Parabéns a Rede Record por sua postura independente! Isso pode parecer uma contradição: esta emissora é criticada por ser de uma seita religiosa. (Uma vez Boris Cassoi disse que apenas não era o lobby dos bancos...) Entretanto percebe-se que a linha editorial pouco influi, ou parece ser menos severa.
Duas reportagens esse domingo chamaram minha atenção: uma sobre o PCC e outra sobre Hugo Chaves e Evo Morales.
A primeira rompeu o silêncio das emissoras a respeito da “facção criminosa”. Não sei bem o porque mas, se no início se dizia seu nome, aos poucos foi-se silenciando, caindo no abstrato. Será medo?
A Record não. Falou o nome e ainda entrevistou pertinentemente pessoas sobre as origens do dinheiro, etc.
A outra reportagem começou de modo não muito promissor. “O nacionalismo” era chamada a virada a esquerda da América Latina. Mas a reportagem foi atrás dos pobres da Venezuela, mostrou trabalhos de educação e saúde e – pasmem!- não deu a última palavra ao “jornalista” que dizia que nada ajudava o povo. Levando em conta a campanha do governo americano que chama de democracias “populistas” todas as esquerdas e diz continuamente que Hugo chaves é um tipo de “ditador”, isso soa como um foco de luz.
Nunca havia visto uma reportagem tão isenta sobre o tema. Chocou!
quarta-feira, maio 31, 2006
Arca Russa, Rússia-Alemanha, 2002, 99 min, de Aleksandr Sokúrov
Um homem percorre os corredores do Museu Hermitage, em São Petersburgo.
Nos primeiros 30 minutos você fica olhando o cara caminhar e encontrar muitas mulheres de vestidos bonitos, soldados, etc. Alguns comentários sobre um quadro, o cara vê uma cena no Palácio e acha que é Pedro, o grande.... Fico pensando se devo sair correndo, se devo parecer “cult” e manter a linha... Quando você já desistiu e aceitou, de repente começa a tentar entender o teor da mensagem: é isso mesmo, o cara quer comentar sobre os quadros, encontrar personagens, tipo “pensando alto”...
Então aparecem comentários sobre trechos da história, por exemplo, o horror nazista.
Esses comentários são interessantes, tem-se a impressão de que salvariam o filme.
São, entretanto apenas relâmpagos de historia.
O filme parece uma tentativa meritória de fazer algo “inovador” e “cultural”, mas, sinceramente, falta-lhe um pouco de “pimenta”, ou seja, a velha idéia (velha mas que sempre funciona) de aristotelismo poético: unidade de ação, mudança, necessidade, verossimilhança, etc. etc. Claro que Tchecov já mostrou que tudo isso pode ser rabiscado, quebrado, etc, que sentido pode ser outra coisa, mas...
Hoje é preciso muita coragem para não cair no estereótipo do modernismo, palavras confusas, quebrar com a lógica comum, etc. etc - afinal a nova lógica burguesa é o caos.
É o mesmo com a arte contemporânea.
O Santander apresenta uma maravilhosa mostra “É Hoje”. Maravilhosa porque, dentro da abertura de materiais, temas e conceitos que a arte se permite realmente, tem um efeito plástico, “atinge a meta”. Ou seja, como disse nosso bom Kafka, quando um acaso se repete infinitamente, passa a ser parte do ritual.
Muito do que se faz agora tem apenas o fim de “ser moderno” e não de “satisfazer”. Quando digo satisfazer me refiro ao que Aristóteles dizia com “admiração”, não necessariamente compreensão racional. A maioria das obras realmente são muito “racionais”, seu conceito não desperta uma afetividade imediata.
O filme Arca Russa se perde numa pseudo-intelectualidade, um vagar sem nexo, longo, mas não é de todo ruim, pois lá pelo meios das andanças, acaba-se encontrando uma certa “conclusão”, os episódios se tornam mais interessantes no final. Mas fica a pergunta: por que não um documentário; por que não a “vida de Pedro, o Grande?”
Um homem percorre os corredores do Museu Hermitage, em São Petersburgo.
Nos primeiros 30 minutos você fica olhando o cara caminhar e encontrar muitas mulheres de vestidos bonitos, soldados, etc. Alguns comentários sobre um quadro, o cara vê uma cena no Palácio e acha que é Pedro, o grande.... Fico pensando se devo sair correndo, se devo parecer “cult” e manter a linha... Quando você já desistiu e aceitou, de repente começa a tentar entender o teor da mensagem: é isso mesmo, o cara quer comentar sobre os quadros, encontrar personagens, tipo “pensando alto”...
Então aparecem comentários sobre trechos da história, por exemplo, o horror nazista.
Esses comentários são interessantes, tem-se a impressão de que salvariam o filme.
São, entretanto apenas relâmpagos de historia.
O filme parece uma tentativa meritória de fazer algo “inovador” e “cultural”, mas, sinceramente, falta-lhe um pouco de “pimenta”, ou seja, a velha idéia (velha mas que sempre funciona) de aristotelismo poético: unidade de ação, mudança, necessidade, verossimilhança, etc. etc. Claro que Tchecov já mostrou que tudo isso pode ser rabiscado, quebrado, etc, que sentido pode ser outra coisa, mas...
Hoje é preciso muita coragem para não cair no estereótipo do modernismo, palavras confusas, quebrar com a lógica comum, etc. etc - afinal a nova lógica burguesa é o caos.
É o mesmo com a arte contemporânea.
O Santander apresenta uma maravilhosa mostra “É Hoje”. Maravilhosa porque, dentro da abertura de materiais, temas e conceitos que a arte se permite realmente, tem um efeito plástico, “atinge a meta”. Ou seja, como disse nosso bom Kafka, quando um acaso se repete infinitamente, passa a ser parte do ritual.
Muito do que se faz agora tem apenas o fim de “ser moderno” e não de “satisfazer”. Quando digo satisfazer me refiro ao que Aristóteles dizia com “admiração”, não necessariamente compreensão racional. A maioria das obras realmente são muito “racionais”, seu conceito não desperta uma afetividade imediata.
O filme Arca Russa se perde numa pseudo-intelectualidade, um vagar sem nexo, longo, mas não é de todo ruim, pois lá pelo meios das andanças, acaba-se encontrando uma certa “conclusão”, os episódios se tornam mais interessantes no final. Mas fica a pergunta: por que não um documentário; por que não a “vida de Pedro, o Grande?”
Ai Meus Deus! Quando que a copa ACABA?
Trinta minutos de Globo esporte com a chegada da seleção, ao vivo da Suíça, a neta do Pareira, as piadas dentro do avião... Aí começa o Jornal Hoje. Qual a primeira notícia? Voltamos a Suíça, para dizer as mesmas coisas... “A seleção acaba de chegar e está no hotel...”
Tá certo que futebol é dinheiro, futebol é cultura, futebol é tudo! (Eu bem quero que eles ganhem, mas é jogo, não é “O” Brasil! E, sinceramente, nestes tempos de equipes tão qualificadas, com esse técnico tão metódico, que não demonstra paixão, será?! Quero Filipão!)
èaquele negócio, se alguém vem deSalvadore você pergunta, como vaia Carla Pers, tem um negócio... O futebol se tornou tudo,umamídia demolidora,todo homem passametade de sua vida no futebol, as massas cada vez mais pobes e violentas, e o futebol mais celebrizado, cada dia um jogo, os jogadores são deuses... Aí dá aquele "overdose", sabe...
Dois meses sem ver TV?
Trinta minutos de Globo esporte com a chegada da seleção, ao vivo da Suíça, a neta do Pareira, as piadas dentro do avião... Aí começa o Jornal Hoje. Qual a primeira notícia? Voltamos a Suíça, para dizer as mesmas coisas... “A seleção acaba de chegar e está no hotel...”
Tá certo que futebol é dinheiro, futebol é cultura, futebol é tudo! (Eu bem quero que eles ganhem, mas é jogo, não é “O” Brasil! E, sinceramente, nestes tempos de equipes tão qualificadas, com esse técnico tão metódico, que não demonstra paixão, será?! Quero Filipão!)
èaquele negócio, se alguém vem deSalvadore você pergunta, como vaia Carla Pers, tem um negócio... O futebol se tornou tudo,umamídia demolidora,todo homem passametade de sua vida no futebol, as massas cada vez mais pobes e violentas, e o futebol mais celebrizado, cada dia um jogo, os jogadores são deuses... Aí dá aquele "overdose", sabe...
Dois meses sem ver TV?
domingo, maio 28, 2006
É uma pena que a formação de linhas editoriais duras estejam dando chance de que as asneiras e os fatos se misturem.
Vide o caso em que Franklin Martins, colunista da Globo, admirável por sua isenção, é alvo do cronista da Veja (graças a estes ataques, o contrato do promeiro não foi removado):
"O sr. Diogo Mainardi, em artigo intitulado “Jornalistas são brasileiros”, publicado na revista Veja de 16 de abril de 2006, acusou a mim e a outros profissionais de imprensa de sermos “moralmente frouxos” e de mantermos “relações promíscuas” com o poder político.
No meu caso, saiu-se com a estapafúrdia história de que eu teria uma cota pessoal de nomeações no serviço público. Nessa cota, estariam meu irmão, Victor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), e minha mulher, Ivanisa. (...)
O sr. Mainardi, por exemplo, tem a prerrogativa de dizer as bobagens que lhe dão na telha, mas não pode ficar chateado se aparecer alguém em seguida dizendo que ele não passa de um bobo.
Pode pedir a deposição do presidente Lula, mas não pode ficar amuado se alguém, por isso, chamá-lo de golpista.
Pode dizer que o povo brasileiro é moralmente frouxo, mas não pode se magoar depois se alguém classificá-lo apenas como um tolo enfatuado.
Ou seja, o sr. Mainardi pode falar o que quiser, mas não pode querer impedir que os outros falem. "
http://franklinmartins.globo.com/franklinmartins/index.html
Franklin Martins:
cineastas, professores e jornalistas lançam manifesto em sua defesa
Por Pedro Venceslau/Redação Portal IMPRENSA
"EM DEFESA DE UM JORNALISMO
QUE LEVE À REFLEXÃO E NÃO AO ÓDIO E O RESSENTIMENTO -
À Central Globo de Jornalismo
Nós, abaixo- assinado, encaminhamos -- à Central Globo de Jornalismo -- nossos protesto e preocupação com a demissão do jornalista e comentarista político FRANKLIN MARTINS, um dos mais qualificados e respeitados profissionais do país.
Acusado levianamente por um articulista, cuja missão "do momento" parece ser unicamente agredir profissionais e intelectuais com relevantes serviços prestados ao aperfeiçoamento democrático do país, Martins não teve direito de resposta.
Esperamos que a Justiça obrigue o veículo a atender a este preceito básico do jornalismo: ouvir o contraditório.
A Rede Globo - que contava com Franklin Martins nas importantes funções de diretor da sucursal de Brasília, comentarista do "Jornal da Globo" (ele exerceu, por um período, a mesma função no Jornal Nacional), titular de programa semanal na Globo News (em companhia da também jornalista Cristiana Lobo) -- ao invés de defender o profissional, o demitiu.
Franklin Martins é um jornalista empenhado em levar seus espectadores/ouvintes (ele ainda exerce seu ofício na Rádio CBN) à reflexão.
Por isto, externamos neste abaixo-assinado nossa inconformidade com seu afastamento do telejornalismo da emissora. Para finalizar, desejamos ao repórter e comentarista político que continue exercitando -- nos espaços que lhe forem abertos, doravante, e que esperamos, sejam muitos -- o jornalismo que leva o leitor/telespectador/ouvinte à reflexão, ao raciocínio crítico.
E rejeitando a prática de um jornalismo que estimula os baixos sentimentos, o ódio e o ressentimento.
Veja a listaMaria do Rosario Caetano, jornalista da revista CinemaJosé Tavares de Barros - professor e doutorPaulo Rufino – cineasta Manfredo Caldas – documentaristaRomeu Di Cesar – roteiristaSuzana Lira – jornalistaMário Nascimento – diretor cinematrgográficoGustavo Soranz Gonçalves - professor universitárioCésar Cavalcanti – cineastaVânia Catani – produtora de cinemaMaria Lucia Alvez Ferreira - jornalista"
http://www.portalimprensa.com.br/
Mande críticas para o Jornal da Globo:
http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,2748,00.html
Vide o caso em que Franklin Martins, colunista da Globo, admirável por sua isenção, é alvo do cronista da Veja (graças a estes ataques, o contrato do promeiro não foi removado):
"O sr. Diogo Mainardi, em artigo intitulado “Jornalistas são brasileiros”, publicado na revista Veja de 16 de abril de 2006, acusou a mim e a outros profissionais de imprensa de sermos “moralmente frouxos” e de mantermos “relações promíscuas” com o poder político.
