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quinta-feira, setembro 01, 2016

Libertinagens

Estou farto do moralismo militante
Do rapaz informado bem comportado
Do ódio ao funcionário público e medo de não ter comprado o suficiente

Medo daquilo que prega a eterna chama
O eterno certo e por justiça se derrama
Estou farto do artista que vive levitando do chão

Do meio termo injusto
Do babaca emburrado porque não pode ter o carro do ano

Abaixo os que ostentam porque acham que são melhores
Só é que você ficou tranquilo e teu pai pagou uma pós
Todas as palavras sobretudo, as que demarcam mecanicamente a diferença:
estudo, lugar, línguas, coisas

Todas as construções sobretudo as sintaxes de exceção
Todos os ritmos sobretudo o desprezo ao homem comum

Estou farto de quem acha que a desigualdade é inevitável
E pensa que combater o crime é pensar que o pobre é mau
A libertinagem de ser justiceiro sem justiça

Não quero mais saber da libertação que não é lirismo.

Afonso Lima

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