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sábado, outubro 30, 2010

Não criança

Teu nome era criança
Não podes passar aqui
As boas coisas da vida
Nao são para ti

Mas e se houvesse cavernas
e a verdade estivesse no mapa
se houvesse camadas
nessa tal realidade

o segurança te expulsa
menino com caixa suja
o pensamento de Fausto
em que lhe ajuda?

Teu nome era criança
mas foges do perigo
da lógica enlatada
e um poeta sabe que nada
Acaba com o infinito


Afonso Jr. Lima

sexta-feira, outubro 29, 2010

Verde


Como eu fiquei nessa situação?
Onde está o inferno, o veneno, a chama?
Olha, eu vim do interior, que lá a coisa tá feia.
Não existe o inferno e por isso também não há a paz
Passar fome na capital é outra coisa!
A alucinação é o pão nosso, eu derramei-me
Eu tenho dormido embaixo da entrada da Assembléia, não dizem que é a casa do povo?
O inverno o conforto
O guardinha sempre deixa eu ficar ali.
O barco bêbado
Devo dormir antes do último jornal
É um vão de verde onde canta o riacho
Descia rios impossíveis
Dormir não que o que a gente faz é ficar abraçando as coisinhas da gente
Não me sentia mais guiado
Daí de dia a gente fica nas Bibliotecas dormindo em cima de Machado
Muita gente diz que dá sono mesmo os peles-vermelhas
Lhes tomaram por alvo
Ah, quando eu vim pra cá eu tinha emprego sim
Pregando-os nus aos postes coloridos.
Eu era auxiliar de serviços gerais numa escola. Eu dormia lá.
Eu era inconsciente de todas as cargas levando
Ai a diretora me chamou disse: “temos de cortar custossss”.
“Custossssss!” Era eu!
O trigo flamengo ou o algodão inglês
Quando meus guias acabaram seu tumulto
Os rios me deixaram ir aonde eu queria
Que fosse gente, eu pensei, descobri que era
No burburinho furioso das marés
Nada
Aí comecei a viver nas ruas, eu e minha mochila. Eu corria!
Eu, o outro inverno, mais surdo que os cérebros de crianças,
Ah, de noite vem aquelas vans, e dão massa em copinho de caixa de leite.
E as penínsulas sem amarras outro inverno
Ou é massa ou é sopa! Argh! Será que aquilo é limpo?
Não tiveram clamores um dia
Eu levei a mão - e uma dona disse
Você? Mas você tem olho azul!
Aí eu: olho azul não enche barriga dona
Verde de fome gente rica é burra?
É um vão de verde onde canta o riacho
Como a gente toma banho?
Perdido, um buraco onde os raios caem
Ah, tem uma fábrica que domingo fica só com o segurança
Como sorri no sono um menino
Ele deixa a gente encher três baldes de água e a gente toma banho de calção na calçada
Dorme na relva a mão no peito
De calçããããão! Que nem no Big Brother
No lado direito
Sexo? É difícil... é mais companheirismo, a gente se dá a mão, essas coisas.
Dois furos no peito.


Afonso Jr. Lima/ Rambô

quinta-feira, outubro 28, 2010

Comprei, adoro!


Nova York e Leipizig são exploradas em romance juvenil

Rosana Rios e Regina Drummond autografam lançamento no dia 28

Aqueles que adoram conhecer outras cidades, ouvir novos sons e apreciar belas artes têm encontro marcado no lançamento de dois títulos que acabam de chegar às livrarias pela Editora FTD. Marcelo descobre a Alemanha, de Regina Drummond e Uma canção em Nova York, de Rosana Rios estreiam a coleção Intercâmbio que remete a uma verdadeira troca de culturas e novas experiências.

No dia 28 de outubro, as autoras que já tem diversos livros publicados, autografam seus lançamentos na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista. A proposta da coleção é trazer para o leitor a grande diversidade que as experiências de intercâmbio proporcionam.

Em Marcelo descobre a Alemanha, Regina Drummond revela através do olhar do protagonista que viaja ao país para ficar durante um ano, aspectos históricos e culturais da Alemanha, em especial da cidade de Leipizig. O Muro de Berlim, a Segunda Guerra Mundial, a Baviera, a vida e a obra de Goethe formam cenários deste livro.

Os sons das ruas de Nova York são o pano de fundo de Uma canção em Nova York de Rosana Rios. Marcada pelo suspense – característico da obra da autora –, a narração traz a multiplicidade da vida numa das maiores cidades do mundo, habitada por personagens vindos de diferentes partes do planeta.

O lançamento acontece às 18h30 da próxima quinta-feira, dia 28 na Livraria Martins Fontes da Avenida Paulista, nº 509.

Lenine e sua banda arrasam!

sábado, outubro 23, 2010

Corra como um Coelho: no in-joke.



O título pode ser perigoso: seria uma brincadeira de meninos ricos sobre Alice, pop inside joke, vamos ser loucos, vamos ser velhos?

A coisa mais difícil, hoje, é ser surpreendido. Arte é ousadia, mas como ousar se vivemos uma tirania das normas: sexo, beleza, O Sucesso? Idéias, marcas, política global. Para sermos aceitos temos de ser corretos: gestos, livros, excesso.

Somos a sociedade exausta de novidades, e carente, enquanto a outra parte está suja e têm o estômago em coro. Já vi tanta coisa que é chata, não tem rebeldia, é só rebelde de novo. Não: cenário vintage, figurino lindo, Broadway, italianos burlescos, no momento da Itália suvenir.

