Minha máquina do tempo tinha o peso da morte.
Penso que é uma simplificação toda essa narrativa "do mito à ciência".
Os cientistas do futuro chamarão a ciência do século XXI de superstição, por ter fundamentos errados.
Os fatos não saberei explicar. Todos na minha nave estavam mortos. Eu chegava perto daquele planeta com três sóis, com água e oxigênio, depois de cruzar 25 mil anos-luz.
Eu aproximei-me do planeta com a sonda. Minha intenção era pousar no mar.
A cor azul me fazia sorrir. Apenas as três estrelas no céu me davam alguma angústia.
Por algum motivo não conseguia calcular com alguma exatidão a rota do impacto de chegada, o problema me fez abortar a aterrissagem.
Preferi dormir um pouco.
A aterrissagem foi perfeita.
Cheguei próximo a uma cidade em ruínas. Nenhuma viva alma.
Segui uma estrada. Meus aparelhos detectam calor em movimento.
Uma figura como de um frei, rodas se aproximam, eles a aprisionam.
Eu luto, ficam paralisados.
A mulher conta ser uma curandeira, que anda de cidade em cidade.
- A destruição nos encontrou. A proteção já não existe. Fabricamos a ciência que podemos com os tecidos de palavras que nos restam, tudo é conflito.
Eu digo a ela para vir comigo à nave.
- O Alto Sacerdote domina os demônios do tempo.
Ela me conta que neste mundo a inteligencia não é útil, os animais desapareceram, os poderosos comem literalmente os seus servos.
Sinto uma flexa na parte de trás da perna.
Escuridão. Lentamente minha realidade se constrói. Minha nave. Seria um livro que eu lera?
Eu decidi fugir daquele planeta com três sóis.
*
Afonso Junior Ferreira de Lima
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