"Com 17 cenas desconexas e personagens anônimos, a peça apresenta descrições contraditórias de personagem ausente: Ann. Fio condutor da montagem, ela representa as várias facetas de uma mesma identidade. Assim, é citada como uma terrorista em ação, uma doce filha de pais aflitos, uma artista que transforma suas tentativas de suicido em arte e uma mãe que teve os filhos mortos numa guerra civil. " http://www.dicadeteatro.com.br/attemptsof.htm
segunda-feira, dezembro 03, 2007
"Com 17 cenas desconexas e personagens anônimos, a peça apresenta descrições contraditórias de personagem ausente: Ann. Fio condutor da montagem, ela representa as várias facetas de uma mesma identidade. Assim, é citada como uma terrorista em ação, uma doce filha de pais aflitos, uma artista que transforma suas tentativas de suicido em arte e uma mãe que teve os filhos mortos numa guerra civil. " http://www.dicadeteatro.com.br/attemptsof.htm
segunda-feira, novembro 19, 2007
segunda-feira, setembro 17, 2007
Fui ao Sesc Consolação assistir a famosa saga do mestre Antunes. O prêt-à-porter ("ready to-wear", traduzido como "pronto-a-vestir" em Portugal") surgiu quando a moda de alta costura -baseada em uma aristocracia que gostava de ser aristocracia- foi se desfazendo e a nova sociedade que não exigia exclusividade se desenvolveu. Hoje, pelo movimento estranho do tempo, a exclusividade ja está de volta, seja na customização, seja na marca "moderninha". As cenas do grupo de Antunes remetem a uma dessacralização semelhante do teatro, e, ao mesmo tempo a diálogos possíveis em tempos de silêncio.
Digo isso porque, como já comentei, em POA parece que tudo tem de ser muito sério, a prova de alguma teoria, algum conceito, e, em alguns momentos, sentimos que somente valeria um teatro com todos nús, gritando e recitando algum texto beckettiniano. A leveza desse Prêt-à-Porter vem a calhar. Experimentos.
Ponto sem retorno, com Emerson Danesi e Marcelo Szpektor, mostra a quase-relação de dois homens, encontrando-se depois de 10 anos de colégio. A naturalidade dos atores é bem construída e reflete o desprendimento do cenário, básico. (Essa é a versão que Antunes dá ao trabalho com Stanislavski). Como Danesi consegue nos transmitir um amor abafado e Szpektor o medo do homem contemporâneo em não ser o que deve. O diálogo é vovo e corrido, natural. Eu sugeriria maior tempo entre as falas, para criar maior tensão. Também seria mais interessante se tivéssemos uma certeza, qualquer, seja de que eles se amaram e se amam ou de que foi apenas uma coisa do passado e passou. Fica um pouco entre o armário e a Parada.
Exiladas é o melhor texto, com Marília Simões e Aline Filocomo. A personagem "avoada" vai mostrando o quanto somos tolos em nossa produtividade. São grandes atrizes. É a cena mais profunda e chega a tocar o tema da morte, com muito humor.
Velejando na Beirada, com Marcelo Szpektor e Pedro Abhull retrata uma divertida partida verbal sobre a partida, dois amigos falando da morte. A proposta é hilária e o texto agradável, mas ficaria ainda melhor se depois do "discurso de corpo presente" fosse mais curta, o tempo, neste caso acaba sendo devorador. O diabo está nos detalhes e, too much, veste Prada.
O mais interessante desse espetáculo é que o "pós-moderno" aparece francamente: o representar está representado pelo "ser" e "estar", dialogar, e não pelo fingir. Tudo é feito ao vivo. Quando a moda vira tam´bem um modo de excluir por ser "in" e cria pessoa fora do "novo", falar com um amigo é revolução. Cada vez mais parece-me que atuar hoje é viver, viver com sinceridade, num mundo onde todos estão de alta costura. E "estar" hoje é o próprio processo da individuação, que Antunes gosta, é estar humano entre humanos quando tudo é pose e afetação. Pronto à vestir e a desvestir.
quinta-feira, agosto 23, 2007
Engraçado, alguém lembra de ter ouvido falar disso? Com um bandido que sabe fazer frases pra mídia e pouca informação, isso parece pouco com uma democracia...
"Sua Excelência Robert Rubin, Presidente do Brasil
Greg Palast
Quando era menino, o secretário do Tesouro dos EUA, Robert Rubin, sonhava em ser presidente do Brasil. Em 1999 o seu sonho se realizou. É claro que, como tem endereço em Washington e nacionalidade americana, Rubin conquistou o controle do Brasil da única maneira que podia: por intermédio de um golpe brilhante.
Em outubro de 1998, o presidente nominal do Brasil, Fernando Henrique Cardoso, foi reeleito para o cargo por um único motivo: tinha estabilizado o valor da moeda brasileira e, portanto, contido a inflação. Na verdade, não tinha. O real brasileiro estava ridiculamente supervalorizado.
Mas, com a aproximação das eleições, sua taxa de câmbio contra o dólar simplesmente desafiava a gravidade. Esse milagre levou Cardoso à linha de chegada com 54% dos votos. (...)
Por que aquele homem estava cortando árvores? Para obter lenha para cozinha. Ele não pode comprar gás engarrafado. O preço aumentou 150% em um ano.
E por que? Porque o governo FHC. Eliminou os subsídios e controles do gás engarrafado.
Por que aumentou o preço do gás do país? Para que os que podem pagar prefiram o gás encanado ao engarrafado.
Por que o governo não promoveu o gás encanado? Para tornar a privatização da companhia estatal, Comgás, mais interessante aos investidores estrangeiros.
Por que vender a Comgás? Cardoso precisava de dez bilhões de dólares por mês só para pagar os empréstimos para salvar a moeda.
Quem a comprou? A Shell Oil e a British Gás.
Quando? Em 1997, pouco depois que Tony Blair mandou seu principal assessor em visita ao presidente Cardoso.
PALAST, AMelhor Democracia que o Dinheiro Pode Comprar, Francis.
http://www.doutrina.linear.nom.br/historia/Hist%F3ria_Sua%20Excel%EAncia%20Robert%20Rubin,%20Presidente%20do%20Brasil.htm
quarta-feira, agosto 22, 2007
O ator Luiz Damasceno esteve no SESC de Porto Alegre neste dia 20 de agosto para palestra e aula aberta com o grupo do Centro de Pesquisa Teatral do Ator (do qual participo), coordenado pelo ator Alexandre Vargas. Luiz é professor da EAD da USP e ator de larga experiência, tendo trabalhado 16 anos com Gerald Thomas em peças tão importantes como "Nowhere Man" (1997), "Carmem com Filtro" (1990) e "The Flash and Crash Days" (1991).
Na seqüência: "The Flash and Crash Days", Luiz em "Nowhere Man" e "Fim de jogo", claro
Com sua simpatia e bom humor dirigiu-se à nossa platéia de atores um tanto aflitos e receosos perguntando sobre o cenário atual da cidade, contando sobre o momento em que mudou-se para São Paulo em 1969, quando "os espetáculos duravam uma semana em cartaz e os grupos não conseguiam se unir". Ouviu que, apesar de evoluções significativas, a cidade continua com fama de "cemitério dos espetáculos", e os grupos tendem a se desfazer por brigas internas. "Mas qual a postura de vocês perante isso? Vocês se reúnem, debatem o tema?" Um silêncio constrangido mostrava que talvez ainda não.
O ator continuou falando sobre a necessidade de comunhão em um grupo (comunicação entre os membros para que isso chegue ao público), da imperativa entrega, da espontaneidade que o trabalho com criação pede. Falou da importância da abertura a outros campos, buscando experiências em todas as áreas do saber e das artes, refletindo, debatendo. Em suma, da humanização do ator. Nisto retomava a questão da ética do grupo, proposta pelo diretor Jerzy Grotowski. “Não podem ter medo de errar”- diz Damasceno. “Temos e respeitar a diversidade, e se ela é, por exemplo, mais prolixa que eu, tenho de respeitar essa diferença”.
Sabemos que um dos principais problemas hoje ao se trabalhar com atores é justamente readquirir a capacidade de errar, olhar nos olhos uns dos outros e interagir de forma cooperativa e espontânea. De certa forma a concentração de poder no mundo de hoje e a violência que disso resulta (a empresa absolutista, a publicidade criando padrões globais, as relações de micro-poder contaminadas por essa desigualdade que descambam para a “exclusão” contínua, etc.) geram esse medo e essa frieza. Damasceno indagou e comentou também sobre a “técnica que liberta”, ou seja, o momento em que a questão formal (como a questão do modo de segurar o pincel para um pintor) se torna tão natural que cede lugar à expressão de uma verdade.
Podemos ver aí uma reflexão sobre o papel da vanguarda no século e sua transformação. Em entrevista a Gerald Thomas (quase uma “conversa de comadres” como brinca o diretor) na TV Uol, o artista falava também de seu estranhamento com obras absolutamente vanguardistas, que exploram o limite da abertura do espectador, em especial um trabalho de Peter Brooke. “A vida não é igual, tem mudanças, quando um espetáculo...quando uma coisa estabelece uma tranqüilidade absoluta em todas as coisas, me dá sono...”
Este ponto é profundamente interessante, e remete ao papel da arte entre a quebra do naturalismo midiático global na inovação e o isolamento. Damasceno aponta para o mundo, mas com uma “visão pessoal”, como ele propôs. O primeiro modernismo (que podemos situar de modo arbitrário entre o fim do séc. XIX e a primeira metade do século XX) queria simplesmente romper com o naturalismo da classe média (liga perfeita entre filosofia idealista, religião medievalista e cientificismo mecanicista), mostrar que as visões de mundo estavam se esfacelando em diferentes grupos (capitalistas, operários, artistas, religiosos, filósofos, etc.) e não havia mais a unidade instável que imperara do Iluminismo até então.
Nesta fase histórica anterior, a problemática social estava totalmente acomodada a uma ética individualista e conservadora: a fórmula de acabar com a fome prevista era, não distribuir a renda, mas, segundo Malthus, ensinar a população (mas não a si mesmo, três filhos em quatro anos) a praticar o “controle” e limitar o aumento da população. (Teoria sempre atual no empresariado local.)