No meu caso, saiu-se com a estapafúrdia história de que eu teria uma cota pessoal de nomeações no serviço público. Nessa cota, estariam meu irmão, Victor Martins, diretor da Agência Nacional de Petróleo (ANP), e minha mulher, Ivanisa. (...)
O sr. Mainardi, por exemplo, tem a prerrogativa de dizer as bobagens que lhe dão na telha, mas não pode ficar chateado se aparecer alguém em seguida dizendo que ele não passa de um bobo.
Pode pedir a deposição do presidente Lula, mas não pode ficar amuado se alguém, por isso, chamá-lo de golpista.
Pode dizer que o povo brasileiro é moralmente frouxo, mas não pode se magoar depois se alguém classificá-lo apenas como um tolo enfatuado.
Ou seja, o sr. Mainardi pode falar o que quiser, mas não pode querer impedir que os outros falem. "
http://franklinmartins.globo.com/franklinmartins/index.html
Franklin Martins:
cineastas, professores e jornalistas lançam manifesto em sua defesa
Por Pedro Venceslau/Redação Portal IMPRENSA
"EM DEFESA DE UM JORNALISMO
QUE LEVE À REFLEXÃO E NÃO AO ÓDIO E O RESSENTIMENTO -
À Central Globo de Jornalismo
Nós, abaixo- assinado, encaminhamos -- à Central Globo de Jornalismo -- nossos protesto e preocupação com a demissão do jornalista e comentarista político FRANKLIN MARTINS, um dos mais qualificados e respeitados profissionais do país.
Acusado levianamente por um articulista, cuja missão "do momento" parece ser unicamente agredir profissionais e intelectuais com relevantes serviços prestados ao aperfeiçoamento democrático do país, Martins não teve direito de resposta.
Esperamos que a Justiça obrigue o veículo a atender a este preceito básico do jornalismo: ouvir o contraditório.
A Rede Globo - que contava com Franklin Martins nas importantes funções de diretor da sucursal de Brasília, comentarista do "Jornal da Globo" (ele exerceu, por um período, a mesma função no Jornal Nacional), titular de programa semanal na Globo News (em companhia da também jornalista Cristiana Lobo) -- ao invés de defender o profissional, o demitiu.
Franklin Martins é um jornalista empenhado em levar seus espectadores/ouvintes (ele ainda exerce seu ofício na Rádio CBN) à reflexão.
Por isto, externamos neste abaixo-assinado nossa inconformidade com seu afastamento do telejornalismo da emissora. Para finalizar, desejamos ao repórter e comentarista político que continue exercitando -- nos espaços que lhe forem abertos, doravante, e que esperamos, sejam muitos -- o jornalismo que leva o leitor/telespectador/ouvinte à reflexão, ao raciocínio crítico.
E rejeitando a prática de um jornalismo que estimula os baixos sentimentos, o ódio e o ressentimento.
Veja a listaMaria do Rosario Caetano, jornalista da revista CinemaJosé Tavares de Barros - professor e doutorPaulo Rufino – cineasta Manfredo Caldas – documentaristaRomeu Di Cesar – roteiristaSuzana Lira – jornalistaMário Nascimento – diretor cinematrgográficoGustavo Soranz Gonçalves - professor universitárioCésar Cavalcanti – cineastaVânia Catani – produtora de cinemaMaria Lucia Alvez Ferreira - jornalista"
http://www.portalimprensa.com.br/
Mande críticas para o Jornal da Globo:
http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,2748,00.html
quinta-feira, maio 18, 2006
Vale a pena reprisar....
IBGE:
-Em 65,2% dos 51,8 milhões de domicílios particulares brasileiros havia segurança alimentar1.
Em todas as regiões, a prevalência de insegurança alimentar foi maior nos domicílios com pessoas de menos de 18 anos de idade.
-Observou-se prevalência maior de insegurança alimentar nos domicílios em que residiam menores de 18 anos de idade (41,9%) em comparação com a prevalência observada nos domicílios em que todos os moradores são adultos (24,2%). Foram classificados em situação de segurança alimentar 80,4% dos domicílios da região Sudeste sem moradores menores de 18 anos.
-No Brasil, moravam em domicílios com algum tipo de insegurança alimentar 50,4% da população de 0 a 4 anos de idade.
-Por outro lado, a população com garantia de acesso aos alimentos em termos qualitativos e quantitativos, ou seja, que vivia em domicílios em condição de segurança alimentar era de 71,9% (67,3 milhões de pessoas) entre os brancos e de 47,7% (41,7 milhões de pessoas) entre os pretos ou pardos.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=600&id_pagina=1
IBGE:
-Em 65,2% dos 51,8 milhões de domicílios particulares brasileiros havia segurança alimentar1.
Em todas as regiões, a prevalência de insegurança alimentar foi maior nos domicílios com pessoas de menos de 18 anos de idade.
-Observou-se prevalência maior de insegurança alimentar nos domicílios em que residiam menores de 18 anos de idade (41,9%) em comparação com a prevalência observada nos domicílios em que todos os moradores são adultos (24,2%). Foram classificados em situação de segurança alimentar 80,4% dos domicílios da região Sudeste sem moradores menores de 18 anos.
-No Brasil, moravam em domicílios com algum tipo de insegurança alimentar 50,4% da população de 0 a 4 anos de idade.
-Por outro lado, a população com garantia de acesso aos alimentos em termos qualitativos e quantitativos, ou seja, que vivia em domicílios em condição de segurança alimentar era de 71,9% (67,3 milhões de pessoas) entre os brancos e de 47,7% (41,7 milhões de pessoas) entre os pretos ou pardos.
http://www.ibge.gov.br/home/presidencia/noticias/noticia_visualiza.php?id_noticia=600&id_pagina=1
Deyse da Injeção. O nome já parece algo absurdo.
E quanta dignidade! No Jô Soares vemos uma mulher inteligente, doce, que foi empregada doméstica, como sabemos, anos e anos ganhando aquela miséria (o salário mínimo, segundo o DIEESE, deveria ser 1.500 reais) e se matando de trabalhar. (De modo até irônico, o operador do áudio do Congresso que vazou para a cadeia disse: “eu não ganho bem...”)
Depois, com Marcio Garcia, ela fala que “as pessoas da comunidade até se afastam quando chega perto um carro ou coisa assim, pois a gente sabe do preconceito, que vão nos tirar pra bandido”... e ainda: “eu fazia melody (funk romântico) antes e ninguém me deu espaço; aí comecei a fazer duplo sentido e me abriram as portas”.
“Ta ardendo, ta entrando...”
De um lado as senhoras de meia-idade chocadas, de outro, a meninada adorando o clima “Daku é bom” das letras...
Os antropóloucos de plantão adoram dizer “mas é a cultura deles”. E quando se aparece na TV, se comenta: “que lindo, estão sendo incluídos”.
É um jogo duplo: os cidadãos estão confrontados com baixíssimos salários e com novas autoridades do emprego disponível (uma vez vi um apresentador dizendo “quem ama seus filhos, não faz isso...”, o olhar burgues, pois não há comida, mesmo!), e produzem algo com o que recebem. (O ritmo é maravilhoso) Vemos então os apresentadores de TV falando que “incentivam a comunidade”, vendendo esse funk.
Tudo bem. Mas adoraria ver Deyse, por circunstâncias, "da Injeção", escrevendo algo baseado em Madame Bovary. Como advogada. (Ou uma compreensão "de dentro"sobre a origem das cousas). É um conformismo moderninho: por que um pobre gostaria de ler? Não, “Daku é bom...”
Ajr
E quanta dignidade! No Jô Soares vemos uma mulher inteligente, doce, que foi empregada doméstica, como sabemos, anos e anos ganhando aquela miséria (o salário mínimo, segundo o DIEESE, deveria ser 1.500 reais) e se matando de trabalhar. (De modo até irônico, o operador do áudio do Congresso que vazou para a cadeia disse: “eu não ganho bem...”)
Depois, com Marcio Garcia, ela fala que “as pessoas da comunidade até se afastam quando chega perto um carro ou coisa assim, pois a gente sabe do preconceito, que vão nos tirar pra bandido”... e ainda: “eu fazia melody (funk romântico) antes e ninguém me deu espaço; aí comecei a fazer duplo sentido e me abriram as portas”.
“Ta ardendo, ta entrando...”
De um lado as senhoras de meia-idade chocadas, de outro, a meninada adorando o clima “Daku é bom” das letras...
Os antropóloucos de plantão adoram dizer “mas é a cultura deles”. E quando se aparece na TV, se comenta: “que lindo, estão sendo incluídos”.
É um jogo duplo: os cidadãos estão confrontados com baixíssimos salários e com novas autoridades do emprego disponível (uma vez vi um apresentador dizendo “quem ama seus filhos, não faz isso...”, o olhar burgues, pois não há comida, mesmo!), e produzem algo com o que recebem. (O ritmo é maravilhoso) Vemos então os apresentadores de TV falando que “incentivam a comunidade”, vendendo esse funk.
Tudo bem. Mas adoraria ver Deyse, por circunstâncias, "da Injeção", escrevendo algo baseado em Madame Bovary. Como advogada. (Ou uma compreensão "de dentro"sobre a origem das cousas). É um conformismo moderninho: por que um pobre gostaria de ler? Não, “Daku é bom...”
Ajr
Dica da mana...
http://www.limitenarede.com.br/projeto.php?projeto=1
"Justiça - Um retrato da sociedade através de seu sistema penal brasileiro
JUSTIÇA agora em DVD! Além do filme, o DVD traz um segundo disco de extas com conteúdo fortemente educacional, que privilegia as principais questões levantadas nos debates sobre o filme, a sua repercussão na sociedade, nos meios acadêmico e jurídico, e as motivações que levaram a sua realização. Mais informações no site www.justicaofilme.com.
Um filme de Maria Augusta RamosJustiça, documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde muitos brasileiros jamais puseram os pés - um Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes, promotores) e os que estão de passagem (réus).
A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder - ou seja, aquilo que, em geral, nos é invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das pessoas, o discurso, os códigos, as posturas - todos os detalhes visuais e sonoros ganham relevância.O espaço, as pessoas e sua organização são registrados de maneira sóbria. A câmera está sempre posicionada em relação à cena mas não se move dramaticamente, não busca a falsa comoção. Sinal de respeito, de não-exploração.
No filme, não há entrevistas ou depoimentos, a câmera registra o que se passa diante dela.Maria Augusta Ramos observa um universo institucional extremamente fechado e que raras vezes é tratado pelo cinema ficcional brasileiro. Seu filme é tão mais importante em função de nossas limitações em termos de representação dos sistemas judiciais. Em geral, nosso olhar é formado pela visão do cinema americano, os “filmes de tribunal”.
Justiça, sob esse aspecto, é um choque de realidade.A cineasta vai acompanhar um pouco mais de perto uma defensora pública, um juiz/professor de direito e um réu. Primeiro, a câmera os flagra no “teatro” da justiça; depois, fora dele, na carceragem da Polinter e na intimidade de suas famílias.
Com suas opções claras, que não são escondidas por sua opção pela sobriedade e pela simplicidade, Maria Augusta Ramos deixa evidente que, como os documentários, a justiça está muito longe de ser isenta. Como e para quem a justiça funciona no Brasil é a questão que se apresenta em seu filme, sem respostas definitivas ou julgamentos preconcebidos. Pedro Butcher (Revista Cinemais)"
http://www.limitenarede.com.br/projeto.php?projeto=1
"Justiça - Um retrato da sociedade através de seu sistema penal brasileiro
JUSTIÇA agora em DVD! Além do filme, o DVD traz um segundo disco de extas com conteúdo fortemente educacional, que privilegia as principais questões levantadas nos debates sobre o filme, a sua repercussão na sociedade, nos meios acadêmico e jurídico, e as motivações que levaram a sua realização. Mais informações no site www.justicaofilme.com.
Um filme de Maria Augusta RamosJustiça, documentário de Maria Augusta Ramos, pousa a câmera onde muitos brasileiros jamais puseram os pés - um Tribunal de Justiça no Rio de Janeiro, acompanhando o cotidiano de alguns personagens. Há os que trabalham ali diariamente (defensores públicos, juízes, promotores) e os que estão de passagem (réus).
A câmera é utilizada como um instrumento que enxerga o teatro social, as estruturas de poder - ou seja, aquilo que, em geral, nos é invisível. O desenho da sala, os corredores do fórum, a disposição das pessoas, o discurso, os códigos, as posturas - todos os detalhes visuais e sonoros ganham relevância.O espaço, as pessoas e sua organização são registrados de maneira sóbria. A câmera está sempre posicionada em relação à cena mas não se move dramaticamente, não busca a falsa comoção. Sinal de respeito, de não-exploração.
No filme, não há entrevistas ou depoimentos, a câmera registra o que se passa diante dela.Maria Augusta Ramos observa um universo institucional extremamente fechado e que raras vezes é tratado pelo cinema ficcional brasileiro. Seu filme é tão mais importante em função de nossas limitações em termos de representação dos sistemas judiciais. Em geral, nosso olhar é formado pela visão do cinema americano, os “filmes de tribunal”.
