Uma vida tão corrida
malandra, com tanta lambida
tanta esperança achada e
tanta certeza perdida
Uma vida meio construída
na tempestade
achar poesia ou coisa assim
nas ossadas
que caem sobre nossas cabeças
e na beleza fria agora
e não perder o passo
pulando num pé só
dar nosso fruto de querubim sem asa
e subir à tona na madrugada
escura
O menino precisa da raiz
Para sujar a cara e ver longe
Eu cresci e desenho na areia
Não um mapa, mas caminhos
Foi errando, caindo, em frente
Nós queimamos para um dia
Solidão, e a mão amiga
dos poetas mortos
Quem precisa é a vida
Seguir a ginga e polir a estima
Sem rumo, querendo verdade
Quando um dia ameaça e outro elogia
Agarrar-se no vazio e erguer
um pouco de valentia
para o mundo
Uma aventura, esforço brincado
A meta de não morrer
Rever, olhar sem rancor
Quantas coisas nessa vitória suja
Porque não sei de outro mundo
que não meus olhos que abraçam
Sem nunca fazer o que deve, do jeito
certo, sem nunca se adaptar
E surpreso com o sopro invisível
É preciso retornar à cidade
Subir ao céu, descer ao nada
Não levar nada porque não é essencial
E entre gregos, troianos, no terremoto
acreditar
Ver o universo como objeto
quebrado e incriado
querendo colo
E uma dúvida certa e constante
que guia
Estrada.
O trabalho Corrida de Afonso Jr. Lima foi licenciado com uma Licença Creative Commons - Atribuição-NãoComercial-SemDerivados 3.0 Não Adaptada.
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