Para Hegel, o Estado era a realização de uma viva eticidade da comunidade (Marx, bem depois, irá propor que é apenas (e ainda) expressão de eticidade dilacerada). Os problemas sociais oriundos da rápida usurpação de privilégios dos camponeses que iam perdendo – no Séc. XVIII com mais rapidez- a terra comunal e migrando para as grandes cidades, para trabalhos miseráveis e super-explorados, ainda estavam ocultos para uma elite cuja filosofia era a de que o mundo caminhava para o progresso geral, e a de que o liberalismo (a liberdade absoluta dos agentes sociais) nascido na era pequena propriedade rural e do trabalho manual, ia salvar o mundo.
Unidade, portanto, ordem e progresso. Como coloca Terry Eagleton, “O positivismo crasso da ciência do séc. XIX ameaçara roubar o mundo de toda subjetividade, e a filosofia kantiana docilmente seguira o mesmo caminho” (Eagleton, Teoria da Literatura, Martins Fontes, p. 80)Neste mundo automatizado, os artistas se voltam para a redescoberta da subjetividade sem a unidade, entre a dor e a crueza das guerras e do industrialismo, primeiro com o último romantismo, depois com a vanguarda. Há uma ligação entre eles quando tentam destruir o “jugo das categorias mecanicistas-utilitaristas sobre nossa vida” pela “rejeição da hegemonia da razão desprendida e do mecanicismo” (Taylor, As Fontes do Self, Loyola, p. 589)
Rimbaud, que acaba com o romantismo e o realismo, irá escrever sobre os políticos opostos à Comuna de Paris que “com petróleo pintam Corots” em “Canto da Guerra Parisiense”; Beckett, no pós-guerra, escreverá sobre o próprio pensamento prisioneiro, pois "Nosso tempo é tão excitante que às pessoas só pode chocar o aborrecimento.” (http://es.wikiquote.org/wiki/Samuel_Beckett.)
Não existe “o homem” eterno romântico, mas há uma sensação de estar vivo em um mundo, talvez grande e poderoso demais, e é preciso resgatar o direito a ver esse mundo de formas novas. Quanto mais o indivíduo se torna intelectual/ou braçal pela divisão do trabalho (resgatando os sentidos no entretenimento bobo ou na academia pelo medo de ser excluído), mais o teatro busca mostrar um homem vivente, ir mais fundo em percepções inusitadas, mostrar o ser imerso em sua carne e sangue.
Máquina de guerra, homem que morre. Adorno chamou o teatro de Beckett de "estado pós-psicológico", talvez um tempo da presença física, onde as palavras em nada ajudam- "So little to say, so little to do, and the fear so great", diz Winnie em "Happy Days". A violência do mundo aparece na violência da forma, complexa e paradoxal.
No decorrer do século, o sujeito sem oportunidades de "ver arte" (cada vez mais pessoas, na crescente concentração de renda) percebe a inovação como mera fuga quando os problemas parecem crescer mais e mais.
“Beckett está ligado a uma linguagem formal muito forte” diz Gerald Thomas na mesma entrevista. Ou seja, o estado existencial do sujeito europeu que sofre curvado sob o peso incompreensível do mundo na longa virada do século (até 1945) reage com uma nova forma de expressar a si mesmo e o mundo onde a individualidade desapareceu. (Esse duelo entre o significado existencial individual e o contexto social, aparece também entre as visões diversas de teologia, entre vaticanismo e teologia da libertação).
Entretanto o formalismo da vanguarda guardava um secreto medo do mundo. (Não é a toa que a Alemanha – marcada pelo idealismo, industrialismo acelerado e totalitarismo- tornou-se quase sinônimo de vanguarda.) Essa nova diversidade de perspectivas marca o século XX e torna-se tradição sobre a qual os artistas necessitam se debruçar.
Como comenta o filósofo alemão Habermas no seu clássico "Mudança estrutural da esfera pública”:
“restou a vanguarda como instituição a ela corresponde a crescente distância entre as minorias críticas e produtivas dos especialistas e dos amadores competentes, que estão atualizados com o processos de elevada abstração na arte, na literatura e na filosofia, com o envelhecimento específico no âmbito da modernidade (...) e o grande público dos meios de comunicação de massa por outro lado.” (Ed. Tempo Brasileiro, p. 207)
O medo do “referente” (medo da velha visão absolutista da burguesia), que tanto assusta o filósofo Derrida, e o eterno retorno ao significante –debate sobre a linguagem- gerou o silêncio sobre o mundo, e a concentração de renda ia isolando os artistas e intelectuais da massa miserável.
Enquanto isso o século avançava, o aquecimento global começava a nos perseguir e Collin Powell, ex- secretário de Estado de Bush ia afirmando na Cúpula de Québec:
“Talvez a conquista mais conhecida da Cúpula das Américas seja o lançamento das negociações para a Alca. Nós poderemos vender mercadorias, tecnologia e serviços americanos sem obstáculos ou restrições dentro de um mercado único de mais de 800 milhões de pessoas, com uma renda total superior a US$ 11 trilhões, abrangendo uma área que vai do Ártico ao Cabo Hornn”.
(Folha de S. Paulo, 22/04/2001, apud http://www2.fpa.org.br/portal/modules/news/article.php?storyid=1631).
“Hoje a gente pode fazer unplugged, tendo vivenciado isso”- diz Gerald Thomas. O próprio Damasceno coloca um certo amadurecimento no trabalho do diretor, da preocupação com a estética como primeiro plano, para a vivência de um ser humano mais concreto em “No Where Man”, onde se podia “ver uma pessoa em conflito procurando um caminho” e ele teria “se permitido tocar no humano, contar coisas de um ser humano”. (Recentemente parece ser o caso em "Um Circo de Rins e Fígados" (2005), sucesso de público, que não assisti, mas trata-se de comédia onde se fala de 1964, imperialismo e crimes políticos)
Quando, hoje em dia, a cultura da mídia do entretenimento e a cultura da imprensa são nossos maiores formadores de opinião e reflexão, se o intelectual não se debruçar sobre essa e outras vidas cotidianas, falará de quê? Como diz o sociólogo Boaventura dos Santos hoje superestrutura é infra-estrutura e infra-estrutura é superestrutura... (Não só porque os meios culturais tomam a forma industrial e há a produção do simbólico como mercadoria, mas porque forma opinião política e cultural). A "ideologia" vem em forma de "cultura" (glamour para poucos, seja um deles) pela TV e pela revista, e se não for criticada, forma nossa visão de mundo e nossa visão de arte...
Precisamos achar nosso corpo, viver de instinto (e mais nós, os artistas, feitos para "pensar", inclusive em ser "sensório"), mas readquirir a visão coletiva e comunicação com o todo, frente ao poder que se condensa e mata (solução para a crise da Argentina, em 2001, segundo o Banco Mundial, "aumentar a flexibilidade da força de trabalho", ou seja, reduzir o valor real do trabalho e corte nos programas de emprego. Palast. Amelhor Democracia que o dinheiro pode comprar, Francis, 2004)
Luiz Damasceno tem a coragem de discutir o excluído “referente” (o mundo), horror da filosofia pós-moderna, sem cair na tolice de esquecer a tradição da vanguarda.
sexta-feira, agosto 17, 2007
Não adianta nada cansar dos pequenos problemas e não entender o todo; sem cansar das causas, as conseqüências continuam... Todos nós estamos cansados, mas alguns mais que outros.
Comenta Barros Filho, que da Escola de Comunicação e Artes da USP e na Escola Superior de Propaganda e Marketing ao Terra:
"Existem aí indícios muito claros de que o episódio de Congonhas está, digamos, sendo instrumentalizado. De um lado um movimento de deslegitimização do Estado, orquestrado pelo mundo corporativo, através do discurso da ineficácia, que tem como contrapartida a responsabilidade social e outras baboseiras.
Tudo o que mostra a ineficácia do Estado interessa a certas políticas, a serviço de quem a mídia costuma estar".
http://terramagazine.terra.com.br/interna/0,,OI1803758-EI6578,00.html
Então tá, vamos cansar de tudo que merece isso:
- CANSEI da corrupção empresarial http://www.comciencia.br/200405/resenhas/resenha2.htm
- CANSEI da política anti-social do FMI http://www.bbc.co.uk/portuguese/economia/020807_donmpc.shtml
- CANSEI da educação privatizada, cara e de má qualidade
http://www.cefetsp.br/edu/eso/acordofmi98.html
- CANSEI da "abertura econômica" da desregulamentação dos capitais que leva à instabilidade global
http://blog.controversia.com.br/2007/06/30/a-mundializacao-do-capital/
- CANSEI do trabalho oprimido e inseguro
http://diplo.uol.com.br/2003-06,a656
- CANSEI do imperialismo das transferências Sul-Nortehttp://resistir.info/varios/divida_externa.html
- CANSEI da classe média alienada
http://www.nossacasa.net/recomeco/0027.htm
Como coloca Mino Carta em seu blog:
"O sátrapa da OAB paulista, Flavio Borges D’Urso, inspirado pelo promoter João Dória Jr, também conhecido como o Iconoclasta-Mor por ter destruído a pauladas um monumento em memória do jornalista Claudio Abramo, revidou (a proibição de usar a Igreja da Sé pelo bispo) com outro comunicado, em que transfere a manifestação do Cansei para a própria praça, com início marcado para o meio-dia.
Aconselha-se os organizadores a não promoverem na escadaria da catedral um desfile de cachorrinhos de madame, especialidade de João Dória Jr. Poderiam ser transformados em churrasquinho, em um piscar de olhos, pela plebe fartamente."
http://z001.ig.com.br/ig/61/51/937843/blig/blogdomino/2007_08.html
quinta-feira, agosto 16, 2007
“O governador pediu que a maioria do público que o aplaudia vaiasse os manifestantes. O presidente brincou com Cabral e pediu que ele não se importasse com o grupo, ‘que é tão jovem e desprovido de consciência política, que usa nariz de palhaço".