Justiça, sob esse aspecto, é um choque de realidade.A cineasta vai acompanhar um pouco mais de perto uma defensora pública, um juiz/professor de direito e um réu. Primeiro, a câmera os flagra no “teatro” da justiça; depois, fora dele, na carceragem da Polinter e na intimidade de suas famílias.
Com suas opções claras, que não são escondidas por sua opção pela sobriedade e pela simplicidade, Maria Augusta Ramos deixa evidente que, como os documentários, a justiça está muito longe de ser isenta. Como e para quem a justiça funciona no Brasil é a questão que se apresenta em seu filme, sem respostas definitivas ou julgamentos preconcebidos. Pedro Butcher (Revista Cinemais)"
Belíssima matando a pau
Belíssima está de parabéns. Silvio de Abreu criou um enredo realmente interessante.
Ninguém sabe o que aconteceu, e a volta de “Bia Falcão” foi o acontecimento do ano, na TV. Fernanda Montenegro está insuperável, o vilão André esconde muito bem o que é, até a mocinha está interessante.
Se a gente fala mal dos excessos, é importante também falar do que há de bom.
Antes de tudo, criou-se no Brasil uma idéia de que “pessoas inteligentes” (seja lá o que isso for), não falam nem assistem novela (mas TODO MUNDO assiste; percebi isso quando fiquei seis meses sem TV; todos diziam “ah, eu não assisto novela, mas estava passando pela sala, você viu ontem?”).
Claro, a maioria delas realmente está apenas correndo atrás de IBOPE fácil, e para isso, num país com tantas pessoas que nem sequer podem ler, o negócio é vender a alma ao diabo. Isso deixa a gente com vontade de ler um livro, como disse alguém. O que se deve criticar é o fato de a maioria dos brasileiros ter apenas a novela como espelho do mundo. (Aliás, dizem que na Austrália o governo criou leis para que houvesse programas infantis de conteúdo didático nos horários em que a criança está em casa; aqui isso seria “censura”...)
Funcionam, no fundo, os mesmos moldes que funcionam para o romance ou o poema: uma síntese do mundo, um julgamento, uma sensação de identificação e suspense quanto aos personagens, etc. Somente quando é contado, algo se torna real. São as histórias que nos contam que fazem a vida ter sentido, pelas quais identificamos como agir, quem é bom e mau, que houve antes de eu chegar nesse mundo. Contar histórias e estórias é nosso jeito de estar no mundo. (Evidentemente, em um romance, se pode emitir mais julgamentos e reflexões, de modo a melhorar nossa compreensão do mundo, assim como das emoções humanas).
Mas a novela em si é um gênero como todos os outros, e tem suas regras e seu padrão “ótimo”. Ela não substitui um filme ou um livro, mas tem sua narrativa, sua abordagem e pode ser entretenimento qualificado. O que seria isso? É preciso ter “intriga”, um bom vilão, falas interessantes, uma simplificação do enredo, mas com força, tudo o que estamos vendo agora. (Tirando os sotaques sem sentido e que- pelo menos em Tony Ramos, são pedras no caminho do entendimento).
Toda vez que se tenta escapar dos limites do gênero, acabamos em confusão: um vilão (e uma mocinha) “bom-mau”, como em O Dono do Mundo, confunde a atrapalha, por exemplo. Vemos agora, com a reprise de A Viagem, o quanto as novelas decaíram em uma década; naquela no ela, não das melhores, ainda se sente claramente um “enredo”, algo que vai se desenrolando e que prende a atenção. Hoje, cada capítulo é uma pequena história, mas ela não leva a nada.
Uma vez vi Eva Wilma dizer: “Agora em novela das seis eles querem que tenha ET, torta na cara, vampiro e tal. Tem de ter tudo, ao mesmo tempo pra chamar a atenção. Não sabemos pra que lado o personagem vai”. È isso mesmo.
Depois da “graças a Deus que acabou” Alma Gêmea- em que todas as cenas repetiam o que já sabíamos, sim a chatíssima ERA a reencarnação da outra- da insuportável Bang Bang- em que se apostou em um figurino e cenário moderninhos (lindos, aliás) e na reinvenção pelo lado da palhaçada, pois o enredo parecia sumir frente a milhares de gracinhas e situações comicazinhas (mas realmente quem trabalha 12 horas por dia adora ver gente na lama)- e do tédio de América, que, além do estilo da autora de boas idéias sem desenvolvimento linear), teve inclusive de ser mudado porque os protagonistas simplesmente não combinaram, (ganha nas exoticidades, reportagem ou beleza plástica,como em O Clone), a Globo apostou pesado: colocou as divas pra atuar e voltou ao “novelão”. Funcionou.
(Inclusive a novela das sete, Cobras e Lagartos, voltou ao tradicional, no melhor sentido: mocinhos perseguidos pelos vilões, etc.Carolina Dickman dando um show! O elenco todo está vivo, aé Francisco Couco, que é sempre igual e gago).
Me parece que, claro, tentando acompanhar a evolução da ignorância e da rapidez do mundo, as novelas acabaram por substituir o enredo por fortes emoções, brigas, ou mesmo muitas cenas de “rápido impacto”, em que se baseava, por exemplo, quase toda a Senhora do Destino, com sua vilã limpando privada. É uma penas, pois me lembro ainda de Janete Clair, que consegui levar para a TV o que o teatro tinha de melhor: tensão, personagem, decisões.
Dizem que uma vez um jornalista ligou para Carlos Drummond de Andrade e ele estava vendo os Trapalhões. Quem dera que todo brasileiro pudesse, como ele, escolher o que quer ver e quando quer.
Belíssima está de parabéns. Silvio de Abreu criou um enredo realmente interessante.
Ninguém sabe o que aconteceu, e a volta de “Bia Falcão” foi o acontecimento do ano, na TV. Fernanda Montenegro está insuperável, o vilão André esconde muito bem o que é, até a mocinha está interessante.
Se a gente fala mal dos excessos, é importante também falar do que há de bom.
Antes de tudo, criou-se no Brasil uma idéia de que “pessoas inteligentes” (seja lá o que isso for), não falam nem assistem novela (mas TODO MUNDO assiste; percebi isso quando fiquei seis meses sem TV; todos diziam “ah, eu não assisto novela, mas estava passando pela sala, você viu ontem?”).
Claro, a maioria delas realmente está apenas correndo atrás de IBOPE fácil, e para isso, num país com tantas pessoas que nem sequer podem ler, o negócio é vender a alma ao diabo. Isso deixa a gente com vontade de ler um livro, como disse alguém. O que se deve criticar é o fato de a maioria dos brasileiros ter apenas a novela como espelho do mundo. (Aliás, dizem que na Austrália o governo criou leis para que houvesse programas infantis de conteúdo didático nos horários em que a criança está em casa; aqui isso seria “censura”...)
Funcionam, no fundo, os mesmos moldes que funcionam para o romance ou o poema: uma síntese do mundo, um julgamento, uma sensação de identificação e suspense quanto aos personagens, etc. Somente quando é contado, algo se torna real. São as histórias que nos contam que fazem a vida ter sentido, pelas quais identificamos como agir, quem é bom e mau, que houve antes de eu chegar nesse mundo. Contar histórias e estórias é nosso jeito de estar no mundo. (Evidentemente, em um romance, se pode emitir mais julgamentos e reflexões, de modo a melhorar nossa compreensão do mundo, assim como das emoções humanas).
Mas a novela em si é um gênero como todos os outros, e tem suas regras e seu padrão “ótimo”. Ela não substitui um filme ou um livro, mas tem sua narrativa, sua abordagem e pode ser entretenimento qualificado. O que seria isso? É preciso ter “intriga”, um bom vilão, falas interessantes, uma simplificação do enredo, mas com força, tudo o que estamos vendo agora. (Tirando os sotaques sem sentido e que- pelo menos em Tony Ramos, são pedras no caminho do entendimento).
Toda vez que se tenta escapar dos limites do gênero, acabamos em confusão: um vilão (e uma mocinha) “bom-mau”, como em O Dono do Mundo, confunde a atrapalha, por exemplo. Vemos agora, com a reprise de A Viagem, o quanto as novelas decaíram em uma década; naquela no ela, não das melhores, ainda se sente claramente um “enredo”, algo que vai se desenrolando e que prende a atenção. Hoje, cada capítulo é uma pequena história, mas ela não leva a nada.
Uma vez vi Eva Wilma dizer: “Agora em novela das seis eles querem que tenha ET, torta na cara, vampiro e tal. Tem de ter tudo, ao mesmo tempo pra chamar a atenção. Não sabemos pra que lado o personagem vai”. È isso mesmo.
Depois da “graças a Deus que acabou” Alma Gêmea- em que todas as cenas repetiam o que já sabíamos, sim a chatíssima ERA a reencarnação da outra- da insuportável Bang Bang- em que se apostou em um figurino e cenário moderninhos (lindos, aliás) e na reinvenção pelo lado da palhaçada, pois o enredo parecia sumir frente a milhares de gracinhas e situações comicazinhas (mas realmente quem trabalha 12 horas por dia adora ver gente na lama)- e do tédio de América, que, além do estilo da autora de boas idéias sem desenvolvimento linear), teve inclusive de ser mudado porque os protagonistas simplesmente não combinaram, (ganha nas exoticidades, reportagem ou beleza plástica,como em O Clone), a Globo apostou pesado: colocou as divas pra atuar e voltou ao “novelão”. Funcionou.
(Inclusive a novela das sete, Cobras e Lagartos, voltou ao tradicional, no melhor sentido: mocinhos perseguidos pelos vilões, etc.Carolina Dickman dando um show! O elenco todo está vivo, aé Francisco Couco, que é sempre igual e gago).
Me parece que, claro, tentando acompanhar a evolução da ignorância e da rapidez do mundo, as novelas acabaram por substituir o enredo por fortes emoções, brigas, ou mesmo muitas cenas de “rápido impacto”, em que se baseava, por exemplo, quase toda a Senhora do Destino, com sua vilã limpando privada. É uma penas, pois me lembro ainda de Janete Clair, que consegui levar para a TV o que o teatro tinha de melhor: tensão, personagem, decisões.
Dizem que uma vez um jornalista ligou para Carlos Drummond de Andrade e ele estava vendo os Trapalhões. Quem dera que todo brasileiro pudesse, como ele, escolher o que quer ver e quando quer.
terça-feira, maio 16, 2006
Spinosa, o sábio judeu do século XVII, tinha 5 perguntas fundamentais (isso foi na época -antes do liberalismo corporativo- que a gente tinha tempo de viver):
Por que as coisas existem?
Como se compõe o mundo?
O que somos nós no esquema das coisas?
Somos livres?
Como devemos viver?
Quem quiser me responda, por e-mail.
(tentativa:
Por que as coisas existem? Para aparecer na TV.
Como se compõe o mundo? Fazendo reuniões.
O que somos nós no esquema das coisas? Ibope.
Somos livres? Não, dólares.
Como devemos viver? Pergunta errada: o que devemos comprar? )
Por que as coisas existem?
Como se compõe o mundo?
O que somos nós no esquema das coisas?
Somos livres?
Como devemos viver?
Quem quiser me responda, por e-mail.
(tentativa:
Por que as coisas existem? Para aparecer na TV.
Como se compõe o mundo? Fazendo reuniões.
O que somos nós no esquema das coisas? Ibope.
Somos livres? Não, dólares.
Como devemos viver? Pergunta errada: o que devemos comprar? )
O tema da guerra civil em SP está sendo tratado muitas vezes como “aprendam a votar em quem defende a segurança!” Isso pode significar simplesmente uma política de AGRESSÃO e VIOLÊNCIA contra as comunidades roubadas em seu direito a educação eficaz e trabalho.
A tendência é um círculo vicioso: como governos de direita tendem a pensar em “desenvolvimento” como incentivo a grandes empresas apenas, e não estão interessados em que o pai de família pague suas contas, a grande parte da população fica cada vez com menos opções e a violência aumenta. Parece óbvio, mas em momentos de crise, o que se quer é ferro e fogo.
Aliás, essa tem sido sempre a tendência: ocultar os problemas reais (por exemplo, má gestão efetiva, falta de investimento nos pequenos e médios, danos ambientais das indústrias, etc.) e fazer uma nova campanha de marketing para “discutir”, “planejar”, “avaliar”. Sabe como é, tudo está sendo resolvido (mas nada se resolve). [Depois, quando a revolta surge, aparece, como em uma revista modelo... “ódio e vandalismo nos subúrbios de Paris...”]
Como as pessoas não são consultadas, e a maioria dos políticos – é sim, aquele cara na TV falando bonito- apenas querem ficar onde estão, as soluções apresentadas oferecem nada como resultado ou corrupção. Ou são planejadas em alguma universidade elitista que quer aplicar uma tese de um americano que mora em Nova York e compra gravatas Grande Nation. (A maioria, como Jared Diamond, vai falar em incompetência dos pobres em votar, e nunca nada a ver com o Primeiro Mundo...)
