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quinta-feira, outubro 11, 2018

Quem foi Paul Aussaresses?

Eu era recém formada em advocacia. Eu tive um caso com um político, ele se candidatou novamente, ele me dispensou, resolvi ameaçar, fui presa, resolveram me assustar. Me puseram nua, me ameaçaram com estupro, colocaram baratas no meu corpo, me afogaram.

Eu fugi do país.
Dez anos depois, comecei na França uma série de entrevistas para um livro.
Eles torturavam por informação.

[De lá, podíamos ouvir nitidamente os gritos, primeiro do interrogador e, depois, de Vladimir e ouvimos quando o interrogador pediu que lhe trouxessem a “pimentinha” e solicitou ajuda de uma equipe de torturadores. Alguém ligou o rádio, e os gritos de Vladimir se confundiam com o som do rádio…]
Comecei a ver casos de suicídio simulado, parecidos com o do Herzog.

[A segurança interna, integrada na segurança nacional, diz respeito às ameaças ou pressões antagônicas, de qualquer origem, forma ou natureza, que se manifestem ou produzam efeito no âmbito interno do país.]

Um general francês me conta de um Congresso em Buenos Aires, em 1961, sobre Guerra Contrarrevolucionária, com 15 países.

Manuais, instruções, treinamentos. Entrevistei um homem que se dizia "guerreiro da selva".
Eu fui até a selva.

[A guerra psicológica adversa é o emprego da propaganda, da contrapropaganda e de ações nos campos político, econômico, psicossocial e militar, com a finalidade de influenciar ou provocar opiniões, emoções, atitudes e comportamentos de grupos estrangeiros, inimigos, neutros ou amigos, contra a consecução dos objetivos nacionais.]

Eu falei com um sobrevivente.

"Eu vi um saco de cabeças. De subversivos".

[Sua morte ocorre no contexto da crescente atividade desenvolvida pelo comunismo no Brasil, com sua ação de infiltração e de proselitismo.

As chamadas “prisões em massa” constituem parte da técnica desenvolvida pelas organizações comunistas para neutralizar ou impedir a ação dos órgãos de segurança. Não há “prisões em massa”, e sim prisões legais, para identificar e aprofundar os dados disponíveis sobre a ação comunista.]
Me falaram de cursos. O coronel Paul - nascido no sul da França - tinha um cargo oficial.

Aussaresses deu formação aos militares nos EUA, entre 1961 a 1963, ensinava as técnicas de Argel.

[A sentença, proferida pelo juiz Márcio de Moraes, em 27 de outubro de 1978, em circunstâncias adversas, pois ainda não havia sido revogado o AI-5, concluiu que

-  a prisão de Vladimir foi ilegal, reconhecendo, então, que a União prende arbitrariamente;
-  Vladimir foi torturado e que, no do DOI/CODI, a tortura é método de investigação;
-  não tem qualquer valor o laudo pericial que atribuiu a morte de Vladimir a suicídio voluntário;
-  declarou a responsabilidade da União Federal, ao julgar inteiramente procedente a ação dos autores.]

Falaram sobre Eva. Paul havia dado um cartão a ela. Foi levado por Figueiredo a um porão. “Eva estava no chão, havia sido torturada. Depois de alguns dias, lhe disseram que ela não resistiu às torturas”.

[A guerra revolucionária é o conflito interno, geralmente inspirado em uma ideologia ou auxiliado do exterior, que visa à conquista subversiva do poder pelo controle progressivo da Nação.]

"Tudo que sabemos, aprendemos dos franceses. Paul treinou os brasileiros. Vários chilenos foram a Manaus aprender tortura com ele" - disse um general chileno. Uma matriz de pensamento para o planejamento: inimigo interno.

Eu mudei minha pesquisa.

Afonso Lima

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