Puxa, mas, segundo a Agência Estado, que dá a notícia, a qual se vê copiada e colada em todos os sites, “eles pediam concurso para novos professores”.
A relevância não acompanha mais o destaque. A manchete não é "Grande grupo aplaude Lula, enquanto alguns vaiam", como fica claro no vídeo do You Tube. Também não interessa entrevistar com cuidado e detalhar o que queriam os manifestantes, debater qual a possibilidade de atendê-los, o que vem sendo feito na área...
Na verdade, tratava-se de inauguração, conforme comenta no seu blog o engenheiro Roberto Morais:
"Estas três escolas fazem parte fase 1 do Plano de Expansão da Rede Federal de Educação Profissional e Tecnológica, que prevê a construção de 64 unidades e investimentos de R$ 98 milhões.(...) Serão destinados, pelo governo federal, R$ 750 milhões para obras e R$ 500 milhões, por ano, para custeio e salários de professores e funcionários".
http://robertomoraes.blogspot.com/
Não eram "nem meia dúzia, nem uma multidão" e incluíam "alunos da Uenf que reivindicavam bandejão para a universidade junto com mais alguns poucos do sindicato dos servidores públicos federais".
Por que nos passam a idéia, de que o presidente teria sido vaiado por jovens que lutam por mais professores e é, portanto, anti-democrático ou, como coloca a Veja on-line, "demoniza seus adversários"?
Senão, vejamos, onde você leu?
“O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Educação, Fernando Haddad, assinaram hoje (20) portaria criando 1.170 vagas para professores de 1º e 2º graus e 1.363 para técnicos administrativos nas instituições federais de educação tecnológica.”
Então joga no Google ["1.170 vagas para professores" + "1º e 2º graus" + Lula ] e compara com [Lula e Cabral se irritam com vaias no RJ].
Dá 6 por 374.
Reinaldo Azevedo, na mesma Veja, vai fundo: "Lula é dirigente sindical desde 1975. Poderia ter estudado. Mas sempre teve aversão aos livros. Acha que sabe tudo. Sua fala é um absurdo lógico." http://veja.abril.com.br/blogs/reinaldo/2007/08/lula-demoniza-os-adversrios.html
A mesma Não-Veja que financiou os tucanos:
"Dados do TSE mostram que Editora Abril, proprietária da Veja, financiou campanhas de candidatos tucanos em SP, entre elas, a de Alberto Goldman. Nada ilegal, mas não custa avisar ao leitor. Ajuda a entender a linha editorial".
Marco Aurélio Weissheimer
http://observatorio.ultimosegundo.ig.com.br/artigos.asp?cod=340ASP001
Lembro-me de um artigo de Marilena Chauí sobre o governo FHC e o Programa Especial de Treinamento (PET), da Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Nível Superior (Capes). Comentava ela:
“Assim, um programa institucional com a tradição de 20 anos (...) com a avaliação positiva de especialistas não envolvidos em suas atividades, está destinado a ser extinto com a alegação de que seus custos são muito elevados (R$ 14.504.922,47) e que sua ação é elitista!
Isso quando, em qualquer madrugada, o governo federal despeja milhões num banco qualquer para "salvá-lo" ou usa recursos públicos para financiar uma ‘privatização"...
http://www1.folha.uol.com.br/fol/brasil500/dc_1_1.htm
Mas como surge essa classe média indignada, que, de modo tipicamente falso “Liberal” acaba defendendo acaba defendendo seu direito imediato e não seu direito mais amplo, porque vê apenas um lado da situação, uma verdade parcial? Da falta de circulação de idéias e da concentração de poder e renda (vide o poder de “CTRL+C” de todos os sites com a Agência Estado).
O capitalismo selvagem atual não consegue renovar suas fontes de riqueza, conhecimento e inovação, gerando novas trocas pela distribuição de renda. Com o excessivo peso no lado lucro, a suposta "liberdade", a sociedade se deteriora, a riqueza diminui.
- 43,6% dos universitários brasileiros estuda entre uma e duas horas por semana além do horário de aula
- 34% lêem no máximo dois livros por ano, excetuando os escolares
- 41,3% se informam mais pela televisão.
“A justificativa para a pouca dedicação à leitura e ao estudo está na falta de tempo dos alunos.
Segundo o Enade, 68,2% dos universitários brasileiros estudam à noite e 73,2% trabalham durante o dia.
‘É importante lembrar que o ensino superior brasileiro é essencialmente noturno, privado e pago”, segundo o diretor de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep/MEC), Dilvo Ristoff.” (Agência Brasil)
Acontece que estuda quem pode, paga (e de novo, e de novo) quem deve.
“No entanto, (...) a participação da União em Programas de Garantia de Renda Mínima e no Apoio ao Combate ao Trabalho Infantil, por exemplo, sofreu significativos cortes na versão final do Projeto de Lei Orçamentária.
http://www.acaoeducativa.org.br/downloads/fmirev.pdf
Citando uma frase do presidente segundo a qual no momento que o mundo conhecer a cachaça brasileira vai abandonar o uísque, frase boba, mas parte da espontaneidade lendária do personagem, o apresentador comentou: “Ao contrário do que se diz, ele não entende nada de bebida”. Um silêncio pesado chamou a vinheta.
No debate com “as meninas”, ao elogiar o modo durão e ar de competente do ministro Jobim, aproveitou para completar “não sei se vai agradar ao presidente”.
Ainda mais algumas: “Não faz Pilates, mas fez-se de Pilatos, lavando as mãos”. E, comentando uma frase de Lula segundo a qual seus assessores não iriam ir até Washington a cada tremor no mercado, como teria feito o antigo governo, soltou o verbo sobre ser esse um comentário desnecessário e só adequado ao papel de oposição, etc, etc, etc.
O denso do comentário soou como se, mais que rir dos excessos e deslizes do presidente, estivessem escavando uma a uma das suas falas a procura de qualquer coisa que rendesse um comentário crítico.
Logo de Jô, de quem sempre aguardamos uma amplitude intelectual além de todo sectarismo. Tudo começou com o projeto de “classificação etária” na TV, pobre Austrália, país primitivo, que também usa...
terça-feira, agosto 14, 2007
A linguagem é a substituição do mundo. O formalismo modernista, pai do estruturalismo e avô do derridadismo, era talvez uma fuga do mundo complicado demais, depois que Napoleão subiu ao poder e estourou a Segunda Guerra. Os autores da guerra pareciam cercados por cinzas e ruínas. “Não vejo qualquer traço de qualquer lógica em parte alguma” – diz Beckett.
O medo aos “sistemas” iluministas e nazi-stalinistas que propunham um cientificismo único, lógico, abria para a liberdade absoluta, o que deixou a nós, artistas, sem modos de entender o mundo político e econômico. Hoje, entre o “naturalismo” do mercado que prega bom-mocismo (no fantástico mundo TV, a vida como “posição credora” ou “posição devedora”), força de vontade individual e o totalitarismo dos modelos de ser que nos penetram, e a violência que ocupa o espaço de um Estado abandonado pelos ricos para montar a fábrica na Indonésia, lutamos para ver alguma lógica em algum lugar.
O que isso tem a ver com “No Vão da Escada”, do Grupo Teatral Falos & Stercus?
Acho que estamos, de algum modo, passando (se pudéssemos supor um certo movimento insinuado nessas contradições que somos nós) da idade modernista e pós-modernista para uma fase de realismo complexo (vide texto de Fernão Pessoa Ramos, hoje, na Folha, sobre documentários e narrativas na primeira pessoa) uma fase em que as conquistas são mantidas e se supera os excessos. (Recentemente vimos filmes sobre Berlusconi, a rainha e Lady Di, aquecimento global e a Guerra de Bush.)
Sempre gostei do trabalho do Falus (se é que me entendem), mas, assim como ocorreu com “Cassandra em Progress”, da bi-décade Terreira, acho que aqui texto, direção e atuação simplificam e ganham. Luciana Paz mostra que uma grande atriz está presente sempre. Quando falo grande quero dizer grande, pois ela humanizava as frases mais "contadas" do personagem e mantinha o olhar para cada pessoa do público. Também o trabalho com o corpo que marcou a trajetória do grupo é retomado em um movimento difícil e coeso.Marcelo Restori criou um texto beckettiano, falando do fim do mundo, um mundo sem portas, nada novo para esse grupo que luta por teatro inovador enquanto invade uma ala abandonada de um Hospital Psiquiátrico e lá se apresenta.
A geração que foi à rua no início dos anos 90 era marginal porque- diferente do que dizem os falsos liberais que tiveram o “pai” lhes dando proteção antes de “fazerem por si mesmos”- não dá para primeiro crescer e estudar para depois viver: a arte era (é?) lixo no mundo privatizado. O grupo jogou na cara do mundo (reconstruída) essa violência que é ter só FunProArte para financiar, o peso da cidade (o frio que vem do tempo em que se degolava inimigos) e nossa ultra-intelectualização, que muitas vezes vai de Derrida a Tchecov, mas tem medo do novo. (Marília Pera uma vez disse: "Sei como é o público de Porto Alegre: em um primeiro momento mais quieto, não reage tanto quanto o de outros lugares, mas no final é muito caloroso"- Zero Hora, 2ºC, 20/05/06)
Voltando à dramaturgia, achei um texto mais concreto e sensível do que, por exemplo “In Surto”, mais fragmentado e desesperançoso, e mais maior. Aqui algumas narrativas se juntam ao metafísico, suavizando a linguagem. (Gosto da comunicação "essaéminhavida", provavelmente ainda quero mais “o que eu fiz e por que”).
Nietzsche, Foucault, AIDS e Collor faziam parte de uma escuridão absoluta nos anos 90. Nada saiu de cena, mas soubemos fazer nosso espaço, afinal existe o Carnaval, João Gilberto e a Cidade Baixa (dizem que o gaúcho é bairrista, para quem é off-POA, significa Quartier Latin+Copacabana sem água). Esse grupo marcou a história de Porto Alegre por ir ao extremo, por ser puro fogo.
Agora sinto que é o momento em que as conquistas são valorizadas como poesia: sabemos nossos limites, mas sabemos o que somos e podemos. Começam a aparecer esperanças, dentro de um novo realismo.
