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domingo, janeiro 10, 2016

Jardim


Sem nau e sem mar
Sem mortos sem sol sem profecia
Sem nostalgia de mágoa pouco sentida e sem
Perdão do dia

Meu mar, vinho e nevoeiro
Minha rua solitária, minha adoração do bonde
É canto de desconfiança, meu deus oculto não é
Uma lista de dogmas, Darwin já morto
Esperto demais para dormir em brancos lençóis
E só

Ainda, a beleza
Água cai do céu, uma semente
cachos, espigas, jardim
O calor do sol e a vida
Uma mensagem de esperança
Mesmo fracos e incoerentes
a compaixão em botão

Teus olhos não enxergam
Teu coração é gelo afiado
Presunção sai de tua boca
Desprezo pelo que é vivo

Quando o olhar pacífico de um cordeiro
Se une por riscos e certeza
A um braço aberto de gente adulta
É o que o chinês chama de beleza

Afonso Lima

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