Tenho observado-mais um lugar comum, mas o Brasil, afinal é o lugar onde o visível é invisível- a inutilidade da maioria das ações “sociais”: computadores pra quem não sabe ler, curso de informática pra menina que tem de se prostituir pra dar comida pro avô, escola pública, mas o aluno não tem dinheiro para o ônibus, blá, blá, blá.
Tudo isso é muito óbvio, mas se repete e se repete, e se repete.
Segundo a Scientific American (Ano 4, Nº 41, p. 76-83), em Bangladesh o arsênico que existe naturalmente nas águas subterrâneas está envenenando a população.
O governo e as comunidades de doadores internacionais estão pensando em soluções em grande escala, ao invés do filtro que custa US$ 7,00 a unidade.
Os financiamentos do Banco Mundial nas décadas de 70 e 80 também acabaram alimentando corruptos e endividamento externo, com poucos resultados.
Entre 1990 e 2001, o número de pessoas que vive com US$ 1 por dia caiu de 1,218 bilhões para 1, 089 bilhões.
Por outro lado o número dos que ganham menos de US$ 2 por dia cresceu de 2,655 bilhões para 2, 736 bilhões.
Na África Subsaariana a população de miseráveis saltou de 227 milhões para 313 milhões.
Moral da história: síndrome de Nova Orleans. “Estamos preparados”, e milhares de mortos.
A tendência é um círculo vicioso: como governos de direita tendem a pensar em “desenvolvimento” como incentivo a grandes empresas apenas, e não estão interessados em que o pai de família pague suas contas, a grande parte da população fica cada vez com menos opções e a violência aumenta. Parece óbvio, mas em momentos de crise, o que se quer é ferro e fogo.
Aliás, essa tem sido sempre a tendência: ocultar os problemas reais (por exemplo, má gestão efetiva, falta de investimento nos pequenos e médios, danos ambientais das indústrias, etc.) e fazer uma nova campanha de marketing para “discutir”, “planejar”, “avaliar”. Sabe como é, tudo está sendo resolvido (mas nada se resolve). [Depois, quando a revolta surge, aparece, como em uma revista modelo... “ódio e vandalismo nos subúrbios de Paris...”]
Como as pessoas não são consultadas, e a maioria dos políticos – é sim, aquele cara na TV falando bonito- apenas querem ficar onde estão, as soluções apresentadas oferecem nada como resultado ou corrupção. Ou são planejadas em alguma universidade elitista que quer aplicar uma tese de um americano que mora em Nova York e compra gravatas Grande Nation. (A maioria, como Jared Diamond, vai falar em incompetência dos pobres em votar, e nunca nada a ver com o Primeiro Mundo...)
Tenho observado-mais um lugar comum, mas o Brasil, afinal é o lugar onde o visível é invisível- a inutilidade da maioria das ações “sociais”: computadores pra quem não sabe ler, curso de informática pra menina que tem de se prostituir pra dar comida pro avô, escola pública, mas o aluno não tem dinheiro para o ônibus, blá, blá, blá.
Tudo isso é muito óbvio, mas se repete e se repete, e se repete.
Segundo a Scientific American (Ano 4, Nº 41, p. 76-83), em Bangladesh o arsênico que existe naturalmente nas águas subterrâneas está envenenando a população.
O governo e as comunidades de doadores internacionais estão pensando em soluções em grande escala, ao invés do filtro que custa US$ 7,00 a unidade.
Os financiamentos do Banco Mundial nas décadas de 70 e 80 também acabaram alimentando corruptos e endividamento externo, com poucos resultados.
Entre 1990 e 2001, o número de pessoas que vive com US$ 1 por dia caiu de 1,218 bilhões para 1, 089 bilhões.
Por outro lado o número dos que ganham menos de US$ 2 por dia cresceu de 2,655 bilhões para 2, 736 bilhões.
Na África Subsaariana a população de miseráveis saltou de 227 milhões para 313 milhões.
Moral da história: síndrome de Nova Orleans. “Estamos preparados”, e milhares de mortos.
Os ataques do PCC
por Claudio Julio Tognolli
Em dezembro de 2002 o Ministério Público de São Paulo elaborou a primeira grande peça contra o PCC apontada contra os mesmos líderes que agora comandam a barbárie em São Paulo. A denúncia foi apresentada pelos promotores Marcio Sergio Christino e Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado.
Segundo os promotores, "a organização se caracteriza pela existência de um núcleo central que tem um poder discricionário sobre suas atividades, os componentes de tal núcleo foram originalmente os chamados 'Fundadores' e posteriormente, com a morte da maioria passou a incorporar outros líderes".
Também afirmaram que "o telefone celular ainda é o recurso primordial utilizado pela organização para firmar sua estrutura e permitir a coordenação, direção e realização de atividades dentro e fora do sistema prisional".
"Trata-se ao mesmo tempo de sua maior força e sua maior fraqueza, eis que permite a comunicação mas, também, que tal comunicação possa ser interceptada e assim controlada, gerando o fluxo de informações que desvenda o sistema criminoso", de acordo com os promotores.
Eles afirmam que os líderes do PCC não pretendem mais usar o celular para comunicarem-se e sim "utilizar mensagens de texto via celular, os chamados 'torpedos'". Para Christino e Porto, os líderes podem passar a usar somente a intermediação de advogados para se comunicarem.
Na época, os promotores escreveram que “a estrutura do Primeiro Comando da Capital foi fortemente abalada, não podemos porém concluir pela sua extinção total; será necessária a continuidade dos esforços para a repressão das facções operantes no sistema prisional; as facções terão a tendência de apresentar um perfil diferente de estrutura hierárquica, porém terão também a tendência de utilizar a mesma metodologia de atuação.
Naquela peça, a importância de Marcola, líder da organizaçao, já era bem delineada. Prova-se nos autos que o denunciado Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", comanda as várias atividades criminosas do grupo, orientando e determinando as atividades a serem exercidas. "Marcola", muito embora não falasse nos telefones interceptados, foi apontado por integrantes como líder da organização criminosa.
A ex-esposa de Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", a advogada Ana Olivatto, foi vítima de homicídio em data recente e sua morte está ligada diretamente à disputa de poder dentro da organização, embora o inquérito apuratório ainda esteja em tramitação.
Em uma demonstração da ascendência criminosa de Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", após a morte da advogada (sua ex-mulher ) determinou o denunciado que todos os detentos da unidade prisional onde se encontrava recluso permanecessem de luto, no que foi obedecido.
http://conjur.estadao.com.br/static/text/44361,1
por Claudio Julio Tognolli
Em dezembro de 2002 o Ministério Público de São Paulo elaborou a primeira grande peça contra o PCC apontada contra os mesmos líderes que agora comandam a barbárie em São Paulo. A denúncia foi apresentada pelos promotores Marcio Sergio Christino e Roberto Porto, do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado.
Segundo os promotores, "a organização se caracteriza pela existência de um núcleo central que tem um poder discricionário sobre suas atividades, os componentes de tal núcleo foram originalmente os chamados 'Fundadores' e posteriormente, com a morte da maioria passou a incorporar outros líderes".
Também afirmaram que "o telefone celular ainda é o recurso primordial utilizado pela organização para firmar sua estrutura e permitir a coordenação, direção e realização de atividades dentro e fora do sistema prisional".
"Trata-se ao mesmo tempo de sua maior força e sua maior fraqueza, eis que permite a comunicação mas, também, que tal comunicação possa ser interceptada e assim controlada, gerando o fluxo de informações que desvenda o sistema criminoso", de acordo com os promotores.
Eles afirmam que os líderes do PCC não pretendem mais usar o celular para comunicarem-se e sim "utilizar mensagens de texto via celular, os chamados 'torpedos'". Para Christino e Porto, os líderes podem passar a usar somente a intermediação de advogados para se comunicarem.
Na época, os promotores escreveram que “a estrutura do Primeiro Comando da Capital foi fortemente abalada, não podemos porém concluir pela sua extinção total; será necessária a continuidade dos esforços para a repressão das facções operantes no sistema prisional; as facções terão a tendência de apresentar um perfil diferente de estrutura hierárquica, porém terão também a tendência de utilizar a mesma metodologia de atuação.
Naquela peça, a importância de Marcola, líder da organizaçao, já era bem delineada. Prova-se nos autos que o denunciado Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", comanda as várias atividades criminosas do grupo, orientando e determinando as atividades a serem exercidas. "Marcola", muito embora não falasse nos telefones interceptados, foi apontado por integrantes como líder da organização criminosa.
A ex-esposa de Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", a advogada Ana Olivatto, foi vítima de homicídio em data recente e sua morte está ligada diretamente à disputa de poder dentro da organização, embora o inquérito apuratório ainda esteja em tramitação.
Em uma demonstração da ascendência criminosa de Marcos Willians Herbas Camacho, vulgo "Marcola", após a morte da advogada (sua ex-mulher ) determinou o denunciado que todos os detentos da unidade prisional onde se encontrava recluso permanecessem de luto, no que foi obedecido.
http://conjur.estadao.com.br/static/text/44361,1
"Por Dentro do Crime: Corrupção, Tráfico, PCC
O promotor de justiça Márcio Sérgio Christino utiliza personagens fictícios para mostrar todos os meandros da criminalidade do estado de São Paulo. Por meio de uma narrativa ágil, explica como age o crime organizado dentro e fora das prisões, mostra todas as etapas de um assalto a banco e como parte da polícia atua a favor dos criminosos, entre outros temas."
http://www.submarino.com.br
O promotor de justiça Márcio Sérgio Christino utiliza personagens fictícios para mostrar todos os meandros da criminalidade do estado de São Paulo. Por meio de uma narrativa ágil, explica como age o crime organizado dentro e fora das prisões, mostra todas as etapas de um assalto a banco e como parte da polícia atua a favor dos criminosos, entre outros temas."
http://www.submarino.com.br
segunda-feira, maio 15, 2006
Acabo de acabar minha peça FREUD...
TRABALHEIRA TOTAL... comecei em 1999 quando lí Peter Gay, mas só agora, na pressão dos 150, acabei indo adiante, fazendoalgo mais cru e cortado, mais solo e menos ceninhas... Aí uma cena das que mais gosto...
Freud, 2006
XXIV
(Freud, Ferenczi e Jung, no navio, indo para os Estados Unidos, 1909).
Freud
Tenho a impressão de estar trazendo a peste para a América. Espero que a América puritana seja democrática quanto às nossas idéias do Velho Mundo.
Ferenczi
Essa é a vantagem da psicanálise: podemos chamar todos que não nos agradam de neuróticos.
Jung
Há absoluta liberdade para discutirmos no mundo acadêmico, pelo que sei, desde que não atrapalhemos os negócios. Em geral, dizem haver abertura a novas idéias.
Freud
As pessoas fugiram do autoritarismo e da pobreza da velha Europa para construir um mundo brilhante; eu vejo a cultura como tensão, muitos deles, como um troféu contra a miséria.
Jung
Talvez o tema da sexualidade infantil seja visto com maus olhos. Sentirão falta de uma visão mais abrangente da religião. Talvez resistam a ver-se como um amontoado de instintos egoístas, pulsões de agressão e desejos sexuais que lutam contra toda forma de associação, estabilidade, lei.
Freud
Durkheim viu a religião como “um fato social” , como se o social fosse uma consciência coletiva, fora das relações. O que eu faço, quem sabe, é genealogia infantil da moral.
Ferenczi
Não foi essa a resposta à Esfinge devoradora? O homem é um animal como todos. Édipo, afinal, era contra a hýbris.
Freud
Se todos somos vítimas da necessidade orgânica, mal reprimida por coerções externas e sentimentos de culpa, o que nos salva do incesto, assassinato e estupro, só podemos viver em mal-estar com as instituições.
Ferenczi
O homem nunca será feliz, em suma.
Freud
Se a evolução do animal para o ser racional não foi completa, teremos de ter muita paciência com o homem fragmentado, o poder deve ter menos dureza - também a força do sujeito para decidir o que quer e lançar-se na conquista de seus objetivos está turvada pela selvageria de sua liberdade instintiva. Liberdade pode significar guerra. Moral, morte.
Ferenczi- A civilização é mal-estar.
Jung
Com certeza o senhor será questionado sobre o Édipo. Como podem os mesmos impulsos ser revividos em cada família e indivíduo? Isso me lembra muito a filosofia que acreditava em categorias da mente, ou que as características do ser além da extensão e do movimento eram interiores ao sujeito.
Freud
Seria apenas um sentimento de culpa que passa através dos milênios por de uma espécie de mente coletiva?
Jung
O que o senhor quer dizer?