Sim, eu fiquei 2hs esperando o avião em Guarulhos. Que drama! Um local limpo, amplo, envidraçado, com café, suco e cadeiras confortáveis (era só subir a escada rolante, mas teve gente, muita, que preferiu ficar sentada no chão não sei por que, vai que aparece a televisão).
Cinco dias depois do desastre, o Aeroporto de Cumbica normal, tranqüilo, vem um velhinho com uma mala, o repórter “pula” nele e pergunta: “como o senhor se sente?” (entenda-se: estressado, desesperado, a beira de um ataque de nervos). O velhinho apenas olha para os lados (tudo vazio) e pergunta “como?”
Entrevistei dois profissionais do aeroporto, um deles que há 20 anos lá trabalha. “Esse acidente não tem nada a ver com a pista. Decolam vinte aviões por hora. Qualquer um sabe que foi falha da máquina, mas isso significaria dizer que a empresa não faz manutenção.” E sobre os atrasos: “Todos sempre fizeram overbook, mas antes outra empresa arrumava esses passageiros. Agora todas fizeram ao máximo, faltou vagas.” Não seria óbvio?
Depois, no Salgado Filho, uma mulher vestida de executiva de nariz de palhaço. Lembrei de meu tio que sempre falou de atrasos em aviões, há décadas.
Na TV, um pai (compreensivelmente) confuso diz: “Meu filho foi sacrificado!” Pela ANAC? Uma senhora distinta, deitada no chão no Portão de embarque: “Nunca saí para reclamar nada, (um francês diria, mesmo, sem 68, sem auxílio desemprego) mas agora CHEGA!”
A mudança na malha aérea que o novo Ministro propôs vai “fazer o consumidor pagar mais” o segundo o JG. Os 40 integrantes do Movimento Luto Brasil (não foi fundado pelos familiares das vítimas) que "vaiaram o ministro da Defesa, Nelson Jobim, em frente ao Palácio Piratini, em Porto Alegre" (Terra) saíram em cadeia nacional, no maior Jornal do país.
Seguindo o JN hoje:
“A CPI cobrou da TAM por que não seguiu uma instrução da Anac de janeiro que recomenda o uso dos reversos no máximo, quando a pista estiver molhada no aeroporto de Congonhas. Para surpresa dos deputados, a TAM disse que nunca recebeu a instrução. (...)
Mais surpresos ficaram quando o presidente da Anac, Milton Zuanazzi, reconheceu, por telefone, que a instrução, publicada no site da agência, não tem valor porque não chegou a ser regulamentada.”
Alguém podia me esclarecer o que a ANAC pode fazer, na realidade? Ela pode bater na porta da TAM e fechá-la? O que significa “Não pode ser regulamentada”? A TV não quer esclarecer isso?
Se nosso país, é bom lembrar, está o que está é justamente porque, como um colonialista no Haiti, houve quem ajudasse grupos minoritários a tomar o poder e evitar a distribuição de renda que ocorreu em parte na Europa e EUA, e não porque a maioria votou em um barbudo operário em 2002.
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Desesperadamente Fiel
Assistindo às primeiras cenas da mini-série que estréia amanhã, Donas de Casa Desesperadas, ficamos pensando o que a Rede TV trouxe de novo além das fofocas. O seriado se passa em um mundo de casas com jardim (Arvoredo), onde mulheres “desesperadas” cuidam das flores, dos filhos na piscina, jantam em salas enormes, etc. Muito bem, para se começar no ramo do entretenimento é preciso se valer do que já existe. (Hei, têm alguns dramaturgos brasileiros aqui!)
Claro que essa série é uma das mais inteligentes dos últimos tempos, porque a competição exigem sim qualidade nos EUA e a classe média que sai cada vez menos de casa porque alguém não pagou o imposto para investir na Bolsa e não temos segurança, precisa e adora.
Mas, convenhamos, qual a vantagem de se ter o mesmo seriado dublado? Você tem de olhar duas vezes para perceber que não é uma gringa e sim Lucélia Santos. Percebemos o quanto o modelo de família, homem, mulher norte-americanos se torna “global-normal”, quando nossos atores de 1,90 e malhados e nossas mulheres dos outros falam em português. Parece outro assunto, mas não é: é sobre alguns viverem NY-SP enquanto outros vivem favela-Tv aberta. Prefiro a Grande Família...
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sexta-feira, agosto 10, 2007
A invenção da crise aérea - Marilena Chauí
...
"Do ponto de vista da operação midiáticapropriamente dita, é interessante observar que a mídia:
a) não dá às greves dos funcionários do INSS a mesmarelevância que recebem as ações dos controladores aéreos, embora os efeitos sobre as vidas humanas sejam muito mais graves no primeiro caso do que no segundo. Mas pobre trabalhador nasceu para sofrer e morrer, não é? Já a classe média e a elite... bem, é diferente, não? A dedicação quase religiosa da mídia com osatrasos de aviões chega a ser comovente...
b) noticiou o acidente da TAM dando explicações comose fossem favas contadas sobre as causas doacontecimento antes que qualquer informação segurapudesse ser transmitida à população. Primeiro, atribuiu o acidente à pista de Congonhas e à Infraero;
depois aos excessos da malha aérea, responsabilizandoa ANAC; em seguida, depois de haver deixado bem marcada a responsabilidade do governo, levantou suspeitas sobreo piloto (novato, desconhecia o AIRBUS, errou navelocidade de pouso, etc.);
passou como gato sobre brasas acerca da responsabilidade da TAM; fez afirmações sobre a extensão da pista principal deCongonhas como insuficiente, deixando de lado, por exemplo, que a de Santos Dumont e Pampulha são menosextensas;
c) estabeleceu ligações entre o acidente da GOL e o daTAM e de ambos com a posição dos controladores aéreos,da ANAC e da INFRAERO, levando a população aidentificar fatos diferentes e sem ligação entre si,criando o sentimento de pânico, insegurança, cólera e indignação contra o governo Lula. Esses sentimentos foram aumentados com a foto de Marco Aurélio Garcia ea repetição descontextualizada de frases de GuidoMântega, Marta Suplicy e Lula;
d) definiu uma cronologia para a crise aérea dando-lheum começo no acidente da GOL, quando se sabe que hámais de 15 anos o setor aéreo vem tendo problemas variados; em suma, produziu uma cronologia que faz coincidir os problemas do setor e o governo Lula;
e) vem deixando em silêncio a péssima atuação da TAM,que conta em seu passivo com mais de 10 acidentes,desde 1996, três deles ocorridos em Congonhas e umdeles em Paris – e não dá para dizer que as condiçõesáreas da França são inadequadas!
A supervisão dos aparelhos é feita em menos de 15minutos; defeitos são considerados sem gravidade e a decolagem autorizada, resultando em retornos quase imediatos ao ponto de partida; os pilotos voam mais tempo do que o recomendado; a rotatividade da mão de obra é intensa; a carga excede o peso permitido (consta que o AIRBUSacidentado estava com excesso de combustível por haverenchido os tanques acima do recomendado porque ocombustível é mais barato em Porto Alegre!); etc.
f) não dá (e sobretudo não deu nos primeiros dias) nenhuma atenção ao fato de que Congonhas, entre 1986 e1994, só fazia ponte-aérea e, sem mais essa nemaquela, desde 1995 passou a fazer até operações internacionais. Por que será? Que aconteceu a partirde 1995?) não dá (e sobretudo não deu nos primeiros dias) nenhuma atenção ao fato de que, desde os anos 1980, aexploração imobiliária (ou o eterno poder dasconstrutoras) verticalizou gigantesca e criminosamente Moema, Indianópolis, Campo Belo e Jabaquara.
Quando Erundina foi prefeita, lembro-me da grande quantidade de edifícios projetados para esses bairros e cuja construção foi proibida ou embargada, mas que subiram aos céus sem problema a partir de 1993. Por que? Qual a responsabilidade da Prefeitura e da Câmara Municipal? "
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/446501-447000/446655/446655_1.html
domingo, julho 08, 2007
... Segundo o diretor do departamento de Justiça e Classificação, José Eduardo Romão, "inventaram um novo significado para censura, mais conveniente aos interesses que esses "críticos" representam"."
Será que, agora, devemos encarar como censura toda ação legítima do Estado que possa causar prejuízos à audiência do negócio, ou melhor, à lucratividade do programa?", pergunta, em texto enviado à Folha.
"As pessoas que trabalham na TV facilmente enxergarão a classificação indicativa tão somente como uma garantia fundamental contra a baixaria quando conseguirem olhar para as câmeras e ver, do outro lado, as necessidades e os direitos dos telespectadores que são crianças e adolescentes."...
São Paulo, domingo, 08 de julho de 2007, Ilustrada
terça-feira, julho 03, 2007
Numa noite pra lá de fria topei o desafio pra lá de doido de assistir uma maratona de filmes da meia noite até as 4 da manhã- uma pequena amostra dos muitos curtas, longas e filmes dos convidados exibidos do dia 25 de Junho ao dia 1º de Julho em Porto Alegre- e depois desafiar a névoa forte que era rompida pelos românticos lampiões amarelos da Andradas.
Aliás, idéia de acabar tão tarde devia ser adaptada: com alguns intervalinhos de 10 minutos e um bar servindo café, se tornaria uma agradável convivência até as 6h, quando a vida volta à cidade.
O Festival ocorre desde 2003, promovido pela Prefeitura, e enfrentou desde o início críticas as mais diversas sobre a seleção, a real experimentalidade dos trabalhos selecionados e outras.
O site do Festival se propõe a dar vazão a "Todos os suportes imagináveis, do 35mm e suas variações até uma produção feita em um telefone celular". Pelo menos no pacote que assisti, nada realmente me surpreendeu pela novidade, apesar de nada desagradar.
Preocupou-me um pouco o fato dessa produção artística parecer não falar muito do Brasil-Cão, pelo menos não nos temas tão mega-abrangentes como os problemas sociais e o trabalho, mas arte é arte e é melhor que um monte de roteiros socialistas pra inglês ver. Reflexo, talvez, do abismo que nos separa dos problemas "reais", vivendo dentro da "bolha de consumo" e do isolamento do artista contemporâneo.
(Vale lembrar que esta seleção foi para filmes de pessoas de alguma forma ligadas a organização do festival e que, portanto, não participaram em mostra competitiva).
De qualquer forma se o objetivo é "A SURPRESA, a EXPERIMENTAÇÃO, a CRIATIVIDADE e a INOVAÇÃO", como anuncia o site, pelo menos na mostra da madrugada, fico esperando mais loucura. Não que toda inovação deva ser obrigatoriamente "uma mosca na parede", claro. Acompanhe a minha premiação de 1 a 5.
**** SKETCHES, de Fabiano de Souza, RS, tem uma mistura de Bekett com Entre Quatro Paredes e conquista pela forma como o roteiro é montado, bem interessante. Um homem se encontra em uma cela branca, ou será o inferno? Vamos descobrindo seu passado. Fernando Kike Barbosa age com espantosa naturalidade nesse meio que não é o seu de origem -o teatro- e Nelson Diniz vai se soltando no docorrer da trama, para ganhar emoção no final. Sandra Dani - sempre impressionante em papéis de mulheres fortes e rancorosas- e Liane Venturella completam o elenco, com maestria.
***** A DOMICÍLIO, de Nelson Diniz, RS, conquistou meu primeiro lugar pela simplicidade e humor do roteiro. Bandidos confundem a casa de um moderno budista com a de um inimigo a ser apagado. Fico sempre chocado com a variedade e energia de Heinz Limaverde e contente em ver Álvaro RosaCosta, muito bom no dramático Boca de Ouro, como um ótimo comediante.
*** PEQUENOS TORMENTOS DA VIDA, de Gustavo Spolidoro, RS, mostra o cotidiano de uma sala de aula de classe média em Porto Alegre. É interessante, mas me pareceu faltar algo, pois um ensino onde todas as crianças são loiras e de olhos azuis parece estranhamente com a Suiça.
**** PORTO ALEGRE DE QUINTANA, de Fabiano de Souza e Gilson Vargas é um dos especiais feitos pela RBS para os 100 anos de nascimento do poeta. è sempre difícil conciliar o literário com o comercial -como falar para um público tão amplo como o da Tv- o que aqui foi conseguido com imagens poéticas.
De alguma forma, entretanto, fico em dúvida sobre a possibilidade e até a necessidade de se tentar "pôr em imagens" poemas; claro que a voz está na origem da idéia de poesia, mas acho um tanto complicado a rapidez da imagem poder acompanhar a reflexão do verso. Seria talvez mais adequado um documentário histórico, entrevistas ou quem sabe um mergulho alucinado em inovações, como em "A Pedra do Reino" (correndo deliciosamente perigo de não servir ao propósito do meio), mas o trabalho é interessante e delicado.
*** SANTA DE CASA, de Allan Sieber, RJ, é um desenho animado realmente carioca, baseado em conto de Aldir Blanc, divertido, mas um pouco longo talvez. Crônica despretenciosa. O cansaço da madrugada também começa a bater...
** GINÁSTICA, de Mariana Xavier, RS, é uma montagem com cenas de academia, música eletrônica e tal. tem um ritmo frenético, que acorda o espectador. Divertido.
** *COMO TATUA PELE, de Manga Campion, RS, mostra um ritual das ilhas alguma coisa-supomos- quando os jovens recebem tatuagens com aqueles "garfinhos", ao som de um locutor sádico que fala suavemente sobre a beleza. Justamente aqui se vê um pouco da badalada "inovação", pois as imagens da família volta ao mundo ficam recontadas com essa roupagem debochada.Bem criativo, mas bastante ocidental, já que cada louco tem seu motivo.
**** ASAS, SOMBRAS, BICOS E UNHAS DE SONHOS, de Beto brant, SP, é o mais inovador de todos, com imagens do quadro “Asas, Sombras, Bicos e Unhas de Sonho”, enquanto Kuta, pintor angolano exilado no Brasil, narra o poema homônimo de Pablo Neruda. Belíssimo.
***** O HORLA, de Igor Natusch e Marcelo Oliveira, RS, merece destaque pela idéia original -um conto de Guy de Maupassant- e pelo ator Rafael Régoli que vence sozinho os diversos estados do personagem oprimido pelo misterioso ser. Muito bom.
**** QUINTANA INVENTA O MUNDO (...com muito sono tentamos ouvir mais poesia), de Camila Gonzatto e Frederico Pinto, RS, é rico em fotografia, roteiro e montagem, seguindo a idéia de televisionar os poemas de Quintana. Dentro de um Hotel se passam várias cenas que remetem ao mundo de Lili, a menina do poeta. Criativo, dentro daquilo que já dise sobre o poema em imagens. Coragem, a madrugada já vai acabar...
*** É PRA PRESENTE, Camila Gonzatto, RS, traz uma delicada história de amigos em uma livraria. Bem narrado, merecem destaque a direção de arte, que recria o ambiente intelectual da cidade e a atuação de Sissi Venturin , como uma suave livreira. Só não entendo o que tem a ver com o esquema novo, já que não me pareceu de modo algum uma "experimentação".
*** OLHANDO O CÃO, de Eduardo Wannamacher, RS, é um making off do filme Cão sem Dono. Com depoimentos e reflexões ajuda a desvendar o universo melancólico, pós-industrial e intelectual- pessimista do filme, onde o protagonista parece perdido em um mundo em ruínas, e entre livros. Mostra o processo de criação do longa, baseado em improvisações e trocas com os atores. Morfeu, saia desse corpo!
* DIÁRIO DO VIRALATA, de Júlio Andrade, "só no" celular, é o mesmo processo visto pelos olhos do ator principal. Interessante mostrar o convívio e o processo do elenco, mas um tanto longo e "doméstico" para ser exibido.
** CLIMAX, de Gurcius Gewdner, SP, animação feita para o grupo goiano de rock de garagem MECHANICS, é curto e criativo. Basicamente paint brush animado, mas bem rápido. Acabou! Estamos em dia com a arte da capital e as três pessoas da sala saem na noite gélida, em busca de um taxi. Acabou! Estamos em dia com a arte da capital e as três pessoas da sala saem na noite gélida, em busca de um taxi. A espera também de alguma solução entre o experimentalismo metafísico vão e a linguagem agradável, mas que não desafia tanto.
quarta-feira, junho 27, 2007
Seria esquecer que o Estado é também a representação do público contra os interesses privados dos poderosos... Alguém esses dias falou em ONGs, que vão vigiar a imprensa. Qual a ONG que pode definir o conteúdo da Veja?
A situação é bem diferente de um mundo ideal onde os pais ficam o dia todo com os filhos regulando o que assistem - uma mãe amiga minha disse que mesmo quando ela proibe, as coleguinhas do colégio falam tanto que a sua filha se sente fora da sociedade...
Na Austrália o Estado até exigiu programas infantis em horário nobre, e isso não foi visto como ditadura, mas como defesa da maioria.
Um senhor amigo de nossa família uma vez disse, em almoço de domingo, enquanto desligava a TV: "Não dá mais nem pra almoçar com os filhos vendo TV..."
* ..."Aprovada a coalizão, cabe ao presidente integrar o partido ao governo', disse o presidente do Senado, RENAN CALHEIROS (AL), da ala que apóia Lula desde 2003. "
* ... "Os preconceitos da elite são refletidos pela revista. Além dos movimentos sociais, há quem relate que um dos bordões de Tales Alvarenga, atual diretor de publicações, em sua fase à frente da revista era: 'Não quero gente feia'.
Por gente bonita, referia-se não apenas a padrões estéticos de magreza, mas também aqueles ligados à cor da pele. Segundo colaboradores próximos, fotografar negros seria quase certeza de material desperdiçado. "
Dossie Veja -http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=330
* ... "Na minha avaliação, o problema da crise está relacionado à falta de relacionamento existente entre os controladores de vôo e o comando da Aeronáutica.
Essa falta de diálogo, a quebra da confiança que há na hierarquia é que tem propiciado de um lado o preciosismo de por parte dos operadores, na operação do sistema, pressionando inclusive o comando da Aeronáutica e, por outro, na minha avaliação, uma falta de iniciativa por parte da aeronáutica para minimizar essa situação. "
Marco Maia, CONTROLADORES FAZEM A CRISE. EQUIPAMENTOS NÃO -
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/439501-440000/439633/439633_1.html
***
Depois dessa viagem pelo tempo, podemos pensar se não é verdade a seguinte notícia do Conversa Afiada...
Paulo Henrique Amorim – Entendi. A mídia se irritou porque o Lula deu certo.
Marcus Figueiredo – E ela dando certo significa a possibilidade de uma alternância de poder substituindo as velhas lideranças, as velhas oligarquias, a velha elite que sempre comandou o país e sem conseqüências drásticas. Apenas, evidentemente, uma mudança de rumo na política.
http://conversa-afiada.ig.com.br/materias/439501-440000/439982/439982_1.html
sábado, junho 23, 2007
O que mais aprendemos com ele foi que trabalho significa diversão. Ele nos contou como Shakespeare tentava chamar a atenção de uma platéia de 3 mil pessoas, à céu aberto, que pagavam algo como 10 centavos para assistir comédias e tragédias em uma linguagem pouco conhecida para a época. os atores tinham de prestar muita atenção pois só recebiam suas falas e as "deixas". Resultado: tudo tinha de ser divertido.
Perder o ranço do século XIX, quando Shakespeare foi identificado com a mitológica visão de um classicismo movido a donzelas rimadas e tragédias solenes, era seu propósito. Disso faz parte também as traduções que, de modo geral, tendem ou a perder toda a rima, sendo traduzidas em prosa, ou simplificar totalmente os versos apresentando uma poesia banal, em geral feita não por poets, mas por estudiosos. O que acontece? Shakespeare parece ou chato ou simplista. Assim, tentei traduzir alguns trechos trabalhados.
Luke Dixon também incentivou bastante a subversão, com roupa de baixo, palavras indecentes e até um consolo de plástico. Tudo para chegar ao real sentido do texto- ou àquele que nos parece mais provável hoje- a flor mágica como o desejo sexual dos jovens, ardente, mutável, ilógico. Com direito às fadas dançando "funk" e dizendo "Chinelona!" para a rival de Titânia, a rainha das fadas.