O gesto, que estabelece, divide, sonha, nasce de uma postura, de um tema fundamental, jogo de atores ancestrais e externos, um interesse ético-(sim)político. Um nada-sei, que desperta o desejar, que alimenta de imagens o fio que sustenta tudo invisível.

Então, como os dadaístas eram birutas, parece fácil ser artista. Acabaram os critérios.

Contestação segundo o manual, inovação para inovar, atualidade européia, a favela de Pixinguinha, favela enlatada.

Viciados em adrenalina, vítimas, gozadores profissionais. Tudo o que poderia causar choque foi ocultado: pobre rico, pensar junto, pessoas gordas, distribuição, vida cotidiana. O contexto. Por isso somos chatos, não estamos em lugar nenhum, tudo é igual a tudo. A exploração foi excluída, nosso discurso morre. Bairros, países, massas inteiras sumiram do mundo.

Se meu filho atrapalha meu trabalho, perco o filho: existo quando me respondem. O processo é mais ou menos esse, como na família onde um filho morto cria uma sombra: se é selva, cada um por si, se temos de fazer parte à força da minoria dos privilegiados, se não podemos ver o todo, prever, participar e ter esperança, essa sombra gera angústia que nos aprisiona no mesmo, na incomunicação, no julgamento, o que mata a renovação. A vingança do morto.

E o coelho? Nonsense sem perder a cabeça. Porque Lewis Carroll (calma, ele não aparece!) só existe se tudo for lógico.

Sim, a sociedade do entretenimento da informação, zorra total (o mal é ser exclusivo), onde New York é mais próxima que M´boi, estereótipos, onde a clínica psicanalítica fala de sombras, espectros, todos são de outro planeta, sem chão, sem “raiz e fibra”, um Orlando rolando por aí.

Fernanda Camargo e sua trupe de inova-tores (Tomás Decina, Pedro Cameron e Carolina Bianchi, um gênio da comédia-dark), consegue rir de si mesma, falar da vida de plástico, colocar a arma na boca da personagem, levantar a plaquinha de aplauso, pensar.

Não é fácil.

Afonso Jr.

quinta-feira, outubro 21, 2010

Arrasou, bee...


Mika- Rain

Eu percebi que minha rua nunca teve "moradores", de repente...

Pode? - do Conversa Afiada...


Governo Kassab tenta expulsar mendigos jogando água fria nos colchões



“Brasília Confidencial” via Azenha:


Na contramão das políticas de inclusão lançadas pelo presidente Lula em todo o país, em São Paulo os governos de José Serra (PSDB) e de Gilberto Kassab (DEM) se tornam, a cada dia, mais excludentes.


Além de frequentes cortes de gastos com programas sociais, particularmente na capital paulista a Prefeitura tornou rotineiro um tratamento cruel aos miseráveis, inclusive com o uso de jatos de água fria sobre colchões e papelões que homens, mulheres e crianças juntam para para vender e usam para dormir.


Um levantamento de Brasília Confidencial mostra que até marcas da propaganda nacional do Governo Serra, como os programas Renda Cidadã e Ação Jovem, foram reduzidos em todo o estado.


Na contramão das políticas de inclusão lançadas pelo presidente Lula em todo o país, em São Paulo os governos de José Serra (PSDB) e de Gilberto Kassab (DEM) se tornam, a cada dia, mais excludentes.


Além de frequentes cortes de gastos com programas sociais, particularmente na capital paulista a Prefeitura tornou rotineiro um tratamento cruel aos miseráveis, inclusive com o uso de jatos de água fria sobre colchões e papelões que homens, mulheres e crianças juntam para para vender e usam para dormir.


Um levantamento de Brasília Confidencial mostra que até marcas da propaganda nacional do Governo Serra, como os programas Renda Cidadã e Ação Jovem, foram reduzidos em todo o estado.


O Movimento Nacional da População de Rua estima que o número de moradores nas ruas da cidade de São Paulo aumentou de 12.000, em 2005, para 20.000, em 2010. Quase dobrou, portanto, em cinco anos. Ao mesmo tempo, o número de vagas nos albergues diminuiu.


De 2008 para cá o Governo Kassab desativou dois albergues que tinham 700 vagas mas chegavam a reunir mil moradores de rua. Outras 485 vagas serão canceladas neste ano. Nos três anos anteriores, incluído o governo municipal de José Serra, 350 vagas foram eliminadas.


EXPULSÃO

Os mendigos superlotam os viadutos do Centro da capital, de onde Serra tentou primeiro e o Governo Kassab tenta agora expulsá-los à força de jatos de água jogados pelos caminhões da Prefeitura nos colchões e nas caixas de papelão que recolhem para vender e onde dormem.


A intenção de Kassab é afastar os mendigos para a periferia, longe das vistas dos eleitores das classes média e alta. Nos últimos dias, no entanto, os mendigos têm se espalhado por áreas nobres da capital irritando os moradores desses tradicionais redutos de votos tucanos.


A Prefeitura de São Paulo informa que ainda pretende encerrar, neste ano, os serviços de mais dois albergues, com quase 500 vagas, porque estariam em condições inadequadas. E garante que procura outros imóveis para instalar albergues.


Não há, no entanto, nenhuma previsão de instalações nem previsões orçamentárias para os sem teto paulistanos. O que o Governo Kassab tem feito, além de aplicar o método cruel de afastar os mendigos, é instalar algumas tendas com banheiros químicos que não funcionam à noite.



http://www.conversaafiada.com.br/antigo/?p=27340

quarta-feira, outubro 20, 2010

A francesa Yelle: