquanto nosso governo é atacado pelo inimigo interno, estamos nos aproximando do maior patrocinador do terrorismo internacional, da maior ameaça para a paz e a segurança do planeta. Vocês sabem que eu tenho uma relação pessoal com Jesus. E Ele me disse que não foi em vão que ganhamos do Norte socialista."

O prefeito de Nova Iorque, e seu termo pouco alinhado de azul escuro, veio em seguida.

"Nossa cidade levou décadas para superar o terrível trauma da derrota. 300 mil pessoas desapareceram em virtude da bomba russa. Se, hoje, a União Soviética trilha os caminhos da democracia, devemos nós também evitar o medo irracional e dar os braços aos defensores da paz, extinguindo as armas nucleares e químicas sem restrições".

Vladimir M. observava no espelho a estátua de Stalin com o átomo nas mãos. Estava no escritório do general Molotov no Egito.

- Um país derrotado como os Estados Unidos deveria ser mais cuidadoso - disse o general.
- Sabemos há anos que a Corporação dentro do Corpo de Guardiões cria atentados para remover líderes nacionalistas. Mas, agora, eu suspeito de algo muito pior.

- Quem diria, você... Quando eu o conheci na Associação Soviética dos Poetas Operários, pensei que seria assassinado em pouco tempo. A sorte que tivemos com o trotskista louco.

- Se Koba não tivesse morrido, a "Declaração de Paz" não tivesse sido feita, a Europa não tivesse sido reconstruída por nós, como teríamos detido o poder religioso que tomou conta dos Estados Unidos? O sistema de propaganda já fala em terrorismo. Suspeito de uma arma terrível, capaz de exterminar.


Um ataque químico de foguetes desorientou a população de uma cidade produtora de petróleo do Reino da Arábia, controlado pelos Senhores da Purificação.

Criuleni tentou contato com Vladimir em vão através do rádio equipado com dispositivo de distorção. Ela sabia, agora, da emboscada.

A imprensa estava faminta. John Penny tinha fotos do cavaleiro vermelho chegando ao Kilimanjaro, conhecido desde a antiguidade como "a montanha branca da África". Documentos revelaram um acordo secreto entre Stalin e Hitler, pelo qual as armas atômicas alemãs passariam ao controle russo, desde que alguns fiéis nazistas pudessem continuar o plano de Reich de Mil Anos em algum lugar isolado. Se dizia que, sendo o Reino da Arábia, atacado, se geraria o medo da restrição de oferta, fazendo os preços globais subirem, favorecendo a União Soviética, segundo maior produtor global.

- Você precisa fugir agora. Alguma coisa saiu errado, e eles vão assassiná-lo - foi o que finalmente recebeu o cavaleiro vermelho através de um pombo mecânico. 

Enquanto isso, em Washington, John Penny leva o presidente a assinar uma ordem de execução.

- "Sanciono esta lei com uma oração para que Deus: é preciso acabar com o medo" - disse o presidente ao nomear um Missionário Chefe oriundo do Corpo de Guardiões da Liberdade para liderar um grupo de dois mil pastores para evangeliar o Norte da África.

Criuleni assumiu o rosto de Vladimir M. e recebeu o tiro em seu lugar. Um mecanismo desfez seu corpo, eliminando rastros. 
cavaleiro vermelho vê pela televisão sua morte e decide desaparecer na multidão para investigar o  
que está acontecendo.

Afonso Junior Ferreira de Lima 

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