Seu método dá ênfase à imaginação, ao despertar da criatividade no ator. Ou seja, um trabalho também individual e interno, mas quenão abandona o ritmo do coletivo ou o corpo. O que não deixa de ser um pouco diverso do que se está acostumado aqui no estado, muito influenciado pela corrente da Terreira da Tribo, um dos mais importantes e antigos grupos, que vai pela estrada de Artaud, Brecht, o dionisíaco, o ritual e a nudez.
Outra característica é o trabalho em cima da cena. Dentro dessa tendência de popularizar Shakespeare e trabalhar com a criatividade, os exercícios se dirigem para uma cena específica, como preparatórios para determinada função (ao invés de simplesmente abrir espaços de sensibilidade no corpo, como estamos mais acostumados por aqui).
Apesar de sabermos da importância do texto para essa escola, acabamos improvizando mais que o razoável, mas apresentamos um quadro bem variado e criativo de possibilidades de Oberons, Titânias e Bottons. Enfim, Luke nos ensinou a arte de ter prazer.
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Algumas reflexões que pude fazer a partir da experiência me remeteram aos processos centrais de um evento cênico. Pareceu-me poder falar de quatro linhas de força, que colocamos heuristicamente.
1) Ação. Os atores são naturalmente seres que gostam de agir, ou o desejam. Até por nervosismo, se vêem obrigados a ocupar o espaço, a mover-se, a chamar a atenção. em geral gostam de subverter e de ver o retorno da platéia. Então, em primeiro lugar o evento cênico é sobre algo interessante acontecer. Esperamos ser surpreendidos. A primeira obrigação do ator é ser interessante.
2) Adequação. Entretanto, é muito comum percebermos em um grupo de atores quando o overacting atrapalha a encenação. Mesmo que precisemos de subversão, a ação não pode se tornar uma luta de indivíduos cada qual tentando chamar a atenção para si. Achar o equilíbrio entre explosão e respeito ao grupo, entre inovar e seguir a narração, entre ser critivo e ser generoso, é um delicado processo. Sempre percebi que o bom senso é uma das características básicas dos bons atores- falar no tempo certo, às vezes até subverter o texto. Na comédia bom senso é a base de tudo.
Uma das dificuldades maiores entre atores ultimamente (aliás, entre todas as profissões) é o trabalho em grupo. Como funcionar como um corpo único, sem parecer um balaio de egos procurando o holofote? Alguns exercícios de percepção do grupo ajudaram a trabalhar isso, por exemplo, quadros com os atores que se moviam em conjunto para criar outras cenas e o trabalho de espelho, em duplas e em grupo.
A oficina também foi sobre contar histórias. Fizemos inclusive um exercício de "escutar na escuridão", e, relacionando com Shakespeae, soubemos que sua época se falava "ir escutar uma peça". Talvez tenhamos perdido algo aí, quando passaos a "ver peças". Yoshi Oida nos fala, em seu livro "O Ator Invisível", de dois atores de kabuqui: um deles aponta a lua e as pessoas admiram o seu virtuosismo naquele gesto; outro aponta a lua e as pessoas vêem a Lua. "Eu prefiro esse tipo de ator: o que mostra a lua ao público. O ator capaz de se mostrar invisível", diz ele. O que está em primeiro lugar é a deliciosa contação, mesmo que seja um clima, um momento humano, um enredo sem falas.
3) Comunicação. A comunicação entre o grupo e entre este e a platéia é o verdadeiro objetivo da ação cênica. Entre o grupo isso significa estar aberto ao outro, ajuda-lo a expandir seu potencial, não criticar severamente, ter auto-estima suficiente para ir além da competição e dos papéis sociais que nos cobram produção, eficiência, correção, controle, força. Temos de a todo momento buscar essa comunicação, o prazer de estarmos juntos, a ponto de Grotowski chegar a dizer que, no seu grupo, tudo tratava-se de relações humanas. Em primeiro lugar é preciso acabar com o "certo e errado" e focar no "possível". Todo ser humano carrega um potencial de emoções, memórias e gestos capaz de usar em ações cênicas, e que podem ser potencializados com algum treinamento. Não se trata de julgar o outro, mas de acolhê-lo.
O público também deve ser acolhido. A peça não pode ser um ato de impor ao público uma bela arte, mas antes de usara reflexão do coletivo para dar a ele um texto que possa ser aceito. E ele é aceito quando fala algo que a todos interessa e com o que concordam. Assim o ato cênico é algo que "todos gostariam de ter dito" e cria um efeito de comoção. Passamos aos espectadores o sentido de que todas as pessoas são importants, e que estamos aqui e agora vivendo com eles uma relação humana.
4) Diversão. Aparentemente a diversão - além do prazer visual, sonoro e cinestésico- é tido como algo menor, abaixo da capacidade crítica e do senso estético. Mas sem ela nehum grupo pode sobreviver. A diversão pode ser até com o fato de sefalar de emoções profundas, causas sociais ou problemas que precisam ser debatidos. Essa característica significa também ter prazer com a própria conteção, por exemplo, um ator que tem uma veia cômica ligada a improvisação manter-se mais concentrado e introspectivo em determinado contexto.
Quando o ator como indivíduo perde essa capacidade de se divertir, de experimentar e de errar, se leva tão a sério que acaba entrando em jogos e poder- eu devo te agradar, inclusive querendo parecer informal, aberto e livre. A diversão pode ser mantida quando nos permitimos valorizar os outros e estabelecer com eles trocas criativas pressupondo que todos são interesantes. Quando estabelecemos essa comunicação além das hierarquies e comparações podemos nos divertir e o público percebe que ele também faz parte dessa grande aventura prazerosa e inovadora, ainda que a peça seja Hamlet.
Algo que considero fundamental é a generosidade. Significa desfazer o mundo como ele está, quebrar o medo e o autoritarismo do mercado. A competição da sociedade está minando nossa capacidade de criar e ser ator tornou-se ser "boneco" radical, falar frases de efeito para parecer rebelde e seguir todos os métodos antigos (principalmente a vanguarda, Grotowski e a desconstrução) para ser aceito e fingir para saber quem será o ator mais brilhante. Isso não tem nada a ver com arte.
quarta-feira, maio 23, 2007
"... manifestantes também interromperam serviços públicos e tumultuaram o trânsito...
...A violência foi o método escolhido por manifestantes que tentavam, em São Paulo...
Um grupo radical de militantes – entre eles alguns ligados ao mesmo movimento que já invadiu laboratórios de pesquisa e atacou empresas privadas do agronegócio – tomou de assalto a sala de controle da segunda maior hidrelétrica do país, a de Tucuruí, com uma extensa lista de reivindicações. "
http://jg.globo.com/JGlobo/0,19125,VTJ0-2742-20070523-282732,00.html
CUT
"A campanha da Fiesp, com o apoio da OAB-SP e da Rede Globo é de que fiscal não é juiz. A CUT, a CGTB e o conjunto dos movimentos sociais estão aqui para dizer que o trabalhador não é empresa, que quer acesso aos direitos constitucionais e à CLT, e que não vamos admitir qualquer tentativa de extinção ou flexibilização de direitos", afirmou o presidente nacional da CUT, Artur Henrique da Silva Santos.
O líder cutista frisou que "é preciso que a sociedade saiba o que é a emenda 3, e parar isso é necessário que os companheiros se comprometam a fazer assembléia em suas bases, ampliar a comunicação e a informação".
A verdade, como registraram os manifestantes, é que a emenda 3 agride o mais elementar, o mais primário, o mais primitivo direito que um trabalhador pode ter: simplesmente, o de ser reconhecido como trabalhador. A emenda transforma o empregado da empresa em "pessoa jurídica", o chamado "pj", "empresa de uma pessoa só", prestador de serviço sem registro em carteira e, portanto, sem acesso a nenhum direito.
Ou seja, em vez de relações trabalhistas, teríamos relações entre empresas, onde não haveria mais patrões, mas "clientes"; nem empregados, mas "prestadores de serviço".
O problema é que uma das "empresas" é composta por um único trabalhador, colocado à mercê da outra, a quem é dado o direito de ignorar os direitos do trabalhador, pela negação de sua existência, ou seja, pela farsa de considerá-lo uma "pessoa jurídica".
http://www.cut.org.br/
sexta-feira, maio 18, 2007
Desde quando a arte é apenas isso?
Vida, o Filme, é o meu favoritíssimo livro de Neal Glaber, jornalista americano, que coloca em foco a política do entretenimento, uma sociedade em que todo mundo se diverte e poucos governam.
A peça, Vida, o filme, do grupo "Os Desequilibrados" faz uma adaptação deliciosa do tema. Alguém disse que achou um besteirol. Não, na verdade é sobre o besteirol. É criativa a forma como essa nova e quase única "cultura" global - os filmes que todos vimos, o único assunto que nos une- penetra na cena causando choque, riso e reflexão. Tudo bem, tem gente que não vai entender, mas a arte vai salvar o mundo. Pelo menos não todo o mundo.
Sim, eles repetem a bendita frase "Eu sou Adam, príncipe de Etérnia" mil vezes.
Mas a brincadeira sobre realidade ficcional ou ficção real é retratada de mil formas inteligentes: num debate sem fim sobre filmes, tantos que já misturamos esses estereótipos todos, em um debate entre "Ficção-Nietzsche" e "Realidade-Platão", numa falsa cena de Beckett, num reality-show sobre ninguém, num telão mixando cenas real e fictícias, etc... Soluções técnicas interessantes, desde o palco nu, até luzes de camarim na roupa e um uso muito razoável do telão, como na seqüência "a- vida- é- um- clichê" do amor fracassado.
Os atores, Cristina Flores, Saulo Rodrigues, José Karini e Ângela Câmara brincam de modo consciente e dão o tom certo do deboche no pop.
Hoje, quando todos ainda querem fazer Beckett, e quando o movimento de Grotowski se tornou
um efeito mecânico sem alma, é essencial esse arejamento de cena e de texto. Salve e salve Daniela Pereira de Carvalho e Ivan Sugahara por escrever algo tão crítico e divertido.