Freud
Darwin disse que as primitivas hordas do homem pré-histórico eram governadas por um macho dominador. Robertson Smith acha que a essência do totemismo é um banquete ritual com o animal totêmico. Se esses canibais selvagens, por exemplo, mataram o pai e o comeram, para se apossar de suas mulheres e de seu poder, aí está a fundação da sociedade, com a culpa e os tabus representando os mesmos desejos reprimidos do Édipo.
Ferenczi
O senhor está falando na controvertida tese lamarckiana de transmissão genética dos caracteres adquiridos?
Freud
Sim. Darwin também acredita nisso. Neurótico é aquele que não consegue dominar o Édipo. “Aquilo que herdaste dos teus pais, conquista-o para fazê-lo teu”.
Jung
Não sei... (pausa)
Ferenczi
Vamos nos distrair, novamente, interpretando nossos sonhos. Se vale para os outros, para nós também tem de valer a máxima de que toda beleza está suja de sangue.
Jung
Seu sonho de ontem ficou inconcluso... Por que o senhor não expõe melhor suas associações íntimas com relação ao sonho onde aparecem sua cunhada e esposa?
Freud
Eu poderia contar mais, mas não desejo colocar minha autoridade em risco. (pequena tensão)
Jung
Eu tive um sonho sobre Amenhotep, ele apagava o nome de seu pai das paredes. Como sabem, ele transformou o politeísmo egípcio em monoteísmo.
Freud
Ora, que assunto mais idiota!
Jung
Como?
Freud
Esse, esse assunto idiota!
Jung
Não lhe compreendo... deve saber que foi descoberta uma estela egípcia com os nomes apagados...
Freud
O senhor... esse sonho é um desejo de morte contra... contra mim! Ferenczi
Freud!
(Freud desmaia)
Afonso Junior Ferreira de Lima
TRABALHEIRA TOTAL... comecei em 1999 quando lí Peter Gay, mas só agora, na pressão dos 150, acabei indo adiante, fazendoalgo mais cru e cortado, mais solo e menos ceninhas... Aí uma cena das que mais gosto...
Freud, 2006
XXIV
(Freud, Ferenczi e Jung, no navio, indo para os Estados Unidos, 1909).
Freud
Tenho a impressão de estar trazendo a peste para a América. Espero que a América puritana seja democrática quanto às nossas idéias do Velho Mundo.
Ferenczi
Essa é a vantagem da psicanálise: podemos chamar todos que não nos agradam de neuróticos.
Jung
Há absoluta liberdade para discutirmos no mundo acadêmico, pelo que sei, desde que não atrapalhemos os negócios. Em geral, dizem haver abertura a novas idéias.
Freud
As pessoas fugiram do autoritarismo e da pobreza da velha Europa para construir um mundo brilhante; eu vejo a cultura como tensão, muitos deles, como um troféu contra a miséria.
Jung
Talvez o tema da sexualidade infantil seja visto com maus olhos. Sentirão falta de uma visão mais abrangente da religião. Talvez resistam a ver-se como um amontoado de instintos egoístas, pulsões de agressão e desejos sexuais que lutam contra toda forma de associação, estabilidade, lei.
Freud
Durkheim viu a religião como “um fato social” , como se o social fosse uma consciência coletiva, fora das relações. O que eu faço, quem sabe, é genealogia infantil da moral.
Ferenczi
Não foi essa a resposta à Esfinge devoradora? O homem é um animal como todos. Édipo, afinal, era contra a hýbris.
Freud
Se todos somos vítimas da necessidade orgânica, mal reprimida por coerções externas e sentimentos de culpa, o que nos salva do incesto, assassinato e estupro, só podemos viver em mal-estar com as instituições.
Ferenczi
O homem nunca será feliz, em suma.
Freud
Se a evolução do animal para o ser racional não foi completa, teremos de ter muita paciência com o homem fragmentado, o poder deve ter menos dureza - também a força do sujeito para decidir o que quer e lançar-se na conquista de seus objetivos está turvada pela selvageria de sua liberdade instintiva. Liberdade pode significar guerra. Moral, morte.
Ferenczi- A civilização é mal-estar.
Jung
Com certeza o senhor será questionado sobre o Édipo. Como podem os mesmos impulsos ser revividos em cada família e indivíduo? Isso me lembra muito a filosofia que acreditava em categorias da mente, ou que as características do ser além da extensão e do movimento eram interiores ao sujeito.
Freud
Seria apenas um sentimento de culpa que passa através dos milênios por de uma espécie de mente coletiva?
Jung
O que o senhor quer dizer?
Freud
Darwin disse que as primitivas hordas do homem pré-histórico eram governadas por um macho dominador. Robertson Smith acha que a essência do totemismo é um banquete ritual com o animal totêmico. Se esses canibais selvagens, por exemplo, mataram o pai e o comeram, para se apossar de suas mulheres e de seu poder, aí está a fundação da sociedade, com a culpa e os tabus representando os mesmos desejos reprimidos do Édipo.
Ferenczi
O senhor está falando na controvertida tese lamarckiana de transmissão genética dos caracteres adquiridos?
Freud
Sim. Darwin também acredita nisso. Neurótico é aquele que não consegue dominar o Édipo. “Aquilo que herdaste dos teus pais, conquista-o para fazê-lo teu”.
Jung
Não sei... (pausa)
Ferenczi
Vamos nos distrair, novamente, interpretando nossos sonhos. Se vale para os outros, para nós também tem de valer a máxima de que toda beleza está suja de sangue.
Jung
Seu sonho de ontem ficou inconcluso... Por que o senhor não expõe melhor suas associações íntimas com relação ao sonho onde aparecem sua cunhada e esposa?
Freud
Eu poderia contar mais, mas não desejo colocar minha autoridade em risco. (pequena tensão)
Jung
Eu tive um sonho sobre Amenhotep, ele apagava o nome de seu pai das paredes. Como sabem, ele transformou o politeísmo egípcio em monoteísmo.
Freud
Ora, que assunto mais idiota!
Jung
Como?
Freud
Esse, esse assunto idiota!
Jung
Não lhe compreendo... deve saber que foi descoberta uma estela egípcia com os nomes apagados...
Freud
O senhor... esse sonho é um desejo de morte contra... contra mim! Ferenczi
Freud!
(Freud desmaia)
Afonso Junior Ferreira de Lima
Mithologias do Clã, Falus e Stercus no lugar certo
Dizem de uma peça que rolou aí que foi “duas horas de fedor, gritos e fumaça”. As pessoas saíram com nojo, mesmo sendo de graça. “Teatro tem que incomodar”, ou não? Sei lá: queremos ousadia, de toda arte, porque, quem sabe, nos lembra que a mente pode ser mais que o que vemos, mas também queremos que nos explique o mundo, que nos ofereça linhas de percepção de tudo. Queremos que alguém nos mostre: olhe, há coisas não vistas. Então: nada de falação canastrona, no mundo giratório e violento dos mega-impérios de mídia, das legiões de mortos de fome. Mas também nada de chatice clichê, mijo, ruído e falas sem nexo. A forma, claro, exige uma transgressão, mas precisa ter mensagem. Mesmo sem palavras.
Então essa peça “Mithologias do Clã” (na verdade, a peça roda desde 1999, tendo se apresentado já em Londres e várias cidades do Brasil, mas o grupo tem 15 anos) mostra outro momento ótimo do teatro gaúcho. Sim, assim como “Kassandra em Progress etc. etc.”, que mostra um momento de aproveitamento máximo da linguagem da Terreira, com toda rebeldia, mas com beleza e plasticidade (depois do “tédio hiper-filosófico com momentos bons” de Hamlet Máquina).
Senão, vejamos. Será um crime querermos sair do teatro com boas sensações? Já vi amigos meus dizendo: “Não vou mais a teatro, porque só querem gritar e ficar pelados! Que saco!” Num mundo tão louco, um pouco de ordem não faz mal a ninguém: acabou o barato da ditadura, onde as pessoas tinham sobrevivência e não tinham voz; agora é o oposto.
Neste espetáculo, ao meu ver, Falus e Stercus mostra aquilo que se espera de um drama contemporâneo: o ritualístico, o erótico, o sado, o caos, a morte, o corporal. E, melhor, não se perde em uma torrente de palavras que não ajudaram em nada o “In Surto”. A técnica também está super apurada: estão presentes todo tempo, a dureza do olhar. Uma cena em que todo o grupo aparece junto, roupas de couro, contra um fundo vermelho, é como um clássico da loucura. O fogo, que também, como todo incremento, pode ser pura encheção de lingüiça, aparece nos momentos certos e de forma a manter o clima.
Como somos todos filhos da Terreira, lá estão, como fios entremeados, aquilo que eles nos ensinaram: usar o espaço, ficar pelado, mover o público, etc.; e também todos os aparelhos que transformaram o Falus em um grupo tão quente. Fica a vontade de mostrar que ainda é possível usar palavras, com a criação de toda a escola do corpo, distorcendo, amedrontando, cortando os textos. Mas se o teatro é palavra, dança ou qualquer outra coisa, não interessa mais.
Há idéia.
Neste espetáculo som, movimentos, cenário, tudo cria tensão, mas não se perde em exageros. Nem o tempo não estoura a capacidade de vermos acrobacias. Todas elas tem sentido, fogo e confronto. Até a mais que manjada utilização de “público no palco” ficou dentro do possível e razoável. Outro dos comentários que ouvi sobre o grupo, once, foi de uma menina que viu o namorado da amiga ser pelado no Teatro São Pedro. “Depois querem que a gente vá ao teatro disse ela”. Ao mesmo tempo, se bem usado, isso gera a impressão que toda peça deve ter: estou vivo, eles estão vivos, não sei o que pode ser.
Dizem que o teatro gaúcho está passando fome: os diretores famosos não conseguem pagar aluguel, os atores famosos não conseguem tomar ônibus. Talvez seja um pouco de falta de “ir a onde o público está”. Uma vez coloquei 600 pessoas na PUC com uma peça a R$ 3,00; onde você vê em uma Universidade um folder sobre os eventos? A galera toma cerveja de 2 pila, é a real. Outro lado, claro,é a velha privatização do mundo. Teatro é coisa de imposto de marketing, livre pensamento das empresas. Dizem que o RS isentou as maiores empresas de imposto, no valor de R$ 1 bilhão... Arte, pra que? Quem quer paga R$ paus pra ver Marisa Monte e Caetano, os rebeldes...
De qualquer forma é ótimo ver que grupos com mais de 15 anos (alguns bem mais!) tem tamanha eletricidade e capacidade de reinvenção.
Afonso Junior Ferreira de Lima
Dizem de uma peça que rolou aí que foi “duas horas de fedor, gritos e fumaça”. As pessoas saíram com nojo, mesmo sendo de graça. “Teatro tem que incomodar”, ou não? Sei lá: queremos ousadia, de toda arte, porque, quem sabe, nos lembra que a mente pode ser mais que o que vemos, mas também queremos que nos explique o mundo, que nos ofereça linhas de percepção de tudo. Queremos que alguém nos mostre: olhe, há coisas não vistas. Então: nada de falação canastrona, no mundo giratório e violento dos mega-impérios de mídia, das legiões de mortos de fome. Mas também nada de chatice clichê, mijo, ruído e falas sem nexo. A forma, claro, exige uma transgressão, mas precisa ter mensagem. Mesmo sem palavras.
Então essa peça “Mithologias do Clã” (na verdade, a peça roda desde 1999, tendo se apresentado já em Londres e várias cidades do Brasil, mas o grupo tem 15 anos) mostra outro momento ótimo do teatro gaúcho. Sim, assim como “Kassandra em Progress etc. etc.”, que mostra um momento de aproveitamento máximo da linguagem da Terreira, com toda rebeldia, mas com beleza e plasticidade (depois do “tédio hiper-filosófico com momentos bons” de Hamlet Máquina).
Senão, vejamos. Será um crime querermos sair do teatro com boas sensações? Já vi amigos meus dizendo: “Não vou mais a teatro, porque só querem gritar e ficar pelados! Que saco!” Num mundo tão louco, um pouco de ordem não faz mal a ninguém: acabou o barato da ditadura, onde as pessoas tinham sobrevivência e não tinham voz; agora é o oposto.
Neste espetáculo, ao meu ver, Falus e Stercus mostra aquilo que se espera de um drama contemporâneo: o ritualístico, o erótico, o sado, o caos, a morte, o corporal. E, melhor, não se perde em uma torrente de palavras que não ajudaram em nada o “In Surto”. A técnica também está super apurada: estão presentes todo tempo, a dureza do olhar. Uma cena em que todo o grupo aparece junto, roupas de couro, contra um fundo vermelho, é como um clássico da loucura. O fogo, que também, como todo incremento, pode ser pura encheção de lingüiça, aparece nos momentos certos e de forma a manter o clima.
