*
a última vez em que amou
o beijo no único
em morte pura máquina na rua
o espelho e amor de sofia
desde outra vida o fundador
canibal verso inaugural
do império vem rainha
nunca se cala pisa devagar
eu te chamo dona da canção
a montanha que se sobe
em rendas de lua e pura altura
a solidão da sombra cecília
senhor do tempo heroi
tratado de demolição
roubando rosas rasgando a pátria
não segundo a prosa oficial
a duplicação da língua
minha ilha solta e a verdade
gata no teto carne fúria
espuma na boca e faca
da lama sereia a voz
olhar fúnebre de vertigens
o morcego observa a cama
pantera em mão sombria
careta limpo não viu
o profeta vermelha boca
ia chuva desesperada
os pés de menino
fantasmas amigos
a casa vazia risos
procissão das raças
no latim o quanta e o alho
flor de marfim e mel
pequeno deus esse medo
esses rostos nosso livro língua
a metafísica da primavera
passos na calçada desarmar
a criatura sal e ânsia
o destino de uma brotação
dentro da casca aquele som
areia violão você entardece
o caminho das águas a noite
uma só vista
ilumina desde dentro
na minha língua
tudo se compartilha
*
Afonso Lima
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