Aqui eu sigo, entro, correnteza, o azul ou verde somente na praia, porque na vida, no dia, o mar não tem cor, o ciclo das coisas, arrastado, que o tempo leva, ontem tumulto, na rua esperando, não vão nos receber, não vão nos ouvir, agora o silêncio, palavra congelada, eu me lembro, eu mergulho, jovem assustado, o deserto, foram na infância os monstros, as deusas e a morte para desunir o pacto, e por fora branco, aquele tio tão gordo, chegando eu, caçador feliz, existe algo além da muralha, uma Noite, os palhaços, a ilha, ele caminha pela lama com suas botas novas, luvas de pelica, de braços dados com um dia de verão, comendo peixe e tomando vinho e minha vida de jovem oprimido eu via de cima dessa torre, cantamos nas tavernas, juntamos os cacos, o eco nos ossos, as rotas bloqueadas e a procura de um caminho, a força estrangeira, traição, eu sigo, as capas vermelhas, eu ganho fama com o peso, eu sou da frota de novos juncos para o Relatório Geral das terras bárbaras, o porão, aquele homem sobre Sodoma, eu precisava dele, as multidões nas feiras, em promoção, levo na arca os loucos todos, esse livro da Idade Média extra-ordianariamente diverso, beijo da mãe na testa, vício instintivo, encontro numa plataforma de estação rodoviária, que realiza o homem, natureza informável, e disse o coronel - percebe-se que o senhor não conhece os filhos de Judas, essa raça só faz trair há séculos, a névoa sobre a rota, e já uma estrela, é preciso, eu lembro, eu vou, o desconhecido, fantasmas eu vi em rima, neve, oficial de cavalaria, aquilo que salta, meu deus!, o que fui fazer!, de bruços, paro antes de ver uma mulher e um trem, pesca na estante, companhia necessária, são muitos ruídos, autorizando o comércio e as conquistas dos pagãos, aceito a frase, imaginação ligeira, maior que tudo, o amor frio, o retrato de corpo inteiro dele, toda a minha arte, arte inútil, a irradiação da própria beleza, o elogio da loucura e a música do prazer na colina, os desejos sufocados que envenenam o espírito, o sol e as flores, que divertimento!, que mergulho!, o beijo de uma onda e os sinos, a vida é mais, terra não vista, costurando textos, reverência crítica, resistir ao mundo-aí, o tempo muda, a tempestade, na terra estranha, homens suspeitam, recolho os guizos, minha chama é guia, trocar de pele, inveja, sangue e luta, a sociedade é mal organizada, a queda e os invasores, e sempre a viagem, farrapos on the road, barco enviado, por Preste João, a gaivota solitária, chego ao Índico, à beira do rio, marginal fétida, nas noites sem lua, tremor e eclipse, agora a navalha, o lodo escuro, o machado afiado, incêndio do livro, a língua crespa, algo avança, eu conto, o texto risco, me livro, eu vivo, o ato todo, o mar na tarde se vai apagando, recomeça, aqui eu sigo.
Afonso Junior ferreira de Lima