O final, com uma música de Sandy e Junior, é hilário.
***
Macbeth, do grupo Amok foi recebido com entusiasmo pelos porto-alegrenses. Os textos clássicos são quase uma obrigação de se gostar no meio cult e Lady Macbeth é mesmo um dos personagens mais queridos, e mais atuais. Parece que será deputada.
O grupo usa um figurino deslumbrante, oriental, movimentos trabalhados, um som no palco que cria um ambiente mágico. Ainda assim o início da peça é lento.
Nosso ritmo hoje é outro e é um desafio nos clássicos manter a atenção do público. Numa era de compreensão imediata, Shakespeare precisa de um Dj.
Em alguns momentos não se entende bem o que os atores dizem, em especial o protagonista Stephane Brod, francês (vale ressaltar que sou português é bom, parece português).
Mas do meio para o fim- um pouco pela qualidade do texto de correr a ação após a coroação- a peça ganha ritmo e tudo chama atenção.
Então os elementos todos que o grupo traz- som, roupas, corpo- se unem e fazem um final dos mais interessantes.
Grande destaque para Ludmila Wischansky, a Lady. A direção poderia ter modernizado alguma coisa na sua atuação, que é a de um ator só em cena, mas a atriz tira disso o melhor.
A peça foi aplaudida de pé e é viva e interessante, mesmo eu achando que poderia ousar mais, principalmente na desnaturalização da ação e na velocidade.
Entretanto montar Macbeth de modo integral, colorido e sem nos deixar dormir é por si só um sucesso.
***
Esse Gota d´Água do grupo Breviário eletrizou o público de Porto Alegre. Apesar do erro técnico de não explicar que os lugares não seriam numerados, e de encher o teatro com mais pessoas do que as que poderiam ver bem.
Todo o elenco é protagonista e nos prende desde o início: a macumba ganha de cara a atenção do público.
O texto é o que é e os atores retiram dele toda a graça. Georgette Fadel é uma das maiores atrizes que já vi em cena. Sua Joana faz movimentos de umbanda e aparece como uma estátua da depressão na primeira cena. Suas últimas falas bombásticas com o fraco Jasão acabam sendo repetitivas, mas talvez seja um excesso do texto. Ficamos do lado dela, o tempo todo.
Algo incrível acontece quando os atores estão presentes. E, num mundo onde todos qureem agradar, alguém presente é cada dia mais raro.
***
Valsa n. 6 é o tipo de peça que todos querem ver. Uma clássico, uma ousadia dentro do teatro nacional.
Mas não basta hoje fazer algo correto. O corpo contemporâneo é dominado por movimentos de comprar, trabalhar, teclar e gozar. O palco exige algo novo.
O corpo no palco tem de se livrar da vontade de agradar. Tem a ver com ética, com abertura e generosidade para com o público e- se tiver- com o grupo. Porque a idéia mesma do ator é de se expor, expor sua fragilidade, e para isso vence suas resistências.
Infelizmente se faz hoje muito teatro para. Para fazer um clássico, para ser ator, para ser belo.
Marina Oliveira tem sensibilidade e, principalmente no final da peça, cresce.
Sentimos que ela ficou um pouco sem tempo, precisava de mais tempo para falar e para penar em cena sobre essa coisa esquisita que se chama Nelson.
O palco é outra vida do texto. Um texto que está em vida precisa de cores novas.
Valsa n. 6 agradou o público na sua estréia nacional. Mas esperamos mais.
***
quinta-feira, maio 10, 2007
"Vamos aclamar o Paaaaapa! Ele está descendo do papa-móvel!!!!"
Celebridade total.
Qualquer europeu ficaria envergohado de ver na sua TV essas pessoas dizendo "É um milagre! Viajei 300 mil quilômetros para ver esse santo!"
Fico um pouco assustado quando vejo essa histeria toda em 40 mil jovens no Pacaembu... Onde foi parar a "igualdade" cristã?
***
O Festival Palco Giratório ocorre aqui em POA logo antes do Porto Alegre em Cena. Para todo mundo que soube de outros estados e países isso é um ponto para a cidade, significa diversidade e aceitação do público. Mas vários grupos têm dito que "quem vai no Palco não consegue ir no POA em Cena..." Ou ainda: tenta-se uma inscriçaõ e não se consegue, nem por e-mail, nem por telefone...
Uma pena, quando o lado grosso do gaudério supera o bebedor de chimarrão em roda.
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Por uma bênção do Bom Deus, está acabando a papa televisiva do Profeta: até a última cena dramalhão (agora com uma mãe morrendo do coração...)
O que levou a esse humor de caipira na lama (onde a coisa mais emgraçada era um cara falando Gizéli) temperado de "Deus nos deu um dom para fazer o bem" deve ser anos e anos de má educação pública e política comercial de jornal... Mas sempre tem a vida eterna...
quarta-feira, maio 09, 2007
10 minutos esperando subir no helicóptero...
Quando o comentarista Padre tenta explicar algo sobre o contexto, o jornalista- robot corta: "Agora o helicóptero decola!"
Segundo o comentariasta o Papa está desejando “estar mais junto das pessoas”. Bem, talvez por isso a Globo tenha escolhido esse tom bajulador, monocórdio, em que todo o Brasil se torna católico E praticante...
Nem de leve se pode pensar que a verdade é tentar estancar a sangria de fiéis, botar a Teologia da Libertação como fora da lei e a Globo odeie a evangélica concorrente...
De repente Ratzinger deixoude ser o conservador que assusta a todos nós, mais ou menos cristãos...
Seu discurso sobre a família só não foi mais tedioso porque contou com o apoio incondicional do presidente: o que significa? Que todos devemos voltar ao século XIX e viver uma vida toda juntos fazendo papai e mamãe para procriar?
domingo, maio 06, 2007
Legal: vamos ter nossas próprias donas de casa desesperadas, em versão para o brasil da série americana de sucesso "Desparete Housewives".
Isso levante aquela velha questão: a Tv terá ainda menos espaço para criação inteligente?
Lebro-me de uns anos atrás um diretor comentar que tentou mudar um cenário de um sonho (que era ridículo na versão brasileira, pois, para começar, ninguém ia comprar pasta de amendoim na esquina) e quae foi processado.
Há anos vem o "perigo" de que as novelas (ruins, mas nossas) sejam substituídas sem volta pelas séries (ruins e deles). Claro, teoricamente o mercado está aí e ganham os mais aptos.
Mas se perde em diversidade...
Senão, dá uma olhada:
"Há, contudo, desvantagens na padronização. A filha da divorciada atrapalhada Susan, que no Brasil é Susana (Lucélia), vai à escola com saia de prega xadrez, malha com gola "V" sobre camisa branca, sapato de couro e meia curta, uniforme tipicamente argentino."
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/ilustrad/fq0605200706.htm
sábado, maio 05, 2007
Eu li essa nota em um jornal local:
"Permanece o mistério quanto ao sumiço de CM, a colunista do site Z, um dos mais lidos na internet. Seu carro teria sido achado no dia 2, na cidade de São Francisco de Paula, na serra gaúcha, mas a polícia não confirmou o caso. Um morador afirma ter visto um enorme adesivo da série House no vidro.
Carina havia desaparecido após transferir seu blog do Ig para o Uol. Os internautas, nervosos, levantaram a hipótese de que ela poderia estar sofrendo de depressão.
Boatos surgiram em diversos blogs sobre seu desaparecimento, inclusive um boato sobre seu envolvimento com o estilista Ralph Lauren. Outras fontes sugeriam que ela passara a ser investigada pela CIA, por ameaça a segurança nacional com ‘reflexões inapropriadas’, segundo um suposto relatório.”
Lembrei do boato que li na rede:
"Segundo se diz, os dois se conheceram em um evento promovido pela marca para os jornalistas brasileiros, no lançamento de seu novo perfume. Ralph Lauren estava trabalhando com a Disney para uma série de TV onde se ensinaria as pessoas a viverem felizes. Mas a mensagem subliminar seria bem outra. A série começaria com os personagens em férias em Miami dizendo: 'Então, cabe a nós acabarmos com os ditadores do mundo e possibilitar a todos entrar na Caverna do Dragão'.
A publicidade de lançamento, na TV, conteria a seguinte narração: 'você precisa de um cenário novo para sua vida: lojas. Você precisa saber usar essas coisas de cinema: colunistas. Crie sua vida como um desenho animado.' CM teria descoberto que o estilista tivera encontros secretos com elementos do governo americano."
Eu me lembrei de uma entrevista que vi da C no You Tube:
"Sabe, temos de nos defender contra a idiotice global. Será que todas as pessoas vão ficar iguais? os caras fizeram uma guerra de ficção, uma não, duas. A Union Oil da Califórnia está construindo um oleoduto ligando Turcomenistão ao Afeganistão.
No jornal The Guardian de 26 de dezembro de 2001, foram divulgados detalhes específicos de um plano de uma guerra contra o Talibã, que seria tirado da gaveta depois do 11 de setembro. O NYT de 26 de maio de 2007 diz que Clinton queria acabar com o Talibã para enfraquecer a influência iraniana na região".
Será que os caras pegaram ela?
quarta-feira, maio 02, 2007
Não sou um grande fã de Gal Costa, mas ela brilhou no especial Som Brasil Vinícius, uma pérola do bom mocismo que a Globo Apresentou em um horário de alta madrugada, depois de uma semana com divulgação maciça. depois de tanto anúncio, pensamos que podia abrir uma porta na programação de Ibope para algo de qualidade. Não mesmo.
Arriscar é coisa do passado. Fomos presenteados com Chico Pinheiro, um belo rapaz que deve ser apenas muito tímido, mas contou mornamente dois atos e, no terceiro, pareceu se comover, mas quase nada se ouviu. "Desafinado", se isso significou voz de sussurro amoroso, é pouco. Sua camisa punk-fina era o símbolo de tudo que foi esse show: um alternativo minguado.
