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segunda-feira, abril 22, 2013

O copista

A erudição faz parte da diversão
o estado perfeito do barro
Do vasto mar passado, com suas redes
crianças colhem imagens de outro real
O que importa é o chão e tudo que o rodeia
O chão, feito de memória
Agora, quando o cérebro é a pessoa
e o átomo é a arte
O Resultado é adorado no Templo
e respondeu as perguntas ancestrais
Agora, quando os números perderam sua carne
No mundo desigual, escravizou-se o belo
que empurra o condenado para que morra na forca
Ouve-se tambores e a violência da verdade
Cada visão cria no espaço seu Cânone
e, com frases mágicas, monstros novos
Acumular é típico dos mortos
O hieróglifo é comunicação
No sangue do erudito vive o trovador
Pic-nic de filosofias olhando o pequeno no berço
A utilidade do Gênio desmorona no calor do dia
quando canta o pássaro e sabemos a unidade
Eu quero os opostos e o labirinto lógico
As ciências secretas da vida 
A delícia do não eu
O saber das plantas, o raciocínio da raiz
Para quem Hegel é uma aventura da eterna noite
O saber não me medalha e monumenta
me atenta, me esgrima, me abre as portas 
do Clube Científico Irrequieto
Angustia o homem das engrenagens, lembra dos feridos
Abre os olhos do herói para sua arma impiedosa
O tirano sempre acusa a vítima
A carne é triste sim, dizem, e eu li os livros todos
O medo leva a razão pela coleira,  a reproduz em argila 
Uma parte é a letra e outra a paixão
Uma parte é um eu, outra o círculo
O dionisíaco é uma estrutura precisa 
Não podemos navegar em reta no oceano de mil quartos
Meus mestres, modelos e manuscritos foram queimados por seu fogo
O saber não é poder, um tumulto herdado e um olhar amigo
Não é servo do vazio, mas do incomensurável


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