Como somos todos filhos da Terreira, lá estão, como fios entremeados, aquilo que eles nos ensinaram: usar o espaço, ficar pelado, mover o público, etc.; e também todos os aparelhos que transformaram o Falus em um grupo tão quente. Fica a vontade de mostrar que ainda é possível usar palavras, com a criação de toda a escola do corpo, distorcendo, amedrontando, cortando os textos. Mas se o teatro é palavra, dança ou qualquer outra coisa, não interessa mais.
Há idéia.
Neste espetáculo som, movimentos, cenário, tudo cria tensão, mas não se perde em exageros. Nem o tempo não estoura a capacidade de vermos acrobacias. Todas elas tem sentido, fogo e confronto. Até a mais que manjada utilização de “público no palco” ficou dentro do possível e razoável. Outro dos comentários que ouvi sobre o grupo, once, foi de uma menina que viu o namorado da amiga ser pelado no Teatro São Pedro. “Depois querem que a gente vá ao teatro disse ela”. Ao mesmo tempo, se bem usado, isso gera a impressão que toda peça deve ter: estou vivo, eles estão vivos, não sei o que pode ser.
Dizem que o teatro gaúcho está passando fome: os diretores famosos não conseguem pagar aluguel, os atores famosos não conseguem tomar ônibus. Talvez seja um pouco de falta de “ir a onde o público está”. Uma vez coloquei 600 pessoas na PUC com uma peça a R$ 3,00; onde você vê em uma Universidade um folder sobre os eventos? A galera toma cerveja de 2 pila, é a real. Outro lado, claro,é a velha privatização do mundo. Teatro é coisa de imposto de marketing, livre pensamento das empresas. Dizem que o RS isentou as maiores empresas de imposto, no valor de R$ 1 bilhão... Arte, pra que? Quem quer paga R$ paus pra ver Marisa Monte e Caetano, os rebeldes...
De qualquer forma é ótimo ver que grupos com mais de 15 anos (alguns bem mais!) tem tamanha eletricidade e capacidade de reinvenção.
Afonso Junior Ferreira de Lima
Fala Mulher!, de Graciela Rodriguez e Kika Nicolela (SP, 80 min), foi o ganhador da mostra Cine Esquema Novo, que rolou em POA de 8 a 14 de maio. (Palmas para o folder maravilhoso, com um pássaro a bico de pena abrindo um coração! Pena ser tão confuso o folder!)
O filme é a fala de muitas mulheres negras, do morro, etc. etc. Cada personagem! Cheias de dignidade, bravura, problemas, amarguras... Duas delas se destacam. Uma senhora cinquentona que foi vedete cantante em Barcelona e Argentina, e agora retorna ao morro. Outra uma ex-mulata do Sargenteli, que agora comanda a moçada passista na Verde e branco.
Momentos clímax: pais violentos ou traidores, questão do emprego, racismo...(sim, há racismo no Brasil: é sobre “ah, preto tem mais é que ser favelado!”)
A mensagem do filme se resume numa fala de uma moça: “tenho vergonha dos políticos do Brasil não darem educação pro povo...”
Podia ser mais curto. 80 minutos acaba sendo muito... Quatro senhoras se levantaram...mais uma das coisas em que penso: “menos é mais”...
Parabéns para a ranhura dos letreiros, bem desarrumados, e para os desenhos bem rascunhados...
É uma idéia simples, mas fica um gosto de “bah, o povo brasileiro...
O filme é a fala de muitas mulheres negras, do morro, etc. etc. Cada personagem! Cheias de dignidade, bravura, problemas, amarguras... Duas delas se destacam. Uma senhora cinquentona que foi vedete cantante em Barcelona e Argentina, e agora retorna ao morro. Outra uma ex-mulata do Sargenteli, que agora comanda a moçada passista na Verde e branco.
Momentos clímax: pais violentos ou traidores, questão do emprego, racismo...(sim, há racismo no Brasil: é sobre “ah, preto tem mais é que ser favelado!”)
A mensagem do filme se resume numa fala de uma moça: “tenho vergonha dos políticos do Brasil não darem educação pro povo...”
Podia ser mais curto. 80 minutos acaba sendo muito... Quatro senhoras se levantaram...mais uma das coisas em que penso: “menos é mais”...
Parabéns para a ranhura dos letreiros, bem desarrumados, e para os desenhos bem rascunhados...
É uma idéia simples, mas fica um gosto de “bah, o povo brasileiro...
Uma Mulher contra Hitler, 2004, 117 minutos...
Um filme sensacional, mas...
Delicdo, drmático, cheio de falas maravilhosas...
O confronto entre o poder fanático (é, sempre o progresso...) e a aparente insensatez do"e se..."
Você acredita que em uma história sobre jovens universitários que desafiam o governo nazista em 1943 para lançar panfletos pela paz...
Que com uma atriz maravilhosa e com o cenário ideal...
Que num roteiro muito bem conduzido...
Até o nome do grupo é maravilhoso- Rosas Brancas- com todo seu idealismo para além do razoável, que nos deixa comovidos num mundo de conformismo “faço minha parte”...
Bah! Que saco: a gente vê microfones de som em pelo menos 20 cenas!
Que é isso?! Parece cinema fudido-década-de-70.
Como pode?
Eu perdi o tesão...
Mas o enredo é tão bom que bem no final você fica mesmo com o sentimento, valeu a pena...
Será que na Alemanha o diretor nunca assiste ao filme?
Um filme sensacional, mas...
Delicdo, drmático, cheio de falas maravilhosas...
O confronto entre o poder fanático (é, sempre o progresso...) e a aparente insensatez do"e se..."
Você acredita que em uma história sobre jovens universitários que desafiam o governo nazista em 1943 para lançar panfletos pela paz...
Que com uma atriz maravilhosa e com o cenário ideal...
Que num roteiro muito bem conduzido...
Até o nome do grupo é maravilhoso- Rosas Brancas- com todo seu idealismo para além do razoável, que nos deixa comovidos num mundo de conformismo “faço minha parte”...
Bah! Que saco: a gente vê microfones de som em pelo menos 20 cenas!
Que é isso?! Parece cinema fudido-década-de-70.
Como pode?
Eu perdi o tesão...
Mas o enredo é tão bom que bem no final você fica mesmo com o sentimento, valeu a pena...
Será que na Alemanha o diretor nunca assiste ao filme?
Hamlet- Laurence Olivier, 1948, 153 minutos.
Bem, o que dizer de um clássico? Ainda: concordar que é um...
Dentro da mostra Freud 150, que esteve no Santander Cultural (viva!viva!viva! finalmente, dinheiro a serviço do povo) de1º a 7 de maio, o filme é tido –isso mesmo, é “tido”- como uma visão psicanalítica do tema, com Hamlet amando secretamente a mãe... Lotação total... Na fila, há quem comente que “puxa, o desejo de morte do filho....” Chateação total! Assistir uma peça pra provar uma teoria é, no mínimo, irritante.
Claro que descobrimos com o modernismo que o que nos comove é a forma, e a mensagem, pelo menos na pintura, não é o essencial. (Ou ainda, a forma em si, é mensagem). Mas, na era em que todo programa de TV tem muita forma e nada de mensagem, é maravilhoso ver que esse filme, simplesmente ganhador de Veneza, do Oscar, do BAFTA e do Globo de Ouro de 1948, mantém sua força e sua energia, e tudo está no lugar!
Dizem que Olivier quando foi passar para o cinema (quem ainda tem dúvida ele é ator e diretor e roteirista) já estava mais pra pai que pra príncipe. “Dá nada”. Achamos ali tudo que nos falta hoje em dia: compreensão do texto, direção de arte a serviço da história (Roger Furse, Carmen Dillon), respeito ao nexo da peça... A cena inicial com as letrinhas já é todo o universo: um castelo sombrio, água batendo nas pedras, a Dinamarca podre.
O medo, claro, é que se vá assistir a um novelão mexicano, ou uma monotonia monocromática, pieguice carola ou pior.... Que nada! Hamlet não é o jovem indeciso, nem Ofélia a bobalhona inocente. A mãe de Hamlet sabe no final que querem matar o filho. As espadas estão rápidas e precisas. Ou seja, a peça não se perde, mas a compreensão da história faz com que o não dito seja um motor e não um contra-texto.
(eu tenho notado que, no teatro, muitas vezes o ator não fala com energia porque simplemente não compreende bem o contexto da peça).
A peça é feita, como todos sabem, de dobras, contratempos, nada segue uma linha de começo meio fim. È como se, em algum sentido, as cenas nos levassem para dentro dos personagens, muito mais que para o desenlace da história. E quando ele vem, vem rápido e sem necessidade, contrariando a poética aristotélica do “conflito, nó, desenlace”. Por isso quando esperamos que o príncipe vá se vingar, ela resolve conversar nas galerias com o velho Polônio. Em geral os personagens ficam vagos: afinal quem é a mãe de Hamlet, uma prostituta ou uma mocinha indecisa? O rei sempre acaba parecendo um vilão fraco (aqui ele é realmente o que sabe tudo...) Polônio é apenas idiota ou um assassino? Sem falar no próprio herói, que é tudo e nada... Quando Olivier filma já tem uma resposta para essas questões e nos convence delas. A cena do teatro fica movimentada e rápida.
A cena da caveira parece muito real, uma das cenas mais difíceis do teatro (como ser natural quando um cara diz “esse crânio eu beijei”?) A cena do pai espectro –com névoa, escuridão e medinho- fica um tanto boba quando o espectro aparece, e podia ser mais casual, como me parece na peça, mas reconstitui com coragem e dentro do clima pesado do filme outra das coisas mais day-by-day” de Shakespeare, conversa de soldados numa torre. ( o som de tambores chamando o fantasma é e de assustar!) A cena do enterro de Ofélia (gente ela morre, quem não sabia!) extremamente forte, pois dependendo pode ter uma barriga interminável.
Tirando uma ou duas cenas pra lá de anos 50, tipo, olhos chorosos em close na cena no quarto da rainha, tudo é tão natural que você pensa, bah! Finalmente esse é Hamlet. Ninguém merece descobrir assim que Mel Gibson roubou uma hora de sua vida, assim como e até como o Hamlet branco de Kenneth Branagh (que não soube traduzir o tem em imagens, se perdendo em amplos salões).
Mas a vi(n)da é assim.Com certeza foi uma das maiores bobagens que Freud já fez tentar “analisar” a arte como desejos reprimidos, do escritor, do público ou do herói, principalmente do herói. Dizer que Hamlet queria a mãe não ajuda nada a explicar o enredo, pelo contrário, simplifica um homem contraditório e vivaz. Dizer que o céu não é a terra não basta para ser ciência. Vida longa à incompreensão.
Bem, o que dizer de um clássico? Ainda: concordar que é um...
Dentro da mostra Freud 150, que esteve no Santander Cultural (viva!viva!viva! finalmente, dinheiro a serviço do povo) de1º a 7 de maio, o filme é tido –isso mesmo, é “tido”- como uma visão psicanalítica do tema, com Hamlet amando secretamente a mãe... Lotação total... Na fila, há quem comente que “puxa, o desejo de morte do filho....” Chateação total! Assistir uma peça pra provar uma teoria é, no mínimo, irritante.
Claro que descobrimos com o modernismo que o que nos comove é a forma, e a mensagem, pelo menos na pintura, não é o essencial. (Ou ainda, a forma em si, é mensagem). Mas, na era em que todo programa de TV tem muita forma e nada de mensagem, é maravilhoso ver que esse filme, simplesmente ganhador de Veneza, do Oscar, do BAFTA e do Globo de Ouro de 1948, mantém sua força e sua energia, e tudo está no lugar!
Dizem que Olivier quando foi passar para o cinema (quem ainda tem dúvida ele é ator e diretor e roteirista) já estava mais pra pai que pra príncipe. “Dá nada”. Achamos ali tudo que nos falta hoje em dia: compreensão do texto, direção de arte a serviço da história (Roger Furse, Carmen Dillon), respeito ao nexo da peça... A cena inicial com as letrinhas já é todo o universo: um castelo sombrio, água batendo nas pedras, a Dinamarca podre.
O medo, claro, é que se vá assistir a um novelão mexicano, ou uma monotonia monocromática, pieguice carola ou pior.... Que nada! Hamlet não é o jovem indeciso, nem Ofélia a bobalhona inocente. A mãe de Hamlet sabe no final que querem matar o filho. As espadas estão rápidas e precisas. Ou seja, a peça não se perde, mas a compreensão da história faz com que o não dito seja um motor e não um contra-texto.
(eu tenho notado que, no teatro, muitas vezes o ator não fala com energia porque simplemente não compreende bem o contexto da peça).