Cris Delano e o grupo BossaCucaNova ou algo assim, apresentaram uma roupagem toda moderninha, que parecia pronta para empolgar, mas então ela soltou meia dúzia de "tik-tim-tá" e ponto. Parece que faltou mesmo aquecimento para todos, e só implacou também na terceira música, para dizer apenas "she doesn´t see" meia dúzia de vezes, com um Eddy Motta salvador da noite, sendo ele mesmo de novo, pelo menos original. Era “alternativo”, mas faz muito tempo.
A tal Tatiana Parra fez uma pequena apresentação, mas estava ótima. Algo aconteceu com essa nova geração, talvez seja Xuxa demais ou Mortal Kombat. Estão todos mortos.
Mas aí alguém lembrou que chamar a favela é sempre legal, e colocaram lá um grupo formado pelo bonito Terra Negra, o animado Pael da Rima e Criolo Doido, ou algo parecido. A roupagem rap funcionou bem quando cantaram Vinícius, só que de repente alguém puxava um "as pessoa não se falam/ e dizem que/ nem Cristo agradou/ todo mundo (mano!)/ saca só a rima/ você acha mesmo que é igual ao Salvador?" Bizzarro. (A graça da noite ficou com uma frase auto-irônica do Doido alguma coisa: "Só a arte pra me fazer vir aqui".)
Teve mais alguém? Ah, o filho do Baden Powell, ele também um belo e talentoso jovem. E foi isso.Ficamos com a voz sempre sempre Gal, só que com uma verdade que faltou no resto. Tristezinha verdadeira para dizer: "eu ameeei."
Por um lado, somos como que "educados" a gostar desse "gênio da nossa música", por outro a esterilizarão do "bom gosto" urbano nos dá a sensação de deja vú, de "de novo Vinícius?"
Até o cenário era dessa gélida modernice: raios que lembravam violão (raios!) e uma luz ambiente"lounge".
Muito chic, como os vestidinhos de estampa de vovó das gurias backing-vocal-almost-famous de Pinheiro.
Sem falar de uma Patrícia Pillar, claro, em panos coloridos, apresentando o non sense de "hoje temos Gal Costa" : "trizteeeeza não tem fiiiiinnnn", "rap" :"aí galera, o morro não tem vez!", "e Bossa NovaCuca": "pa-ra-ra-rááá!!!", "e como eu ia dizendo"....
Ficamos com a impressão de que nada de novo e autêntico se faz no Brasil, ou que não chega na TV, só o que é novo e (e fica) velho. Pelo contrário, um politicamente correto desagradável e comestível.
Algo como o "Novo Festival Brasileiro" de uns anos atrás que só tinha baião, rap e um cafona-MuitoProdutorBrasil. Festa estranha, com gente esquisita. Talvez seja a coisa paulista de ir sempre na mesma cidade e nos mesmos lugares, ou a nobreza carioca do "Tijuca music circus".
Lembrou um pouco o fato de não ter aparecido a morte de Elis no super super especial especial "Elis, a super rainha do rock", segundo o produtor porque "todo mundo já sabia dessa história desagradável", parecendo, entretanto, que estrela morrendo de overdose era "real" demais para os novos "deuses" e o público "médio". Será?
Respeito demais dá nisso.
A arte só vive de ressurreição, é sempre um “em potência”. O poetinha também é um gênio “em potência”. Infelizmente, Vinícius permaneceu bem morto.
segunda-feira, abril 23, 2007
Em mais um furo de reportagem o Jornal da Globo acaba de mostrar o "mais divertido político do século XX", Boris Yeltsin...
Entre uma explicação inacreditável de que ele estava fadado ao comando porque na URSS uma vez é dos cabeludos outra dos caecas (não é piada!) e toneladas de imagens sobre um presidentes "capaz de fazer os outros rirem", foi falado da "maior rapinagem com empesas públicas" que deu lugar a uma "oligarquia".
Ai, ai, assim como a Vejam Só, a euforia da "capitalização" impede que se fale sério... é a nova política: feita de informações banais...
ajr
2-
É uma atrás da outra, na linha duríssima do JG. Quando parecia impossível ser mais neoliberal, hoje se ouve:
"a GM foi vítima de um coquetel de exigências trabalhistas" e perdeu a liderança mundial para a Toyota mesmo tendo demitido "70.000" americanos em 2006. Rapidamente se comenta sobre o fato da empresa japonesa criar carros "menores e mais econômicos" além de um modelo híbrido (elétrico-à gasolina) que agradou a nova mentlidade dos consumidores...
A culpa? "Custos trabalhistas..."
Ou seja, a visão é tão dura que não muda um centímetro, mesmo quando a relidade parece contradizê-la... Qualquer busca na internet mostraria outra coisa. Por exemplo:
"As grandes firmas nipônicas vêem-se mais como comunidades do que como propriedade dos acionistas. Esta comunidade compreende os acionistas, é óbvio, mas também os empregados, os clientes, os fornecedores e os credores.
Antes de maximizar o valor “líquido” – credo americano – os proprietários pretendem equilibrar o interesse comum da comunidade, a fim de assegurar o sucesso da empresa no longo prazo."
Crescimento sem ortodoxia, Sanford M. Jacoby
http://diplo.uol.com.br/2006-05,a1303
Ou querem nos esconder coisas, ou não quer fazer buscas... jornalismo....
- Ah, teve ainda a "CPI" do "caos aéreo"... e
"a reforma da educação proposta pelo governo é um consenso nacional (um elogio?)
blábláblá o PAC - que ainda não saiu do papel (ah, não, era só introdução...)
ajr
quinta-feira, abril 19, 2007
Entradas sejam reforçadas, com guardas de segurança e detectores de metais: impossível ou eficaz nos centros educacionais que tentaram a medida.
Longas filas de espera para assistir as aulas, guardas com pouca formação, que muitas vezes são agressivos, maior sentimento de hostilidade.
Presença de seguranças quase decorativa.
Será que o fim da proibição do porte de armas de fogo, como sugeriu a "Liga da Defesa dos Cidadãos da Virginia" seria mais eficaz? Duvido...
O fato é que nosso assasino tem um manifesto.
- "Tão logo ele começou a ler, toda a turma começou a rir, a apontar para ele e a dizer, 'volte para a China"
-"Só existiam alguns que realmente perseguiam ele, eram maus, derrubavam ele no chão e riam"
-"Ele realmente não falava bem o inglês e eles faziam piadas."
Não seria o caso de se perguntar por que motivo os estudantes são tão infelizes?
Não seria preciso tentar evitar a competição, incentivar um convívio igualitário, tentar aproximar os "diferentes" numa sociedade cada vez mais multicultural?
Seria preciso rever a ética individualista e/ou dos grupos por classe?
Não, melhor mais estereótipos...
Zbigniew Brzezinski, ex assessor de Carter para Assuntos de Sugurança Nacional, em 1997 já recomendava:
"uma ameaça exterior direta de proporções verdadeiramente maciças e escancaradas". (Gore Vidal, 2002)
Lembremo-nos do "manifesto" dos intelectuais europeus, entre eles Salman Rushdie, segundo o qual
"O islamismo é uma ideologia reacionária que mata a igualdade, a liberdade e o secularismo em qualquer lugar onde está presente"...
Há quem discorde:
"A lógica desses críticos é que os americanos primeiro incentivaram governos ditatoriais seculares, que por sua vez sufocaram a oposição. Agora que os americanos começam a forçar essas mesmas nações a promover uma abertura política, o único movimento que sobreviveu com força para reagir foi o religioso."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2006/02/060224_islamismoocidenters.shtml
terça-feira, abril 17, 2007
Uma coisa que sempre me assusta nesses "crimes na escola" é a surpresa dos envolvidos. Um entrevistado atrás do outro diz: "Não compreendo..."
"O senador Jim Webb, do Estado da Virginia, disse que o tiroteio foi um 'ato sem sentido".
Uma vida "suave e saudável" de subúrbio como diz Luiz Fernando Veríssimo no prefácio do livro de Gore Vidal (Sonhando a Guerra, 2002). "(A Associação Nacional dos Rifles -NRA) é responsável por mais mortes de americanos do que qualquer inimigo do país".
Outra coisa incrível é a confusão e despreparo dessa Universidade, dessa polícia. Será que no mundo perfeito nada vai acontecer?
"Alguns alunos reclamaram que não foram alertados pela universidade até receberem um e-mail mais de duas horas depois do primeiro incidente.
Não foram feitos anúncios no sistema de alto-falante, disseram. O estudante Billy Bason, de 18 anos, disse: 'Eu acho que a universidade tem sangue nas mãos por falta de ação depois do primeiro incidente."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/story/2007/04/070417_virginiashootingg.shtml
Tirando o Jabor, que conseguiu dizer que a "a razão é uma frescura francesa como escargot, se finit", e pregou que "loucura não se explica", esses horrores mostram as contradições que a sociedade não consegue esconder: Bush, financiado pela NRA diz que "Quando tais santuários são violados, o impacto é sentido em toda sala de aula americana e em toda comunidade americana".
Sempre me impressionou também a violência silenciosa de um mundo onde os "inteligentes" e os "ricos" são glorificados, a solidão dos estudantes, a competição, etc.
Segundo Ballone GJ - Depressão na Adolescência -
"Algumas pesquisas também mostram que cerca de 20% dos estudantes do 2º grau sentem-se profundamente infelizes ou têm algum tipo de problema emocional.
Talvez seja porque o mundo moderno esteja se tornando cada vez mais complexo, competitivo, exigente, e muitos adolescentes têm dificuldades para lidar com as necessidades de adaptação que se deparam diariamente. "
in. PsiqWeb, Internet, disponível em http://www.psiqweb.med.br/, revisto em 2004
Ainda:
“Os europeus se mostraram relativamente felizes e nenhum país ficou abaixo da nota cinco em termos de felicidade ou de satisfação com a vida. A pesquisa mostrou que a confiança na sociedade é muito importante”, afirmou Luísa Corrado, coordenadora da pesquisa na Universidade de Cambridge. (...)
“Os países com índices altos de felicidade também obtiveram os melhores níveis de confiança em seu governo, suas leis e sua sociedade”, disse ela."
http://www.bbc.co.uk/portuguese/reporterbbc/story/2007/04/070417_felicidade_am.shtml