A peça é feita, como todos sabem, de dobras, contratempos, nada segue uma linha de começo meio fim. È como se, em algum sentido, as cenas nos levassem para dentro dos personagens, muito mais que para o desenlace da história. E quando ele vem, vem rápido e sem necessidade, contrariando a poética aristotélica do “conflito, nó, desenlace”. Por isso quando esperamos que o príncipe vá se vingar, ela resolve conversar nas galerias com o velho Polônio. Em geral os personagens ficam vagos: afinal quem é a mãe de Hamlet, uma prostituta ou uma mocinha indecisa? O rei sempre acaba parecendo um vilão fraco (aqui ele é realmente o que sabe tudo...) Polônio é apenas idiota ou um assassino? Sem falar no próprio herói, que é tudo e nada... Quando Olivier filma já tem uma resposta para essas questões e nos convence delas. A cena do teatro fica movimentada e rápida.
A cena da caveira parece muito real, uma das cenas mais difíceis do teatro (como ser natural quando um cara diz “esse crânio eu beijei”?) A cena do pai espectro –com névoa, escuridão e medinho- fica um tanto boba quando o espectro aparece, e podia ser mais casual, como me parece na peça, mas reconstitui com coragem e dentro do clima pesado do filme outra das coisas mais day-by-day” de Shakespeare, conversa de soldados numa torre. ( o som de tambores chamando o fantasma é e de assustar!) A cena do enterro de Ofélia (gente ela morre, quem não sabia!) extremamente forte, pois dependendo pode ter uma barriga interminável.
Tirando uma ou duas cenas pra lá de anos 50, tipo, olhos chorosos em close na cena no quarto da rainha, tudo é tão natural que você pensa, bah! Finalmente esse é Hamlet. Ninguém merece descobrir assim que Mel Gibson roubou uma hora de sua vida, assim como e até como o Hamlet branco de Kenneth Branagh (que não soube traduzir o tem em imagens, se perdendo em amplos salões).
Mas a vi(n)da é assim.Com certeza foi uma das maiores bobagens que Freud já fez tentar “analisar” a arte como desejos reprimidos, do escritor, do público ou do herói, principalmente do herói. Dizer que Hamlet queria a mãe não ajuda nada a explicar o enredo, pelo contrário, simplifica um homem contraditório e vivaz. Dizer que o céu não é a terra não basta para ser ciência. Vida longa à incompreensão.
segunda-feira, maio 01, 2006
Trabalho, trabalho, trabalho...
O maravilhoso texto da jornalista Matine Bulard, para mim sempre o mais completo... vale a pena ler a íntegra.
Tempos modernos (versão hot line)
http://www.diplo.com.br/aberto/0012/10.htm
De momento, as tecnologias da informação e da comunicação (as TIC, como são chamadas na França) significam bem mais freqüentemente fontes de intensificação do trabalho que de enriquecimento profissional.
"As cadências de trabalho", nota o Commissariat général du plan, "são cada vez mais restritas: longe de diminuir, o trabalho (por posto) aumenta." 2
(...)
O trabalho não é forçosamente menos qualificado. Pelo contrário. Na maior parte dos casos, exige conhecimentos múltiplos para dominar as novas ferramentas; uma maior capacidade de iniciativa para fazer face ao monte de informações a tratar.
Mas o tempo liberado graças à automação de certas tarefas e ao trabalho na rede é literalmente absorvido por restrições cada vez mais fortes.
(...)
Aliás, é o conjunto das relações sociais que explode sob o golpe da globalização e da Internet.
A empresa funciona cada vez mais em círculos concêntricos, com, no centro de tudo, empregados hiperqualificados (autônomos e móveis, com salários elevados e fundos de pensão); um pouco mais longe, os assalariados com qualificações julgadas úteis (com trabalho obrigatório, salário decente mas sem stock option); e na periferia, trabalhadores descartáveis (com horários flexíveis, pequenos salários e contratos temporários).
1º de Maio: EUA
"Nove milhões de pessoas não tiveram o que comemorar hoje, feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Elas fazem parte dos 6,1% de estadunidenses que estão desempregados.
A porcentagem pode parecer pequena para padrões latino-americanos, mas o crescimento do número de desocupados é o maior desde a chamada Grande Depressão – que atingiu o país nos anos 1930.
''Desde o final do ano passado, os EUA perderam 700 mil postos de trabalho'', mostra o jornal cubano Granma, com base em dados do estadunidense USA Today." (...)
Daniel Merli, Aniversário triste.
http://www.planetaportoalegre.net
Salário Mínimo é o vilão?
Muito se tem falado do perigo de aumentar os salários (o preço para os Estados , por exemplo), mas será que eles podem significar melhoria de padrão de vida e consumo, indo contra a tendência "superávit" dominante?
"
O salário mínimo é um importante instrumento de distribuição de renda. A maioria dos
países desenvolvidos implantou políticas de valorização do salário mínimo, o que resultou na
dinamização do mercado interno.
Nesses países, a política de salário mínimo está inserida no
conjunto de políticas sociais como o seguro desemprego, a aposentadoria e a renda mínima
garantida para pessoas com ou sem ocupação e com rendimento abaixo da linha de pobreza –
limite da condição de miséria. (...)
No Brasil, a elevação do valor do salário mínimo significaria um crescimento da renda
das famílias de baixo poder aquisitivo, o que ativaria a economia por meio dos efeitos, diretos e
indiretos, decorrentes do aumento do consumo. A elevação da renda dessas famílias, além de
aquecer o mercado interno, contribuiria para viabilizar o crescimento sustentado da economia.
(...) "
http://www.dieese.org.br
O maravilhoso texto da jornalista Matine Bulard, para mim sempre o mais completo... vale a pena ler a íntegra.
Tempos modernos (versão hot line)
http://www.diplo.com.br/aberto/0012/10.htm
De momento, as tecnologias da informação e da comunicação (as TIC, como são chamadas na França) significam bem mais freqüentemente fontes de intensificação do trabalho que de enriquecimento profissional.
"As cadências de trabalho", nota o Commissariat général du plan, "são cada vez mais restritas: longe de diminuir, o trabalho (por posto) aumenta." 2
(...)
O trabalho não é forçosamente menos qualificado. Pelo contrário. Na maior parte dos casos, exige conhecimentos múltiplos para dominar as novas ferramentas; uma maior capacidade de iniciativa para fazer face ao monte de informações a tratar.
Mas o tempo liberado graças à automação de certas tarefas e ao trabalho na rede é literalmente absorvido por restrições cada vez mais fortes.
(...)
Aliás, é o conjunto das relações sociais que explode sob o golpe da globalização e da Internet.
A empresa funciona cada vez mais em círculos concêntricos, com, no centro de tudo, empregados hiperqualificados (autônomos e móveis, com salários elevados e fundos de pensão); um pouco mais longe, os assalariados com qualificações julgadas úteis (com trabalho obrigatório, salário decente mas sem stock option); e na periferia, trabalhadores descartáveis (com horários flexíveis, pequenos salários e contratos temporários).
1º de Maio: EUA
"Nove milhões de pessoas não tiveram o que comemorar hoje, feriado de Dia do Trabalho nos Estados Unidos. Elas fazem parte dos 6,1% de estadunidenses que estão desempregados.
A porcentagem pode parecer pequena para padrões latino-americanos, mas o crescimento do número de desocupados é o maior desde a chamada Grande Depressão – que atingiu o país nos anos 1930.
''Desde o final do ano passado, os EUA perderam 700 mil postos de trabalho'', mostra o jornal cubano Granma, com base em dados do estadunidense USA Today." (...)
Daniel Merli, Aniversário triste.
http://www.planetaportoalegre.net
Salário Mínimo é o vilão?
Muito se tem falado do perigo de aumentar os salários (o preço para os Estados , por exemplo), mas será que eles podem significar melhoria de padrão de vida e consumo, indo contra a tendência "superávit" dominante?
"
O salário mínimo é um importante instrumento de distribuição de renda. A maioria dos
países desenvolvidos implantou políticas de valorização do salário mínimo, o que resultou na
dinamização do mercado interno.
Nesses países, a política de salário mínimo está inserida no
conjunto de políticas sociais como o seguro desemprego, a aposentadoria e a renda mínima
garantida para pessoas com ou sem ocupação e com rendimento abaixo da linha de pobreza –
limite da condição de miséria. (...)
No Brasil, a elevação do valor do salário mínimo significaria um crescimento da renda
das famílias de baixo poder aquisitivo, o que ativaria a economia por meio dos efeitos, diretos e
indiretos, decorrentes do aumento do consumo. A elevação da renda dessas famílias, além de
aquecer o mercado interno, contribuiria para viabilizar o crescimento sustentado da economia.
(...) "
http://www.dieese.org.br
Fui ver a pré-estréia do filme Carreiras, de Domingos de Oliveira.
Fashion total, Poa adora isso, nomes famosos, badalação.
A sociedade psicanalítica toda, afinal era dentro da comemoração Fró-Id, 150 anos, e que tem a ver?
Tudo! O filme é sobre uma mulher que cheira carreiras. (Também corre carreiras e quer carreira.)
Bem, afinal a Psa. é mesmo sobre Moisés, Leonardo da Vinci e Shakespeare, ou não é?
Mas falando sério: a mulher fala, fala, fala... Lacan ia adorar.
Nos primeiros 20 minutos de filme você pensa: sim, prefiro teatro (há uma discussão no início "cinema ou teatro").
Claro, na tela fica mais difícil captar toda a situação pois quando estamos no palco ajudam os movimentos corporais, o "clima", e nosso interesse em coisas vivas, e no cinema precisamos, Deleuze concordaria, de imagens que são ou de movimentos que são.
A TV tem simulado o vivo com o movimento, que desde os gregos era sinal de vida. Mas a arte é idéia plástica, prazerosa, ou não?
Depois do início essa-sou-eu-ainda o filme anda, e fica cada vez melhor, tirando algumas barrigas desenecessárias tipo, quase no fim, quando se espera um climax, praia, celular, ainda a personagem em crise, etc.
Entretanto, o personagem é ótimo, o texto muito bom, e o tema, bem é tudo que se precisa hoje.
Senão vejamos: queremos agradar a quem quando buscamos no trabalho aquele prazer insano, uma batalha diária, uma sólida isso e aquilo? Aí sim entram os psicanalistas, que já haviam lido isso, e nos informam que nosso eu nem sempre quer ser feliz, mas quer "o gozo", repetição compulsiva de um alívio para socorrer o desejo profundo, etc. etc.
Então, simplesmente, Domingos de Oliveira pegou no ponto: o dinheiro virou símbolo de outra coisa, o carro de liberdade, a carreira de amor, etc. Pode ser bobo, mas é real.
Além disso ele abriu a discussão sobre: afinal, queremos charme fazendo filmão ou queremos mensagem, que se faz até com digital. Se não há história, não adianta ter cinemão. Defesa do BOA, beleza baixo orçamento.
E, sim, antes de tudo, tudo é ela, tudo dela, a diva pós-divas, o furacão...
Priscila Rozembaum foi tão forte no papel que você ao vê-la no palco tem um primeiro impulso: será que ela é essa compulsiva ordinária? Não, é só uma atriz maravilhosa!
Fashion total, Poa adora isso, nomes famosos, badalação.
A sociedade psicanalítica toda, afinal era dentro da comemoração Fró-Id, 150 anos, e que tem a ver?
Tudo! O filme é sobre uma mulher que cheira carreiras. (Também corre carreiras e quer carreira.)
Bem, afinal a Psa. é mesmo sobre Moisés, Leonardo da Vinci e Shakespeare, ou não é?
Mas falando sério: a mulher fala, fala, fala... Lacan ia adorar.
Nos primeiros 20 minutos de filme você pensa: sim, prefiro teatro (há uma discussão no início "cinema ou teatro").
Claro, na tela fica mais difícil captar toda a situação pois quando estamos no palco ajudam os movimentos corporais, o "clima", e nosso interesse em coisas vivas, e no cinema precisamos, Deleuze concordaria, de imagens que são ou de movimentos que são.
A TV tem simulado o vivo com o movimento, que desde os gregos era sinal de vida. Mas a arte é idéia plástica, prazerosa, ou não?
Depois do início essa-sou-eu-ainda o filme anda, e fica cada vez melhor, tirando algumas barrigas desenecessárias tipo, quase no fim, quando se espera um climax, praia, celular, ainda a personagem em crise, etc.
Entretanto, o personagem é ótimo, o texto muito bom, e o tema, bem é tudo que se precisa hoje.
Senão vejamos: queremos agradar a quem quando buscamos no trabalho aquele prazer insano, uma batalha diária, uma sólida isso e aquilo? Aí sim entram os psicanalistas, que já haviam lido isso, e nos informam que nosso eu nem sempre quer ser feliz, mas quer "o gozo", repetição compulsiva de um alívio para socorrer o desejo profundo, etc. etc.
Então, simplesmente, Domingos de Oliveira pegou no ponto: o dinheiro virou símbolo de outra coisa, o carro de liberdade, a carreira de amor, etc. Pode ser bobo, mas é real.
Além disso ele abriu a discussão sobre: afinal, queremos charme fazendo filmão ou queremos mensagem, que se faz até com digital. Se não há história, não adianta ter cinemão. Defesa do BOA, beleza baixo orçamento.
E, sim, antes de tudo, tudo é ela, tudo dela, a diva pós-divas, o furacão...
Priscila Rozembaum foi tão forte no papel que você ao vê-la no palco tem um primeiro impulso: será que ela é essa compulsiva ordinária? Não, é só uma atriz maravilhosa!
Velha mas boa: da Carta capital sobre Alcaemmim.
"Desde que o jornal Folha de S.Paulo divulgou, no domingo 26 de março, que a Nossa Caixa, por ordem do Palácio dos Bandeirantes, brindou veículos de comunicação de políticos aliados com publicidade oficial, o ex-governador tem gastado um bom tempo de sua recém-iniciada campanha a dar explicações, ainda que atravessadas e incompletas.
Nunca, nos seis anos à frente do Estado de São Paulo, o tucano foi tão fustigado.
No intervalo de 15 dias, falou-se das cerca de 40 peças de roupas (ou 400?) doadas por um estilista à ex-primeira-dama Lu Alckmin, dos anúncios oficiais publicados em uma revista de propriedade do acupunturista do presidenciável e da compra em duplicidade de 500 fornos por parte da mesma Nossa Caixa, doados a programas sociais comandados por dona Lu.
Soube-se até que o então prefeito de Pindamonhangaba demonstrava certa simpatia pela ditadura, conforme atesta correspondência enviada no início dos anos 80 ao general João Baptista Figueiredo, o último presidente do ciclo militar". (...)
http://www.cartacapital.com.br
"Desde que o jornal Folha de S.Paulo divulgou, no domingo 26 de março, que a Nossa Caixa, por ordem do Palácio dos Bandeirantes, brindou veículos de comunicação de políticos aliados com publicidade oficial, o ex-governador tem gastado um bom tempo de sua recém-iniciada campanha a dar explicações, ainda que atravessadas e incompletas.
Nunca, nos seis anos à frente do Estado de São Paulo, o tucano foi tão fustigado.
No intervalo de 15 dias, falou-se das cerca de 40 peças de roupas (ou 400?) doadas por um estilista à ex-primeira-dama Lu Alckmin, dos anúncios oficiais publicados em uma revista de propriedade do acupunturista do presidenciável e da compra em duplicidade de 500 fornos por parte da mesma Nossa Caixa, doados a programas sociais comandados por dona Lu.
Soube-se até que o então prefeito de Pindamonhangaba demonstrava certa simpatia pela ditadura, conforme atesta correspondência enviada no início dos anos 80 ao general João Baptista Figueiredo, o último presidente do ciclo militar". (...)
http://www.cartacapital.com.br
“Monocultura de eucalipto causa danos ambientais e sociais”, diz especialista
Segundo levantamento do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o papel está entre os produtos mais nocivos e impactantes ao meio ambiente do mundo.
Por esta razão, nações desenvolvidas aproveitam-se da frágil legislação dos países pobres e instalam indústrias de beneficiamento de celulose em terras do Terceiro Mundo, como o Brasil.
Para impedir derrubada de matas nativas, o pinus e o eucalipto são usados como matérias primas da produção de papel branqueado. Ainda que haja consenso com relação à preservação da vegetação nativa, o reflorestamento é feito em sistema de monocultura. Segundo a consultora ambiental Lisa Gunn, o plantio exclusivo do eucalipto em grandes extensões de terras causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de biodiversidade.
Segundo a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), a monocultura do eucalipto consome água suficiente para afetar seriamente os recursos hídricos.
Apenas na região no norte do estado do Espírito Santo, onde o eucalipto foi introduzido na década de 60, mais de 130 córregos já secaram. Além disso, no estado a empresa como a Aracruz Celulose já se apropriou de mais de 10 mil hectares de terras indígenas e quilombolas, segundo denúncia da Fase.
De São Paulo, da Agência Notícias do Planalto,
Clara Meireles 13/04/06
http://www.noticiasdoplanalto.net/
Segundo levantamento do Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), o papel está entre os produtos mais nocivos e impactantes ao meio ambiente do mundo.
Por esta razão, nações desenvolvidas aproveitam-se da frágil legislação dos países pobres e instalam indústrias de beneficiamento de celulose em terras do Terceiro Mundo, como o Brasil.
Para impedir derrubada de matas nativas, o pinus e o eucalipto são usados como matérias primas da produção de papel branqueado. Ainda que haja consenso com relação à preservação da vegetação nativa, o reflorestamento é feito em sistema de monocultura. Segundo a consultora ambiental Lisa Gunn, o plantio exclusivo do eucalipto em grandes extensões de terras causa impactos sociais e ambientais, como pouca oferta de empregos e perda de biodiversidade.
Segundo a Federação de Órgãos para Assistência Social e Educacional (Fase), a monocultura do eucalipto consome água suficiente para afetar seriamente os recursos hídricos.
Apenas na região no norte do estado do Espírito Santo, onde o eucalipto foi introduzido na década de 60, mais de 130 córregos já secaram. Além disso, no estado a empresa como a Aracruz Celulose já se apropriou de mais de 10 mil hectares de terras indígenas e quilombolas, segundo denúncia da Fase.
De São Paulo, da Agência Notícias do Planalto,
Clara Meireles 13/04/06
http://www.noticiasdoplanalto.net/
"Sufocando o mercado de idéias"
editorial copyright O Estado de S. Paulo, 24/03/02
sobre artigo de William F. Baker -The Washington Post
Desde que a indústria norte-americana do rádio foi quase completamente desregulamentada, em 1996 - o que resultou em mais de 10 mil transações de estações de rádio, no valor total superior a US$ 100 bilhões -, em seis anos houve uma diminuição de 1.100 veículos, o que significa redução de quase 30%.
E hoje em dia, em quase metade dos maiores mercados dos EUA, as três maiores empresas controlam 80% dos ouvintes de rádio.
(...)
(di William F. Baker) ‘Para aumentar as margens de lucro, os gigantes da mídia estão fechando salas de redação, fundindo equipes e produzindo múltiplos noticiários levados ao ar em diferentes estações a partir da mesma mesa.
À medida que programas noticiosos comerciais - inseridos em empresas de entretenimento cujas metas são proporcionar diversão e atrair receita - tentam manter uma audiência que tem centenas de canais à disposição, a qualidade jornalística despencou e os editores de noticiário cada vez mais estão recorrendo ao sensacionalismo, ao escândalo e à simplificação, para manter os índices de audiência e o fluxo de dinheiro.’
editorial copyright O Estado de S. Paulo, 24/03/02
sobre artigo de William F. Baker -The Washington Post
Desde que a indústria norte-americana do rádio foi quase completamente desregulamentada, em 1996 - o que resultou em mais de 10 mil transações de estações de rádio, no valor total superior a US$ 100 bilhões -, em seis anos houve uma diminuição de 1.100 veículos, o que significa redução de quase 30%.
E hoje em dia, em quase metade dos maiores mercados dos EUA, as três maiores empresas controlam 80% dos ouvintes de rádio.
(...)
(di William F. Baker) ‘Para aumentar as margens de lucro, os gigantes da mídia estão fechando salas de redação, fundindo equipes e produzindo múltiplos noticiários levados ao ar em diferentes estações a partir da mesma mesa.
À medida que programas noticiosos comerciais - inseridos em empresas de entretenimento cujas metas são proporcionar diversão e atrair receita - tentam manter uma audiência que tem centenas de canais à disposição, a qualidade jornalística despencou e os editores de noticiário cada vez mais estão recorrendo ao sensacionalismo, ao escândalo e à simplificação, para manter os índices de audiência e o fluxo de dinheiro.’
Estou bem feliz com o lançamento em breve de meu primeiro livro, Alguns contos 1994-2005.
E mais ainda porque recebi a ajuda dessa figura simpatissíssima e carinhosa que é Moacyr Scliar.
"De Afonso Jr. se pode dizer que ele tem a vocação do contista. Em primeiro lugar é, em matéria de narrativa, um minimalista; consegue, em uns poucos parágrafos, construir uma situação ficcional que envolve o leitor. Ao mesmo tempo, tem um seguro domínio da palavra, o que, em matéria de textos curtos, é essencial. Finalmente a sua matéria prima é aquela que todos os contistas perseguem: a condição humana em momentos críticos. É um trabalho promissor, o dele, e os leitores farão bem em acompanhá-lo". Moacyr Scliar
ajr
E mais ainda porque recebi a ajuda dessa figura simpatissíssima e carinhosa que é Moacyr Scliar.
"De Afonso Jr. se pode dizer que ele tem a vocação do contista. Em primeiro lugar é, em matéria de narrativa, um minimalista; consegue, em uns poucos parágrafos, construir uma situação ficcional que envolve o leitor. Ao mesmo tempo, tem um seguro domínio da palavra, o que, em matéria de textos curtos, é essencial. Finalmente a sua matéria prima é aquela que todos os contistas perseguem: a condição humana em momentos críticos. É um trabalho promissor, o dele, e os leitores farão bem em acompanhá-lo". Moacyr Scliar
ajr
Hoje quero escrever sobre a dificuldade em escolher entre o idealismo e a alienação.
Nosso mundo oferece uma incrível complexidade: Estados que não cobram impostos dos ricos, e por isso são deficientes em quase tudo (900 milhões de isenção fiscal foi o que uma grande empresa do rs ganhou); com isso nossa vida se torna cada vez mais privatizada, precisamos trabalhar mais; além disso, há um excesso de informações que vem de redes globais de notícia e entreteniumento- a bolsa, o terremoto, o Rio de Janeiro, o diabo a quatro. Precisamos abarcar tudo isso na nossa explicação do mundo, e nem sempre funciona.
Sinto então que a maioria das pessoas opta pela alienação: ou seja, se preocupam com saber aquilo que pode lhes trazer agora um proveito pragmático. Ou por outra: é tão difícil achar o fio de Ariadne que optamos pela renúncia ao coletivo. De certa forma desse modo vivemos nossas lutas individualmente, contra poderes bem organizados. Então surgem aqueles tipos tão comuns: a classe média que só fala em como ela subiu na vida, o empresário que odeia o mst e adora o "bigmic".
Por outro lado o idealismo desfocado acaba numa luta abstrata contra o "sistema", evitando os pontos de convergência onde, através de diálogo e paciência, se poderia avançar. Isso não significa abstrair da compreensão, mas significa que as pessoas precisam de resultados imediatos e só ações efetivas podem criar essas condições. Como se comenta: milhares de teses foram feitas sobre os indígenas e eles continuam passando fome. Uma ação deve trazer efeitos práticos- deve levar em conta a compreensão das pessoas e sua possibilidade de revertar a situação.
Por outro lado é real que muito do idealismo significa outra coisa (desejo de reconhecimento mal canalizado, medo, etc.) assim como ambição e materialismo significam também outras coisas.
Bem, temos e aprender a não abrir não do outro, nem perdermo-nos de nossos objetivos. E entre marxismos petrificados e neoliberalismo efervescente, nem sempre é fácil saber o que queremos porque não sabemos quem somos.
ajr
Nosso mundo oferece uma incrível complexidade: Estados que não cobram impostos dos ricos, e por isso são deficientes em quase tudo (900 milhões de isenção fiscal foi o que uma grande empresa do rs ganhou); com isso nossa vida se torna cada vez mais privatizada, precisamos trabalhar mais; além disso, há um excesso de informações que vem de redes globais de notícia e entreteniumento- a bolsa, o terremoto, o Rio de Janeiro, o diabo a quatro. Precisamos abarcar tudo isso na nossa explicação do mundo, e nem sempre funciona.
Sinto então que a maioria das pessoas opta pela alienação: ou seja, se preocupam com saber aquilo que pode lhes trazer agora um proveito pragmático. Ou por outra: é tão difícil achar o fio de Ariadne que optamos pela renúncia ao coletivo. De certa forma desse modo vivemos nossas lutas individualmente, contra poderes bem organizados. Então surgem aqueles tipos tão comuns: a classe média que só fala em como ela subiu na vida, o empresário que odeia o mst e adora o "bigmic".
Por outro lado o idealismo desfocado acaba numa luta abstrata contra o "sistema", evitando os pontos de convergência onde, através de diálogo e paciência, se poderia avançar. Isso não significa abstrair da compreensão, mas significa que as pessoas precisam de resultados imediatos e só ações efetivas podem criar essas condições. Como se comenta: milhares de teses foram feitas sobre os indígenas e eles continuam passando fome. Uma ação deve trazer efeitos práticos- deve levar em conta a compreensão das pessoas e sua possibilidade de revertar a situação.
Por outro lado é real que muito do idealismo significa outra coisa (desejo de reconhecimento mal canalizado, medo, etc.) assim como ambição e materialismo significam também outras coisas.
Bem, temos e aprender a não abrir não do outro, nem perdermo-nos de nossos objetivos. E entre marxismos petrificados e neoliberalismo efervescente, nem sempre é fácil saber o que queremos porque não sabemos quem somos.
ajr
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